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Brasil
22/03/2017 18:05:00
PF admite que não possui laudos sanitários periciais de 19 dos 21 frigoríficos investigados

Paraná Total/PCS

Em ofício publicado pela Polícia Federal (PF) na tarde desta quarta-feira (22) no sistema da Justiça Federal do Paraná, o delegado Roberto Piasoli admite que não existem laudos sanitários periciais de 20 dos 21 frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira (17).

No documento, a PF relata a existência de um lado que comprova que o frigorífico Souza Ramos teria fornecido às escolas estaduais do Paraná, sem licitação com a Secretaria Estadual de Educação (Seed), salsinhas de frango em produtos etiquetados como peru. Um representante da BRF Brasil, empresa que ficou em segundo lugar na licitação para fornecimento do produto para a merenda, fez uma denúncia na Seed contra o frigorífico de Colombo.

Segundo essa denúncia, a Souza Ramos era uma microempresa e não teria condições de comprar e revender as 250 toneladas de salsicha de peru congelada solicitada no contrato. A BRF teria sugerido a análise do produto que encontrou DNA de frango na salsicha.

O outro laudo citado é referente à empresa Peccin Agroindustrial.

No documento, a PF também afirma que o Tecpar, Instituto de Tecnologia do Paraná, realizou três análises nos produtos da Souza Ramoz que foram desconsideradas por conterem falhas.

Esses laudos apresentado pela PF ao juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª vara federal de Curitiba, é parte da denúncia apresentada pelo fiscal agropecuário Daniel Gouveia Teixeira que encabeçou as investigações sobre o esquema de pagamento de propina para fiscais do Ministério da Agricultura no Paraná.

Para as outras empresas investigadas, a PF afirma que não há laudos e que as investigações estão baseadas na interceptação de conversas “com sérias suspeitas de corrupção” entre superintendentes, chefes ou fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Informa-se que ainda não foram realizados outros Laudos pela Polícia Federal com relação às demais empresas envolvidas na investigação, cujos representantes foram interceptados em conversas com sérias suspeitas de corrupção, com Superintendentes, Chefes de Serviço ou Fiscais do MAPA, pela dificuldade de se identificar quais produtos estavam envolvidos em fraude ou onde pudessem ser encontrados, sem que se quebrasse o sigilo necessário à investigação, antes de sua fase ostensiva”, diz o delegado.

Para embasar as investigações, a PF frisa a “relação promíscua” entre os servidores que trabalhavam na fiscalização dos frigoríficos e empresários. Esse relacionamento entre fiscais e representantes das empresas teria gerado uma omissão proposital na fiscalização e não atendimento das normas específicas pelas empresas trazendo, portanto, o risco constante de irregularidades na fabricação dos alimentos. “Aliás, todos esses fortes indícios de corrupção e consequentes riscos na produção alimentícia pela conivência da alta cúpula do órgão de fiscalização e diversos outros fiscais foram a base da representação policial por medidas de busca e apreensão nas empresas”, diz a PF.