Sheila Forato
Na manhã desta quarta-feira (24), o técnico em eletrônica Valmir Paulino da Mota, de 56 anos, procurou o Edição MS para questionar a atuação da polícia para prender seu irmão, Flávio Paulino da Mota, de 36 anos.
Acusado de tráfico de drogas e receptação, ele foi preso no último dia 11 e permanece no Estabelecimento Penal Masculino de Coxim, aguardando o julgamento de um pedido de liberdade provisória, que pode sair a qualquer momento.
Segundo o irmão do preso, no mês de dezembro de 2017 a Polícia Civil, de posse de mandado de busca e apreensão entrou em duas propriedades que pertencem a Flávio, uma chácara na rua Ferreira no bairro Piracema, e um rancho na Vila Santa Marta.
“Não tinha ninguém nos dois endereços. A polícia chegou, arrombou e aprendeu o que quis. Até aí tudo bem. Do rancho foi levado uma máquina de música, mesas e cadeiras de plástico. Já na chácara pegaram diversos eletroeletrônicos dos meus clientes, pois eu trabalho neste endereço”, contou Valmir.
De acordo com ele, foram levadas quatro televisões estragadas de diversos modelos e marcas, aparelhos de som, de potência, equalizador, caixas de som e até mesmo um aparelho de ar condicionado na caixa, com nota fiscal.
Nossa reportagem esteve na chácara do bairro Piracema, em diversos cômodos existem eletroeletrônicos. Enquanto percorríamos o local o irmão, que é técnico, apontava para os objetos e falava o nome de cada proprietário, seus clientes.
Valmir relata que Flávio procurou um advogado desde essas buscas e apreensões nos dois endereços. O advogado foi a delegacia e tomou conhecimento que ele era suspeito da prática de tráfico de drogas, além de recepção, e desde então se prontificou a apresentar seu cliente.
Entretanto, o advogado foi informado por um dos delegados que quem estava cuidando do caso era sua colega. Ele teria pedido para o advogado esperar até dia 23 de dezembro, quando a responsável pelo caso voltaria das férias.
Conforme Valmir, o advogado foi três vezes a delegacia, inclusive foi informado que os objetos apreendidos seriam devolvidos, pois não foram encontrados irregularidades, mas, não foi o que aconteceu, pois a ação teve um desdobramento e no dia 11 de janeiro Flávio foi preso enquanto andava pela rua Presidente Vargas.
Depois da prisão, eles voltaram na chácara, não apresentaram novo mandado de busca e apreensão, mas queriam levar outros objetos. Buscamos orientação com nosso advogado e não permitimos. “Eles passaram o dia cavando o quintal, procurando por drogas, mas não encontraram nada. Tudo que localizaram foi uma paradinha escondida na casa, pois meu irmão é usuário”, contou o técnico em eletrônica.
“Esse dia foi até engraçado. Os policiais pediram que a gente fosse até a delegacia, quando chegamos na ponte velha eles falaram para descermos do camburão, pois teriam de atender outra ocorrência. Voltamos a pé para a chácara e ao chegar aqui sentamos nessas cadeiras debaixo do pé de manga. Ficamos umas duas horas conversando e de repente chegou um carro da polícia e começou a sair policial do meio da plantação de mandioca. De certo eles pensaram que voltaríamos para a chácara e iríamos tentar dar fim a droga que eles imaginavam ter aqui”, narrou José Paulino da Mota, de 43 anos, que também é irmão de Flávio.
A polícia pediu a prisão de Flávio alegando que tinha encontrado droga numa das caixas apreendidas. O que intriga a família é a forma que essa caixa foi aberta. “Ao que tudo indica a caixa não foi aberta pela perícia, o que seria o procedimento correto segundo nosso advogado”, argumentou o irmão.
A prudência recomenda que os bens apreendidos sejam periciados ou que sejam desmontados e averiguados na presença do investigado ou de seu representante legal. “Eles também poderiam ter chamado nosso advogado para presenciar a abertura da caixa, uma vez que a polícia já tinha conhecimento do profissional que acompanhava o caso. Ainda assim, eles poderiam ter buscado meu irmão para acompanhar a abertura da caixa, que na verdade pertence a um dos meus clientes”, explicou Valmir.
A família ainda não tem informação de quando a caixa foi aberta, mas acredita que isso aconteceu muitos dias depois da busca e apreensão, pois, até as vésperas das festas de fim de ano a informação que o advogado tinha era de que todo material apreendido seria devolvido porque a polícia não tinha encontrado irregularidades. “Se meu irmão cometeu algum crime, ele deve pagar, mas também não podemos aceitar que ele pague por crime que não cometeu”, finalizou o irmão.
É importante ressaltar que de acordo com a defesa a única passagem de Flávio pela polícia foi por conta de uma desavença que ele teve com um inquilino que não honrava os compromissos. No final da manhã o Edição MS entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, pedindo um posicionamento e aguarda retorno.