Domingo, 28 de Abril de 2024
Polícia
02/04/2018 10:00:00
Namorado tenta matar transexual enforcada na região central de Coxim
Quatro dias depois vítima ainda olha no espelho e enxerga marcas deixadas por quem jurava amor eterno.

Sheila Forato

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Foto: Arquivo pessoal

A tentativa aconteceu na quarta-feira (28/03), mas, somente neste domingo (1º), a transexual Jessyk Piccinini tomou coragem para falar, embora tenha registrado o caso na polícia logo depois do ocorrido. Por isso, todos foram parar na delegacia.

Jessyk e o namorado discutiam, na calçada da rua Antônio João, na região central de Coxim, quando ele começou a apertar seu pescoço. Num áudio cheio de emoção ela narrou o ocorrido para a reportagem do Edição MS, através do WhatsApp.

Bastou uma cobrança por parte da namorada para que o jovem partisse para o ataque em plena via pública. “Ele apertava meu pescoço com tanta força que eu comecei a perder os sentidos. Fiquei sem ar, meus braços ficaram trêmulos ao ponto de derrubar o capacete e a chave da moto, logo depois comecei a perder o controle das pernas, que ficaram bambas”, contou, com a voz embargada.

Segundo Jessyk, além de apertar seu pescoço o namorado bateu sua cabeça duas vezes contra o muro. Foi quando alguém, do lado de dentro percebeu que acontecia alguma coisa e gritou chama a polícia. “Ele assustou e soltou meu pescoço eu retomei os sentidos e comecei a gritar por socorro”, relembrou.

Coincidentemente, enquanto Jessyk ligava para a polícia uma viatura passava pela rua. Ela abordou os policiais e contou o ocorrido. Todos foram parar na delegacia. O que mais impressiona a vítima, que namorava o autor a aproximadamente dois anos, foi a forma como ele tentou inverter a situação, dizendo que é perseguido.

“Minha sorte foi ter sido atendida por uma equipe de policiais preparada, que preservou os meus direitos, que me respeitou ao ponto de me chamar pelo nome social sem qualquer preconceito. Enquanto estávamos na delegacia o pai do meu ex-namorado chegou a sugerir que ele pedisse uma medida protetiva. Ainda bem que os policiais o colocou em seu devido lugar, informando que eu era quem precisava de proteção”, elogiou.

Ao longo de dois anos, por amor, Jessyk se sujeitou a muitas situações constrangedoras, pois seu namorado não tinha coragem de assumir a relação. Os encontros diários eram escondidos, pois o pai, a avô e o tio paternos, não aceitavam a situação. Como os dois moravam no mesmo bairro, na Vila Bela, os encontros ficavam mais fáceis. Porém, o jovem mudou para a região central e essa mudança dificultou a vida do casal.

Logo no primeiro dia os desencontros começaram a se tornar desconfianças e eles deram início a discussões, que terminou na tentativa de homicídio. Quatro dias depois de ficar entre a vida e a morte, parece que Jessyk percebeu que esse relacionamento não vale a pena. Aliás, nenhum relacionamento abusivo deve ser cultivado.

Em Coxim todos conhecem Jessyk Piccinini, que nasceu Vilmar, mas, desde sempre se mostrava uma doce mulher. Ela cresceu, foi coroada Miss Gay Coxim, teve seu cravado na luta contra o preconceito em Mato Grosso do Sul. Há muitos anos ela recepciona os clientes de um salão de beleza com muita dedicação.

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