Quarta-Feira, 6 de Agosto de 2025
Economia
02/08/2025 12:02:00
Donald Trump: 'Presidente Lula pode falar comigo quando quiser'

BBC/PCS

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Foto: Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (01/08) estar disponível para falar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Ele pode falar comigo quando quiser", disse Trump à jornalista Raquel Krähenbühl, da TV Globo, que perguntou ao americano se ele está aberto a negociar com o Brasil e a ter uma conversa com Lula.

Desde que Trump assumiu a Casa Branca em janeiro, ele e o presidente brasileiro nunca se encontraram ou falaram por telefone.

A nova declaração de Trump ocorre em meio a uma crise entre os dois países sobre tarifas comerciais e sanções dos EUA ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Perguntado por Krähenbühl sobre o que está sendo discutido em relação ao Brasil, o americano respondeu: "Vamos ver o que acontece, mas eu amo o povo brasileiro."

A jornalista, então, perguntou qual seria a motivação para as tarifas de 50%.

"As pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada", respondeu Trump.

Após as falas do americano, a conta do presidente Lula na rede social X afirmou que o governo brasileiro sempre esteve aberto ao diálogo e que está focado em proteger o país das tarifas.

"Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano", diz a postagem de Lula.

Na noite de sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou o aceno de Trump como "ótimo".

"Eu acho ótimo, né? E a recíproca eu tenho certeza que é verdadeira, também, né. O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quisesse também. E, conforme eu já disse anteriormente, é muito importante a gente preparar esse encontro, preparar essa conversa", afirmou Haddad a jornalistas, em Brasília.

O ministro acrescentou que sua equipe está buscando uma reunião semana que vem com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que deve acontecer — mas ainda não tem data exata.

Segundo Haddad, seu encontro com Bessent pode preparar o terreno para um eventual contato entre Lula e Trump.

Críticos a Lula têm cobrado que o presidente se esforce por uma aproximação de Trump e demonstre isso, por exemplo, com uma ligação para o presidente dos Estados Unidos.

Entretanto, uma fonte disse à BBC News Brasil que há temor no governo de que uma ligação do tipo possa expor o presidente brasileiro a algum constrangimento como os que ocorreram em encontros de outros chefes de Estado com Trump, como o presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Na quarta-feira (30/07), Trump formalizou as tarifas de 50% contra o Brasil, embora quase 700 produtos tenham sido isentos da taxa. A entrada em vigor da medida foi postergada, para 6 de agosto.

No mesmo dia, o governo americano submeteu o ministro Alexandre de Moraes à Lei Global Magnitsky, que pune estrangeiros com o bloqueio de bens e contas no país, além da proibição de entrada em território americano.

Tanto as tarifas quanto as sanções são baseadas no argumento de que o Judiciário brasileiro estaria fazendo uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado em ação no STF, da qual Alexandre de Moraes é o relator.

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