O youtuber Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, afirmou que o caso que mais o chocou enquanto produzia o vídeo viral sobre “adultização” de menores de idade nas redes sociais foi o de uma mãe que usava a própria filha para vender conteúdo adulto na internet.

Em entrevista ao programa Conversa com Bial, da Globo, nesta terça-feira, 26, Felca, que hoje tem 50 milhões de visualizações em seu vídeo, relatou que as pesquisas para fazer o conteúdo começaram há cerca de um ano. "Eu não conseguia trabalhar por mais de 30 minutos seguidos", revelou. Ele denunciou, entre outros casos de abuso, o influenciador paraibano Hytalo Santos, que foi preso por exploração e exposição de menores de idade nas redes sociais.

Questionado por Pedro Bial, Felca disse que o que mais o impressionou, no entanto, não foi a história de Hytalo, mas de uma mãe que usava a filha para atrair pessoas que pagassem pelo conteúdo sexualizado da menina.

“O que desencadeou uma aversão extrema foi o caso que coloquei no vídeo, de uma mãe que produzia conteúdo sobre a própria filha. Ela criou um VIP, plataforma de conteúdo adulto da filha menor de idade. Essa mãe monetizava em cima da filha, a filha menor de idade fazendo dancinha, ela filmava ela tomando banho, ela sendo sexualizada, era a família por trás da sexualização da filha para vender esse conteúdo e ganhar dinheiro”, opinou.

Sobre a prisão de Hytalo, Felca afirmou que recebeu a notícia "de forma neutra". "É a Justiça fazendo o trabalho dela", declarou, enfatizando que o maior impacto do vídeo está no debate que provocou. "Famílias assistiram juntas, vítimas buscaram ajuda. Isso, para mim, é o que importa".

O youtuber também contou que a própria infância o impulsionou a criar o vídeo. Segundo ele, “se ninguém dá voz a essa criança, ela cresce desamparada, sem perspectiva”.

Felca revelou que ainda sofre ameaças após a popularização de seu vídeo, e que precisou investir em seguranças e carro blindado. Na segunda-feira, 25, um acusado de fazer ameaças pela internet contra o youtuber foi preso em Olinda, Pernambuco.

A educadora e ativista Sheylli Caleffi também foi convidada para o programa, e falou sobre a exposição dos filhos na internet. Ela deu dicas para os pais que gostariam de publicar fotos dos filhos.

“Primeiro a criança tem direito à privacidade, à intimidade e que o Instagram não é um álbum de fotos, é um local de comércio, tudo ali está para vender. Eu nunca publicaria uma foto de uma criança sozinha, porque é muito mais difícil deles usarem fotos que aparecem os pais”, aconselhou.