VERSÃO DE IMPRESSÃO
Geral
06/08/2013 07:40:15
Pesquisa revela que 70% das pessoas acreditam que mulher sofre mais em casa
A pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres, divulgada hoje (5) na capital paulista, foi feita pelo Data Popular e pelo Instituto Patrícia Galvão com 1.500 homens e mulheres, maiores de 18 anos, em 100 municípios do país, entre os dias 10 e 18 de maio deste ano.

Jornal do Brasil/LD

\n \n A\n pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres,\n divulgada hoje (5) na capital paulista, foi feita pelo Data Popular e pelo\n Instituto Patrícia Galvão com 1.500 homens e mulheres, maiores de 18 anos, em\n 100 municípios do país, entre os dias 10 e 18 de maio deste ano.\n \n De\n acordo com a pesquisa, 54% dos entrevistados conhecem uma mulher que foi\n agredida pelo companheiro e 56% conhecem um homem que agrediu a parceira, mas\n 57% acreditam que, apesar de atualmente haver mais punição para os agressores e\n assassinos, a forma como a Justiça pune não reduz a violência contra a mulher.\n O medo se reflete na pesquisa quando 85% das pessoas disseram que mulheres que\n denunciam seus maridos correm mais risco de serem assassinadas.\n \n Quando\n avaliado o nível social, a pesquisa indicou que 69% acreditam que violência\n contra a mulher não acontece só em famílias pobres. Entre os riscos e motivos\n para maior risco à vida da mulher foram apontados o fim do relacionamento (43%)\n e a denúncia sobre o agressor, seja namorado ou marido (85%). Para 92%, as\n agressões frequentes podem terminar em assassinato.\n \n Para\n a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da\n República, Eleonora Menicucci, a pesquisa mostra que a violência contra as\n mulheres ultrapassas todas as classes sociais, mas a dor das mulheres com poder\n aquisitivo mais alto não aparece enquanto as mulheres mais pobres têm seus\n rostos estampados nos jornais, porque essas denunciam os maus-tratos. “Isso\n porque elas [as mais pobres] vão às delegacias e as mulheres que mais denunciam\n são aquelas que dependem das políticas públicas e dos serviços públicos”.\n \n Eleonora\n destacou que este ano houve punições exemplares para agressores e assassinos de\n mulheres em casos que se tornaram emblemáticos devido à sua larga divulgação\n pela imprensa. “Há leis que pegam e leis que não pegam. A Lei Maria da Penha\n pegou em dois aspectos. O primeiro é que dá cadeia, acabou com aquela baboseira\n de distribuir cesta básica. E o segundo é que, hoje, mexe na conta bancária do\n agressor, que tem ressarcir a União sobre todo valor que é pago aos dependentes\n da mulher em caso de morte”.\n \n A\n ministra se mostrou indignada com o resultado da pesquisa e disse que o\n governo, por meio de sua secretaria, tem que assumir a responsabilidade por\n essa realidade para começar a fazer alguma coisa que possa gerar mudanças de\n fato. “Temos que ter tolerância zero e eu acredito que deve haver uma parceria\n entre todos os órgãos da sociedade. Inauguraremos 11 casas da Mulher e isso é\n questão de honra. Não podemos mais ter pesquisas com resultados nesse nível e\n temos que assumir compromisso de mudar isso”.\n \n A\n diretora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Jordão, ressaltou que as medidas\n para mudar a realidade da mulher que se sente insegura dentro de casa porque\n mora com o agressor já estão sendo tomadas. A questão é aperfeiçoá-las ou\n aumentar a disponibilidade dos instrumentos para a população feminina,\n entretanto ela colocou que a imprensa deve colaborar para mudar o rosto e a\n personalidade dessa violência, mostrando que esse é um problema tão grave\n quanto outros da sociedade.\n \n “Quando\n vemos notícias sobre agressão, vemos o agressor personalizado, o monstro que\n emparedou a mulher. Passa-se a ideia de que existem doentes na sociedade, mas\n temos que passar a compreensão de que a sociedade é atrasada com essa questão e\n não entendeu que esse problema atinge graus de perversidade enorme competindo à\n mídia lidar com isso como um problema de uma sociedade machista”.\n \n O\n representante do Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais, David Eduardo\n Dpiné Filho, observou que, enquanto a percepção da violência contra a mulher\n foi ampliada, a confiança no serviço público não aumentou na mesma medida e há\n ainda um deficit na qualidade do serviço prestado para essa mulher vitimizada.\n “Ela acaba sendo revitimizada quando procura uma Delegacia da Mulher e a\n burocratização do sistema ainda impede que essa mulher tenha no serviço público\n uma referência que lhe dê segurança para denunciar e não encontrar o agressor em\n casa para novamente a agredir”, analisou.\n \n \n \n \n