TMN/PCS
De janeiro a setembro de 2025, 80 adolescentes e jovens tiraram a própria vida em Mato Grosso do Sul, conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). O suicídio já aparece como a quarta principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal, segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
O dado evidencia a gravidade do fenômeno, que atinge famílias e comunidades em todo o mundo. Para enfrentar essa realidade, campanhas como o Setembro Amarelo buscam ampliar o diálogo e a conscientização. O dia 10 de setembro é reconhecido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas as ações se estendem durante todo o mês.
Em Mato Grosso do Sul, a Assembleia Legislativa tem atuado diretamente nesse debate ecriou a Semana de Prevenção e Combate à Violência Autoprovocada, realizada sempre a partir do segundo domingo de setembro. Já uma lei estadualinstituiu oficialmente o Setembro Amarelo no estado.
Mais recentemente, em 2025, outra lei estadual criou a campanha "Setembro Amarelo vai à Escola", que leva atividades educacionais sobre automutilação e prevenção ao suicídio para as salas de aula. O objetivo é incentivar palestras, encontros, debates e eventos que ampliem a discussão para além das instituições políticas.
Importância do diálogoe acolhimento
Além das ações legislativas, iniciativas de saúde têm buscado atender jovens em situação de vulnerabilidade. A UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) mantém o projeto de extensão "Acolhimento em saúde mental", que oferece atendimento gratuito a adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Desde agosto de 2024, já foram acolhidas 317 pessoas, em atendimentos online e presenciais.
A Secretaria de Estado de Saúde também desenvolve o programa "Inspira Jovem", que distribui materiais educativos e cria espaços de liderança juvenil, já alcançando mais de 30 mil jovens, incluindo comunidades indígenas.
O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) atua com a Justiça Restaurativa Escolar, promovendo círculos de diálogo em escolas sobre bullying, respeito, projeto de vida e automutilação. A iniciativa é realizada em parceria com o governo estadual, Ministério Público e secretarias de educação, alcançando estudantes de cidades como Corumbá, Dourados, Aquidauana e Jardim.
Para especialistas, a prevenção começa em casa. A psicóloga clínica Thaís Marcela Mota alerta que a ausência de diálogo familiar é um dos fatores mais graves.
"Os jovens têm sofrido muito com o mundo, as relações e a falta de afeto. Muitos recorrem à automutilação, que pode evoluir para o suicídio. Ouvir, dialogar e valorizar o que sentem é fundamental para mudar esse cenário", explica.