CE/PCS
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Após a denúncia feita pelo Correio do Estado, que revelou que postos de combustíveis estavam retendo a queda no preço da gasolina e “embolsando” a diferença, o valor médio nas bombas começou a cair. Embora o repasse ainda esteja aquém dos R$ 0,12 esperados, a redução já é visível em diferentes estabelecimentos de Mato Grosso do Sul.
De acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), após se manter estável a R$ 6,05 nas últimas três semanas, o preço médio caiu para R$ 6,00, menos de 1% ou quase metade do esperado.
A Petrobras anunciou o recuo de 5,6% ou R$ 0,17 no litro do combustível fóssil em suas refinarias a partir do dia 3 de junho. Considerando a margem das distribuidoras e o frete, a expectativa era de uma redução de R$ 0,12 ao consumidor final.
Publicação do Correio do Estado do dia 9 de junho de 2025 mostrou que, mesmo com a redução feita pela estatal, os postos de Mato Grosso do Sul não estavam repassando integralmente o desconto aos consumidores finais. Na ocasião, o levantamento apontou que os empresários do setor estavam mantendo o preço da gasolina em patamares elevados, o que poderia gerar um lucro de R$ 220 mil por dia.
A média foi calculada com base no volume do combustível fóssil comercializado mensalmente no Estado. Ao dividir 55 milhões de litros mensais por 30 dias, a média é de 1,83 milhão de litros diários comercializados. Considerando esse volume e os R$ 0,12 de queda que deveriam ser repassados ao consumidor final, são R$ 220 mil por dia.
INDICAÇÃO
A reportagem teve ampla repercussão e, três dias depois da publicação, o deputado estadual José Orcírio Miranda, o Zeca do PT, apresentou uma indicação formal à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), solicitando a apuração do caso por órgãos de fiscalização, como a Superintendência de Defesa do Consumidor (Procon-MS), a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon) e a ANP.
Na justificativa da indicação, o parlamentar citou diretamente a reportagem. O deputado protocolou a indicação na quarta-feira (11), cobrando investigações, em caráter de urgência e citando que a situação representa um grave prejuízo financeiro à população e que pode configurar prática abusiva por parte dos revendedores.
“É de extrema urgência que as autoridades competentes pela defesa dos direitos dos consumidores realizem as apurações necessárias, visando reprimir de maneira ágil e efetiva os abusos que vêm sendo cometidos contra os consumidores, que acabam por não usufruir das quedas nos preços dos combustíveis, enquanto deveriam ser os maiores beneficiados”, justificou Zeca.
CAPITAL
Ainda conforme a pesquisa da ANP, em Campo Grande, o preço médio da gasolina recuou R$ 0,04 na última semana, passando de R$ 5,84 para R$ 5,80.
Apesar das alterações nos preços, tanto Campo Grande quanto Mato Grosso do Sul se mantiveram como capital e estado com o terceiro menor preço da gasolina no País. Teresina tem o menor preço, a R$ 5,73.
A pesquisa ainda revela que o preço médio da gasolina nos postos brasileiros caiu R$ 0,05 desde o anúncio da queda nas refinarias, chegando a R$ 6,22 por litro.
A demora no repasse dos cortes de preços nas refinarias é alvo de críticas tanto do governo quanto da Petrobras. A presidente da estatal, Magda Chambriard, chegou a pedir que consumidores pressionem os donos de postos a baixarem os preços.