O consumo de etanol cresceu 17,5% em Mato Grosso do Sul em 2023 frente a 2022, passando de 354,998 milhões de litros para 417,220 milhões de litros, considerando as vendas do hidratado (vendido diretamente nas bombas dos postos) e o anidro (misturado na proporção de 27% a gasolina).

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022 foram comercializados no estado 147,229 milhões de litros de etanol hidratado e 207,770 milhões de litros de anidro (com a gasolina).

Já em 2023, foram 197,132 milhões de litros de hidratado vendidos nos postos sul-mato-grossenses e 220,088 do anidro.

Somando a comercialização dos dois tipos de etanol e o crescimento das vendas de combustíveis, a participação do biocombustível no segmento de veículos com motores leves no estado passou de 38,72%, em 2022, para 41,21%, em 2023.

O volume de etanol vendido em todo o ano passado em Mato Grosso do Sul representou somente 11,27% do total produzido pelo estado na safra 2023/2024, que chegou a 3,700 bilhões de litros.

O estado, segundo a Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), é o quarto maior produtor brasileiro de etanol. Tem 19 usinas em operação, sendo 17 que utilizam cana-de-açúcar com matéria-prima e 2 o milho.

Como um dos principais players brasileiros do setor, o estado ganhou nesta terça-feira (12) um importante impulso para aumentar a venda do biocombustível internamente. A Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) em parceria com a Biosul lançou a campanha “Movido pelo Agro” Etanol.

Inspirada em iniciativa similar desenvolvida em Minas Gerais pela Federação de Agricultura e Pecuária local (Faemg) e Associação das Indústrias Sucroenergéticas (Siamig), a Famasul passa a abastecer toda a sua frota (12 veículos) unicamente com etanol e vai estimular colaboradores e prestadores de serviços a adotarem a mesma prática.

Para incentivar a adesão, o Sistema Famasul sorteará cinco vouchers de combustível no valor de R$ 150 por mês para os colaboradores participantes.

“Esse é um grande marco para Mato Grosso do Sul. Reforça o nosso compromisso com o meio ambiente e os princípios do ESG no sistema. No estado temos os dois modelos de produção de etanol, com cana, com milho e agora com sorgo. Temos que valorizar isso, destacar o nosso biocombustível. Entendemos que se cada um fizer a sua parte estaremos todos contribuindo para a meta de descarbonizar o estado”, destacou o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.

O presidente do conselho da Biosul, Amaury Pekelman, por sua vez, destacou os benefícios do uso do etanol. Ele lembrou que se trata de um biocombustível, fabricado a partir de matérias-primas como a cana, o milho e o sorgo, sendo, portanto, uma fonte renovável, além de ser produzido no estado, gerando emprego e renda em Mato Grosso do Sul. Outro ponto ressaltado por ele foi a questão da redução em até 90% das emissões dos gases que provocam o efeito estufa em comparação com um combustível fóssil.

“Geramos emprego, benefícios ambientais, contribuímos para a descarbonização e para a melhoria da qualidade do ar no campo e na cidade e ainda tem o benefício econômico, o menor preço do etanol”, pontua.

Pekelman também analisou a competitividade dos veículos que utilizam etanol em relação aos elétricos. “Se você considerar todo o ciclo que envolve o carro, do posto a roda, como dizemos, a competitividade do etanol é muito grande. Por exemplo, o elétrico precisa de energia, que está cara, tem poucos locais para se carregar, esse carregamento demora. Nós, em contrapartida, temos combustível disponível em postos por todo o país. O combustível é renovável. O elétrico é importante, tem seu nicho, mas que acredito que para o Brasil o etanol é a solução para no mínimo os próximos 30 ou 40 anos”.

O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul (Semadesc), Jaime Verruck, destacou que a campanha visa conscientizar sobre a importância do uso do etanol.

“A campanha não se apoia somente na questão econômica, do benefício do etanol custar até 70% do preço da gasolina, como se dizia antes, para ser competitivo. Atualmente a realidade é outra e iniciativa destaca que o combustível verdadeiramente sustentável é o etanol, e que é preciso engajamento para ser sustentável. O estado, que já tem uma matriz energética que é 92% sustentável larga na frente para ser um estado carbono neutro. Várias iniciativas que estão sendo desenvolvidas vão contribuir com isso. Em breve vai começar a construção da primeira planta de etanol de segunda geração. Mas é preciso investir em tecnologia desenvolver novos produtos, como o combustível sustentável para aviação (SAF) e o biometano”, analisou.