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Polícia
06/12/2023 10:28:00
Jovens e adolescentes têm maior risco de homicídio no Estado

CE/LD

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Pesquisa do Atlas da Violência divulgada ontem indica que adolescentes e jovens entre 15 e 29 anos do gênero masculino são os que mais apresentam risco de serem vítimas de homicídio. No sentido oposto do índice nacional, que apresentou queda de 5,4% na quantidade de jovens mortos, Mato Grosso do Sul registrou aumento de 22,4% na taxa de homicídios desse grupo.

Na série histórica de 2011 a 2021, o Estado registrou 3.998 casos de homicídio de jovens de 15 a 29 anos. Entre os anos de 2020 e 2021, houve um acréscimo de 31 jovens mortos, totalizando 208 vítimas no último ano. Apesar do aumento entre os dois últimos anos da pesquisa, o número é menor em relação à maioria dos anos anteriores da série.

“Em resumo, a vitimização juvenil, ainda que tenha sido reduzida nos últimos anos, constitui um problema de primeira grandeza. A cada vinte minutos, um jovem é assassinado no Brasil”, diz o estudo.

A pesquisa ainda destaca que um dos principais motivos da violência contra esse grupo é o envolvimento com atividades criminosas de forma prematura. O sociólogo Silvino Areco explica que os líderes de organizações criminosas muitas vezes utilizam jovens não membros das quadrilhas para contrabando de pequeno porte ou para servirem de isca para os policiais, para não comprometerem a organização.

“Mesmo aparecendo o perfil de jovens na faixa etária de 20 até 40 anos sem envolvimento com facções, na verdade, indiretamente eles estão envolvidos, pois são esses grupos organizados que controlam a produção e a circulação, ficando esses responsáveis pelo transporte em pequena escala. Em muitos casos, servindo de isca para a polícia”.

De acordo com Areco, há um aumento da busca por jovens que aceitem fazer apenas um serviço em troca de dinheiro.

“Em diversas pesquisas que tratam sobre o tema, os autores desvelam que ocorre uma crescente do recrutamento de jovens para essa atividade criminosa. Giovanni França, em pesquisa publicada na Revista USP, aponta que a expansão do narcotráfico em todas as regiões do Estado e a guerra entre as duas principais facções criminosas do Brasil pela disputa da hegemonia atacadista de drogas e armas na fronteira incidem diretamente no recrutamento de jovens e no número de encarceramentos em MS”, explica.

O estudo demonstra que Mato Grosso do Sul é o quarto estado com maior variação de casos entre 2020 e 2021. Levando em consideração a variação porcentual a cada 100 mil habitantes, a situação é ainda mais grave, uma vez que o Estado tem o terceiro maior aumento, com 37,2%.

TRÁFICO

Ao analisar os dados por faixa etária e gênero, fica evidente que a maioria presa por esses crimes é jovem e adulto do gênero masculino. O maior número de presos por tráfico de drogas está na faixa etária de 18 anos a 29 anos, com um total de 3.139 indivíduos, sendo 232 mulheres e 2.749 homens. Esse cenário se repete nas faixas etárias subsequentes, com predominância masculina.

A maioria dos presos por tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul não faz parte de associações ou organizações criminosas para o tráfico de entorpecentes. De acordo com dados atualizados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 14.126 presos estão envolvidos com o transporte de drogas no Estado e 2.870 estão detidos por associação para o tráfico.

Em entrevista ao Correio do Estado, o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antonio Carlos Videira, argumentou que o alto número de presos por tráfico que não fazem parte de uma organização criminosa é registrado em MS porque o Estado é utilizado apenas como corredor para o transporte das drogas, com lideranças permanecendo nos grandes centros do País.

“As grandes organizações criminosas estão concentradas e atuam nos grandes centros brasileiros, como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. Mato Grosso do Sul é corredor apenas”, detalhou Videira.

ÚLTIMOS CASOS Jovem de 22 anos foi morto a tiros na cabeça e no tórax após discussão, no Bairro Vila Danúbio Azul, em Campo Grande. A confirmação da morte foi dada pela Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Cepol (Depac-Cepol) no dia 2 de novembro.

A briga teria ocorrido horas antes com dois suspeitos, pai e filho, de 55 e 25 anos, que após o confronto foram até a casa da vítima. Enquanto um ficou no carro, o outro efetuou os disparos. O jovem faleceu na frente da namorada. Os suspeitos foram presos e o caso é investigado como homicídio qualificado.

Em Brasilândia, um jovem de 19 anos foi morto a tiros por um atirador de 28 anos, ainda foragido. O crime ocorreu no fim de outubro, por volta das 19h30min, e o autor dos disparos já foi identificado. A vítima foi socorrida, mas chegou ao hospital sem vida.

A motivação do crime é desconhecida. O caso foi registrado como homicídio e está sob investigação na Delegacia de Polícia Civil da cidade.

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