Terça-Feira, 17 de Junho de 2025
Brasil
19/06/2014 07:27:48
Servidora cobrou R$ 150 mil para liberar R$ 2,6 milhões a hospital
Presa em flagrante por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Roberlaine Patrícia Alves, 28 anos, servidora do Ministério da Saúde, cobrou R$ 150 mil em troca da liberação de R$ 2,6 milhões em emendas parlamentares

CGNews/PCS

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Foto: Cleber Gellio
Presa em flagrante por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Roberlaine Patrícia Alves, 28 anos, servidora do Ministério da Saúde, cobrou R$ 150 mil em troca da liberação de R$ 2,6 milhões em emendas parlamentares. Com o recurso, o Hospital do Câncer Alfredo Abraão iria comprar equipamentos de radioterapia. A chantagem começou no dia 15 de maio, em encontro com o diretor-presidente do hospital, Carlos Coimbra, em Brasília. Primeiro, a servidora exigiu R$ 50 mil para agilizar a liberação de R$ 1 milhão para a compra de dois equipamentos. Depois, cobrou mais R$ 100 mil em troca de emenda de R$ 1,6 milhões para a instituição adquirir acelerador linear. Ele afirmou já ter encontrado com a servidora "em uma ou duas ocasiões" anteriores, sempre à trabalho, mas a chantagem aconteceu na última reunião. Indignado com a cobrança de propina, assim que voltou a Campo Grande, Coimbra procurou a promotora de Justiça, Paula Volpe, para denunciar o caso. Ela o aconselhou a acionar a PF (Polícia Federal), que detonou a investigação. Com a autorização do juiz federal Odilon de Oliveira, Coimbra depositou R$ 50 mil em uma conta bancária informada pela servidora. O procedimento permitiu a PF rastrear a conta, de titularidade do pai do ex-namorado da funcionária do Ministério. Ainda sob orientação da polícia, o presidente do hospital marcou um reunião com a servidora em Campo Grande para lhe entregar o restante da propina. Em uma sala monitorada por agentes da PF, com câmaras e escutas, Coimbra entregou R$ 100 mil, em sete folhas de cheque, quatro de R$ 10 mil e três, de R$ 20 mil. Diante do flagrante, agentes da PF a prenderam por corrupção e lavagem de dinheiro. A servidora atuava há três anos como consultora técnica do Ministério da Saúde. Ela não é concursada, só contratada. À delegada da PF, Kelly Bernardo Trindade, a mulher informou agir sozinha. “As investigações vão continuar, vamos averiguar se há envolvimento de outros servidores, e se outros dirigentes de hospitais foram coagidos”, disse a policial. Segundo o superintendente da PF, Edgar Marcon, “o inquérito deve ser concluído em 15 dias e encaminhado ao MPF (Ministério Público Federal)”. “O juiz pode arbitrar fiança”, comentou. A servidora segue presa na sede da Polícia Federal de Campo Grande e, por enquanto, não há previsão de transferência.nbsp;

Sobre os equipamentos, Coimbra assegurou que os recursos para aquisição foram incluídos no orçamento de 2013 e, por isso, devem ser entregues ao hospital ainda neste ano, assim como o acelerador linear, o sexto aparelho entre pelo Ministério da Saúde. "Mesmo porque o hospital cumpre todas as exigências técnicas", afirmou.
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