Domingo, 5 de Maio de 2024
Educação
17/07/2023 16:27:00
Mato Grosso do Sul cria plano estadual para preservar línguas originárias

CGNews/LD

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Mato Grosso do Sul criou um Plano Estadual para preservar a língua e cultura originária. O projeto atende os pedidos da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), por meio do International Decade of Indigenous Languages (Década Internacional das Línguas). Entre as ações estão o Alfabetiza MS Indígena, formação de intérpretes para língua terena e encontro da comunidade indígena surda.

Ao todo, são 80 mil indígenas de oito etnias, sendo guarani, kaiowá, terena, kadwéu, kinikinawa, atikum, ofaié e guató. O Estado tem a segunda maior comunidade indígena do Brasil. De acordo com a professora, pós-doutora em Linguística e técnica da SED (Secretaria de Estado de Educação), Denise Silva, há diversas linhas de pesquisa e tentativas de manutenção das línguas.

“A gente está trabalhando em três frentes bem distintas. A primeira é para as três línguas vias de extinção, com ação específica, que são kinikinau, ofaié e guató. A outra é com a Língua Terena de Sinais, que é a única língua indígena de sinais reconhecida no Brasil. E o Alfabetiza MS, que envolve as quatro línguas mais faladas, terena, kadiwéu, guarani e kaiowá”.

A SED informou que, nesta terça-feira (18), o município de Miranda, localizado a 208 quilômetros de Campo Grande, vai realizar o primeiro encontro de indígenas surdos da etnia terena. Denise, que também é representante da Unesco no Estado, explicou que a língua também é mantida viva pelos anciãos, indígenas mais velhos que ouviam e falavam em suas comunidades.

“É um encontro da comunidade terena surda com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem expertise na área e temos parceria. Também vamos lançar uma história em quadrinhos em língua terena de sinais e o curso de formação de tradutores interpretes”.

O curso de formação de tradutores intérpretes para a língua terena de sinais envolve os municípios de Miranda, Dois Irmãos do Buriti, Anastácio, Aquidauana e Sidrolândia, que vivem indígenas surdos da etnia terena.

“Existe uma língua terena de sinais que é diferente da Libras (Língua Brasileira de Sinais), são línguas distintas. Desde o ano passado, dentro do Plano Estadual para as Línguas Indígenas, fizemos uma parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Aquidauana e Campo Grande”, explicou Denise.

No município de Miranda, as línguas terena, kinikinau e a língua terena de sinais são cooficializadas. Conforme a professora, dos 12 municípios com línguas indígenas cooficializadas, dois são no Estado, Miranda e Tacuru.

Alfabetiza MS - Em maio deste ano, o Estado anunciou que vai produzir materiais didáticos para alfabetização e letramento de crianças indígenas nas línguas Guarani, Kaiowá, Kadiwéu e Terena. As línguas são as mais faladas em Mato Grosso do Sul.

“Estas línguas estão ameaçadas de extinção, mas com um nível de vitalidade melhor do que as outras três que estão diante dos últimos falantes. Então, o trabalho é de formação de professores, fortalecimento linguístico. Em relação às outras línguas, o trabalho é emergencial de revitalização”, esclareceu Denise.

A previsão é de que, a partir do ano letivo de 2024, o material para alfabetização estará disponível nas respectivas línguas maternas – mencionadas – para as crianças do 1° e 2° ano do ensino fundamental, que estudam em unidades escolares indígenas (inclusive em aldeias urbanas).

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