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Polícia
04/09/2015 13:00:00
PF cumpriu 19 mandados de busca, mas ninguém foi preso por tráfico em aldeias

CGNews/LD

A Operação Tekoha, desencadeada nesta sexta-feira (4) pela Polícia Federal para combater o tráfico de drogas nas aldeias de Dourados, a 233 km de Campo Grande, cumpriu 19 mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal. Durante as buscas, feitas em residências e estabelecimentos comerciais, a reserva indígena, de 3.600 hectares, foi dividida em nove regiões. Participaram 77 agentes federais e 20 policiais militares. Também foram utilizados cinco cães farejadores, sendo quatro da PF e um do canil da PM.

Em entrevista coletiva, hoje de manhã, na delegacia da PF em Dourados, os chefes da operação informaram que foram apreendidas pequenas quantidades de maconha e crack, mas nenhuma pessoa foi presa por tráfico.

Um morador da reserva foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma. Com ele os policiais encontraram uma espingarda calibre 36 e três munições. Uma arma tipo garrucha calibre 32, geralmente usada para caça, também foi apreendida durante a operação.

Dificuldades – O delegado Marcellos Henrique de Araújo – que fez a operação de campo junto com agentes do Setor Operacional da PF – e o delegado Leonardo de Souza, chefe da PF em Dourados, admitiram dificuldade em fazer prisões pelo fato de a comercialização de drogas na reserva ser feita através do chamado “tráfico formiguinha”.

Segundo Marcellos Araújo, como apenas pequenas quantidades de drogas foram encontradas, fica caracterizada a posse para uso pessoal, pois o volume apreendido é insuficiente para caracterizar o tráfico, o que impossibilitou também fundamentação para solicitar ao Judiciário a expedição de mandados de prisão.

Ele afirmou que a situação territorial da reserva, com amplos espaços rurais, estradas de terra, ausência de numeração nas casas e a própria cultura dos moradores, de ficarem distantes de pessoas estranhas à rotina das aldeias, dificultam ações mais aprofundadas, que poderiam levar os traficantes para a prisão.

Efeito pedagógico – O delegado Leonardo de Souza disse, no entanto, que a operação tem resultados altamente positivos, independente de prisões ou da apreensão de grandes quantidades de drogas. Segundo ele, existe um efeito pedagógico, que ajuda a inibir até mesmo o consumo de drogas.

Entretanto, a PF confirmou que pelo menos quatro pessoas investigadas na ação desta sexta-feira também foram alvos da Operação Tekoha I, em 2011, e os indícios indicam que elas continuam comercializando drogas nas aldeias.

Ação conjunta – O comandante do 3ª Batalhão Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Silva, informou que será firmado em breve um convênio entre a Secretaria Estadual de Segurança Pública, Polícia Federal e Ministério da Justiça, para permitir operações conjuntas de policiamento dentro das aldeias, como ocorre nos bairros da cidade.

Recentemente o policiamento era feito pela Força Nacional, mas como o efetivo presente em Dourados foi deslocado na semana passada para Antonio João, a reserva de Dourados ficou desguarnecida. Entretanto, Carlos Silva afirmou que o trabalho da Força Nacional não surte o mesmo efeito, pois os policiais não conhecem a realidade local, já que todos são de outros estados brasileiros.

Ele afirma que após a assinatura do convênio e liberação das viaturas, que já estão em Campo Grande, a PM vai começar a atuar frequentemente nas aldeias, com rondas para coibir o tráfico, roubos, furtos e atos de violência.