Levantamento divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Instituto de Pesquisa\n Econômica Aplicada (Ipea) apontou que 18,6% dos trabalhadores em regiões\n metropolitanas brasileiras gastam mais de uma hora por dia no deslocamento só\n de ida de casa para o trabalho. O mesmo levantamento também informou que, pela\n primeira vez, mais de 50% dos domicílios do país têm carro ou motocicleta\n disponíveis para o deslocamento dos moradores.\n \n O estudo do Ipea foi feito com base em dados da Pesquisa Nacional por\n Domicílio (Pnad) de 2012 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e\n Estatística (IBGE).\n \n Em 1992, esse índice era de 14,6%. Segundo o Ipea, o aumento se deve ao\n crescimento na quantidade de veículos no país, à piora do trânsito, à\n degradação do transporte público e à falta de mais e melhores obras de\n mobilidade urbana.\n \n Das grandes cidades, aquelas em que os moradores mais levam tempo no\n deslocamento para o trabalho são Rio de Janeiro e São Paulo, com tempo médio de\n 47 e 45,6 minutos, respectivamente.\n \n Porto Alegre é a cidade em que se menos gasta tempo no percurso\n casa-trabalho. Em média, são 30 minutos. Para o pesquisador responsável pelo\n levantamento, Carlos Henrique de Carvalho, isso se deve a uma melhor\n distribuição da economia como um todo no espaço geográfico e aos corredores de\n transporte público e privado.\n \n Belém é a cidade em que o tempo de deslocamento teve o maior aumento\n percentual. Se em 1992 o tempo médio de deslocamento na capital paraense era de\n 24,3 minutos, em 2012 foi de 32,8, o que representa uma variação de 35,4%.\n \n Nos grandes centros urbanos do Norte e Nordeste também houve aumento\n significativo nos tempos de deslocamento desde 1992. Belém, Salvador e Recife,\n por exemplo, tiveram a média aumentada em 35%, 27,1% e 17,8% respectivamente..\n \n Se levada em conta a totalidade da população brasileira urbana, 65,9% das\n pessoas gastam menos de meia hora no trajeto de casa para o trabalho e 10,2%\n levam mais de uma hora.\n \n Na área rural, os deslocamentos de até 30 minutos também são maioria e em\n maior proporção (76,2%), devido ao trânsito menos intenso e às menores\n distâncias percorridas, diz a análise do Ipea.\n \n Proporcionalmente, nos últimos 20 anos, o tempo de viagem em áreas\n metropolitanas cresceu três vezes mais do que em regiões não metropolitanas.\n \n Deslocamento por renda
\n Em todas as faixas de renda, a maior parte das pessoas leva menos de meia hora\n até o destino final, segundo o Ipea.\n \n Nas áreas metropolitanas, a parcela da população que ganha até um quarto do\n salário mínimo e leva menos de meia hora no deslocamento (57,9%) está numa\n proporção próxima de quem recebe mais de cinco mínimos (56,%) na mesma situação\n de tempo.\n \n Para o pesquisador Carlos Henrique de Carvalho, os mais pobres são forçados\n a buscar trabalho próximo de onde vivem devido ao custo do transporte - isso\n explicaria o tempo de deslocamento menor. Já os mais ricos, que têm veículos\n próprios, não dependem tanto do transporte público, segundo o pesquisador, e\n assim conseguem realizar uma viagem mais rápida.\n \n Enquanto 49,4% dos moradores de domicílios que têm veículo próprio levam até\n 30 minutos para se deslocar de casa ao trabalho, 57,7% dos que não dispõem de\n transporte particular demoram mais de uma hora para chegar ao destino final,\n informou o instituto.