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Mundo
20/05/2018 07:40:00
Com fronteira fechada, venezuelanos usam rotas clandestinas para comprar mantimentos no Brasil
Nicolás Maduro ordenou fechamento da fronteira na véspera da eleição presidencial que ocorre neste domingo (20).

G1/PCS

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Venezuelanos cruzam fronteira com o país por rotas clandestinas levando mantimentos neste sábado (19) (Foto: Emily Costa/G1 RR)

Com a fronteira fechada às vésperas da eleição para presidente, venezuelanos estão entrando e saindo do país por rotas clandestinas. Muitos fazem um percurso em meio à mata para comprar comida e remédios no Brasil.

De acordo com o Itamaraty, a fronteira da Venezuela com o Brasil foi bloqueada às 21h de sexta (18) e só será reaberta às 6h de segunda (21). O fechamento foi determinado pelo presidente Nicolás Maduro na véspera da eleição presidencial que ocorre neste domingo (20).

No início da manhã deste sábado (19), apenas o tráfego de veículos estava interrompido no lado venezuelano da BR-174, que liga os dois países. No entanto, às 10h (11h de Brasília), o fluxo de pessoas a pé entrando ou saindo da Venezuela também passou a ser vetado.

Com isso, as rotas clandestinas em meio aos 2 mil quilômetros de fronteira entre Roraima e a Venezuela viram alternativa para quem foge do desabastecimento de alimentos e remédios no país governado por Maduro.

O venezuelano Carlo Quintano, de 50 anos, foi a Pacaraima, município brasileiro ao Norte de Roraima, em busca de alimentos.

Na volta para casa, uma fazenda na região da fronteira, atravessou a pé para a Venezuela. Consigo levou pacotes de farinha de trigo, arroz, garrafas de óleo e potes de margarina.

"Precisamos de comida, e se não nos deixam passar pela fronteira, vamos por aqui. Temos que recorrer ao Brasil para não morrer de fome", disse Carlo Quintano.

Um venezuelano de 23 anos que mora em Pacaraima disse que as rotas clandestinas em meio à mata costumam ser usadas sempre que a fronteira é fechada. O percurso a pé leva em média 30 minutos, não tem postos de fiscalização e fica dentro do território venezuelano.

"A maioria das pessoas sempre vai pela rodovia, mas quando a fronteira fecha muito gente passa por aqui para entrar ou sair da Venezuela", explicou.

Em dezembro de 2016, última vez em que a fronteira tinha sido fechada por ordem de Maduro, muitos venezuelanos e até brasileiros fizeram o mesmo percurso.

Na fronteira, a 215 Km da capital Boa Vista, guardas venezuelanos impedem que pessoas cruzem a fronteira pela BR-174 em veículos ou a pé (Foto: Emily Costa/G1 RR)

"Eu moro em Boa Vista e em Santa Elena de Uairén, e quando soube que a fronteira tinha sido fechada vim por aqui e irei ficar no Brasil até segunda", disse um brasileiro de 60 anos que também o fez o percurso para deixar a Venezuela.

Segundo o cônsul-adjunto da Venezuela em Roraima, José Martí Uriana, a medida de fechar a fronteira é adotada sempre que ocorrem eleições no país como forma de segurança durante o pleito.

"A República Bolivariana da Venezuela, cada vez que tem um processo eleitoral, fecha a fronteira para resguardar a soberania territorial e também para que as Forças Armadas controlem todo território nacional, e isso inclui a fronteira", explicou.

Eleições na Venezuela Hoje, os eleitores venezuelanos vão às urnas para eleger o presidente que vai governar o país nos próximos seis anos.

Candidato à reeleição, Maduro lidera as pesquisas de opinião em uma eleição na qual os principais opositores não podem concorrer. O país vive uma grave crise econômica e humanitária, o que fez aumentar os fluxos migratórios de venezuelanos para outros países, como o Brasil.

Como a maior parte da oposição boicotará a votação de domingo e dois de seus líderes mais populares estão proibidos de concorrer, o presidente de esquerda Nicolás Maduro deve se reeleger apesar da crise econômica que devasta o país.

Em Roraima, que recebe um crescente fluxo de venezuelanos que deixam o país natal, haverá apenas um posto de votação, que será no próprio consulado, no Centro de Boa Vista.

A expectativa é que pelo menos 50 venezuelanos que se inscreveram e têm residência fixa em Roraima – ou seja, que não são solicitantes de refúgio e nem de residência temporária – votem na capital. Estima-se que há 40 mil venezuelanos vivendo em Boa Vista em razão da crise no país natal.

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