Geral
03/12/2013 07:27:55
Novo estudo renova esperança de cura da Aids
Pela primeira vez na luta contra o HIV, pesquisadores conseguiram atingir os reservatórios do vírus no corpo humano, indicando uma esperança de cura para a Aids.
G1/LD
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Pela\n primeira vez na luta contra o HIV, pesquisadores conseguiram atingir os\n reservatórios do vírus no corpo humano, indicando uma esperança de cura para a\n Aids. Apresentado na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte\n (RSNA ), o estudo utilizou radioimunoterapia e conseguiu reduzir a infecção a\n níveis indetectáveis em amostras de sangue de pacientes tratados com\n antirretrovirais.\n \n A terapia\n antirretroviral altamente ativa (HAART, na sigla em inglês), é capaz de\n melhorar a qualidade de vida de infectados pelo HIV e reduzir em 96% a taxa de\n transmissão do vírus, já que suprimi a sua replicação no organismo. No entanto,\n os cientistas já haviam identificado reservatórios de células infectadas de\n forma latente que persistiam no corpo, o que impossibilitava uma cura\n permanente.\n \n - Num\n paciente tratado com HAART, as drogas suprimem a replicação viral, o que\n significa que elas baixam o número de partículas virais na corrente sanguínea.\n Entretanto, o HAART não pode matar as células infectadas pelo HIV - disse\n Ekaterina Dadachova, professora de radiologia, microbiologia e imunologia da\n Escola de Medicina Albert Einstein, em Nova York, e principal autora do estudo.\n - Qualquer estratégia para curar a infecção pelo HIV deve incluir um método\n para eliminar as células infectadas por vírus.\n \n Em seu\n estudo, Ekaterina e uma equipe de pesquisadores administraram radioimunoterapia\n em amostras de sangue de 15 pacientes com HIV tratados com HAART no Centro\n Einstein-Montefiore para Pesquisas da Aids.\n \n Historicamente\n utilizada para combater tumores, a radioimunoterapia usa células de anticorpos\n monoclonais - clonados a partir de um linfócito B -, que são recrutadas pelo\n sistema imunológico para identificar e neutralizar os antígenos, objetos\n estranhos tais como bactérias e vírus que estimulam uma resposta imune no\n organismo.\n \n Concebido\n para reconhecer e se ligar a um antigénio celular específico, o anticorpo\n utilizado na terapia é combinado em laboratório com um isótopo radioativo.\n Quando injetado na corrente sanguínea do paciente, ele viaja para a\n célula-alvo, onde a radiação é então introduzida.\n \n - Na\n radioimunoterapia os anticorpos se ligam às células infectadas e as matam por\n radiação - afirmou Ekaterina. - Quando ela é combinada com o HAART, eles matam\n o vírus e as células infectadas, respectivamente.\n \n Os\n pesquisadores uniram o anticorpo monoclonal (mAb2556), projetado para atacar\n uma proteína expressa na superfície das células infectadas pelo HIV, com o\n radionuclídeo bismuto-213.\n \n - Os testes\n eliminaram pelo menos mais da metade de todas as células infectadas em cada\n amostra. Em muitos casos, eliminaram todas as células - explicou a pesquisadora\n ao GLOBO.\n \n No geral, a\n infecção foi reduzida a níveis indetectáveis, e as células infectadas foram\n destruídas sem prejuízo para as células vizinhas.\n \n Atuação no\n cérebro\n \n Uma parte\n importante do estudo testou a capacidade do anticorpo radiomarcado de atingir\n células infectadas com o HIV no cérebro e no sistema nervoso central (SNC).\n Utilizando um modelo in vitro da barreira hematoencefálica - estrutura membrânica\n que atua principalmente para proteger o SNC -, os investigadores demonstraram\n que o novo anticorpo conseguiu atravessá-la e matar as células infectadas pelo\n HIV, sem qualquer dano para a membrana.\n \n - O\n tratamento antirretroviral penetra apenas parcialmente a barreira\n hematoencefálica, o que significa que, mesmo se um paciente está livre de HIV\n de forma sistêmica, o vírus ainda é capaz de a atingir o cérebro, causando\n transtornos cognitivos e declínio mental - relatou Ekaterina. - O nosso estudo\n mostrou que a radioimunoterapia é capaz de matar as células infectadas por HIV,\n tanto sistemicamente quanto no sistema nervoso central.\n \n Mesmo em\n níveis indetectáveis, a infecção pode voltar nos casos em que as células\n infectadas não foram completamente removidas.\n \n - É por isso\n que planejamos administrar o tratamento ao menos duas vezes nos pacientes no\n futuro - contou Ekaterina.\n \n Ensaios\n clínicos em pacientes com HIV são o próximo passo da pesquisa. Segundo estimativas\n da pesquisadora, os testes devem ser realizados em meados de 2014.
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