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Brasil
28/11/2017 12:37:00
Sob provocações de Marun, Joesley Batista permanece em silêncio na CPMI da JBS

UOL/PCS

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O empresário do grupo Jamp;amp;F Joesley Batista preferiu ficar em silêncio nesta terça-feira (28), na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da JBS (empresa controlada pela holding Jamp;amp;F) no Senado. Ele está preso desde 10 de setembro em São Paulo, quando se entregou à Polícia Federal junto com ex-diretor de Relações Institucionais da empresa, Ricardo Saud.

Ambos são suspeitos de omitir informações em depoimentos concedidos após um acordo de delação premiada. As informações prestadas por eles e por outros executivos ao Ministério Público Federal sustentaram as denúncias apresentadas contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Na CPMI, o empresário nem chegou a fazer um pequeno discurso, como fez Ricardo Saud, e limitou-se a dizer "bom dia. Me mantenho em silêncio". Ele ficou a maior parte do tempo de braços cruzados e atento às falas dos parlamentares. Algumas vezes, conversava ao ouvido do advogado, Ticiano Figueiredo, que também já defendeu o deputado cassado Eduardo Cunha.

De terno preto sem gravata, Joesley chegou antes das 9h ao Senado, mas a reunião da CPMI só começou por volta das 9h40, com a chegada do presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que leu um resumo de todo o histórico do processo e da CPMI.

O relator-geral da comissão, ex-suposto novo ministro da Secretaria de Governo e ferrenho defensor de Temer, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), elogiou a leitura de Ataídes e disse que o relatório preliminar rebate críticas de que a comissão ainda não alcançou resultados.

Antes mesmo de questionar Joesley, Marun provocou o empresário por diversas vezes. Em um momento, o deputado afirmou que houve "tentativa de conspiração" contra Temer de Joesley e "sua trupe" e criticou o suposto uso de informações privilegiadas por parte da JBS para não perder valor no mercado com a compra de dólares, por exemplo.

"Mesmo para quem é muito rico, um bilhãozinho [de reais] a mais não é ruim [...] Vou dizer uma coisa que disse ao seu irmão [Wesley Batista, também preso]: acho que o senhor não é tão bandido quanto confessa ser, sinceramente", declarou Marun olhando Joesley nos olhos.

"O senhor chegou a um momento em que, o senhor que era um mafiosinho de terceira categoria, resolveu achar que era o Al Capone", disse.

Al Capone foi um dos maiores e mais famosos mafiosos da história dos Estados Unidos. Ele atuava em Chicago e ganhou notoriedade por construir uma violenta e poderosa rede de gangsters por meio do contrabando de bebidas e da prática de outras atividades ilegais no período da Lei Seca americana nas décadas de 1920 e 1930. Al Capone chegou a ser condenado e preso, mas teve a pena revisada por questões de saúde e morreu em casa, na Flórida, aproximadamente 10 anos depois, em 1947.

As tentativas de perguntas para Joesley só começaram às 11h10.

Algumas perguntas de parlamentares a Joesley foram se ele se arrependeu da delação premiada e quais as relações entre o ex-procurador Marcelo Miller, responsável pelo acordo de delação da JBS e que deixou a PGR para trabalhar no escritório que defendia a empresa, e a advogada Fernanda Tórtima.

Ela também atuou no acordo e, segundo o diretor jurídico da Jamp;amp;F, Francisco de Assis e Silva, teria indicado Miller para defender o grupo na operação Bullish. A investigação apurou supostas irregularidades em financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à JBS. A todos os questionamentos, Joesley respondeu "me mantenho em silêncio".

Marun ainda disse que o empresário teria "relações estreitas" com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte. Ele falou também que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, saberia de irregularidades na negociação do acordo de delação da JBS ou então teria contado com pessoas próximas cientes dos erros, como seu ex-chefe de gabinete, Eduardo Pelella.

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