UOL/PCS
Uma nota técnica publicada hoje (1º.jul) pelo Movimento Pessoas à Frente mostra que a média de remuneração líquida dos juízes brasileiros sobe aceleradamente e atingiu R$ 65.531 em março.
O cálculo considera os valores efetivamente depositados na conta bancária, depois de descontos como previdência e o pagamento de impostos.
Na média anual, houve um aumento de 21,95% no rendimento líquido. A remuneração média passou de R$ 45.050 em 2023 para R$ 54.942 em 2024. Tudo indica que haverá um novo grande salto ao fim de 2025.
O crescimento acelerado é movido por auxílios e outros benefícios, que crescem mais do que o subsídio (o salário propriamente dito) do juiz.
Os adicionais representavam 11,8% da remuneração dos juízes em setembro de 2017. Passaram a 43,7% em janeiro de 2025. Ou seja, se a trajetória de alta permanecer, em breve mais da metade do que os magistrados recebe virá desses penduricalhos, diz o estudo.
Explosão de adicionais
Como mostrou o UOL, o volume de adicionais que aparecem na folha de pagamento dos magistrados atingiu R$ 4,5 bilhões no 1º trimestre de 2025, um recorde.
Dois tipos de "penduricalhos" tem turbinado esses pagamentos:
licença compensatória: extra por acúmulo de trabalho e função. Depois de modificação em 2023, passou a ser possível acumular esse benefício em valores acima do teto;
pagamentos retroativos: é contabilizado muitas vezes quando um tribunal institui um novo adicional e decide que os magistrados deveriam ter recebido esse benefício em anos anteriores.
O pagamento de retroativos explodiu nos meses anteriores a uma decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que freou esse tipo de adicional.
Penduricalhos em alta
A nota técnica do Movimento Pessoas à Frente também mostra que a despesa com pagamentos acima do teto do funcionalismo público a magistrados passou de R$ 7 bilhões em 2023 para R$ 10,5 bilhões em 2024.
A expansão, de 49%, é dez vezes a inflação do mesmo período (4,83%).
"Se considerarmos o aumento que foi identificado entre 2023 e 2024, de 49,3%, em apenas dois anos, esse valor terá dobrado", diz Jessika Moreira, diretora-executiva do Movimento Pessoas à Frente.
A ONG advoga que a reforma administrativa em debate atualmente na Câmara dos Deputados contemple o combate aos supersalários.