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ImprimirAntônio Cipriano da Silva, o homem que admitiu ter abandonado o corpo de Raquel Perciliano, de 59 anos, em uma vala na região da MS-355, em Terenos, refez o trajeto feito com a vítima ao lado da Polícia Civil.
Imagens e laudos da perícia apresentaram pontos que não coincidem com a versão inicial apresentada por ele. O procedimento foi realizado após o homem se apresentar à polícia em Campo Grande e ser conduzido à cidade vizinha, onde o corpo foi localizado na madrugada de domingo (27).
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela investigação, que não foram divulgadas, mostram que o casal saiu da casa de Raquel por volta das 13h de sábado (26). O percurso até a área de mata leva cerca de 20 minutos. As gravações apontam que o encontro durou aproximadamente 15 minutos e, em seguida, o suspeito retornou sozinho. Os registros confirmam que a vítima estava no banco da frente do carro, mas não há qualquer indício de parada para socorro durante o trajeto de volta.
Além disso, apesar de o homem afirmar que Raquel passou mal, vomitou sangue e morreu durante o retorno, a perícia não encontrou vestígios de sangue ou bebida alcoólica no veículo. O único item localizado no local onde o corpo foi descartado foi um tapete, que o suspeito diz ter usado para cobri-la.
Raquel poderia estar viva quando foi deixada na vala? - A Polícia Civil trabalha, por enquanto, com as linhas de investigação de omissão de socorro e ocultação de cadáver. No entanto, não descarta a possibilidade de feminicídio.
Isso porque o laudo necroscópico deve indicar se houve lesões causadas antes ou depois da morte, já que o corpo de Raquel foi deixado em uma área repleta de pedras, que podem ter causado lesões no corpo. Também foi solicitado novo exame para verificar a presença de sêmen, já que o suspeito relatou que o ato sexual foi consumado, mas sem ejaculação.
Ele também contou que ambos mantinham outros relacionamentos e que este teria sido o segundo encontro entre os dois. A família de Raquel, no entanto, desconhecia qualquer vínculo entre ela e o homem, que é irmão de um vereador da cidade. Os dois se conheceram quando a vítima trabalhava na prefeitura.
A equipe de reportagem do Campo Grande News foi até a casa onde Raquel morava e encontrou o marido da vítima, que preferiu não se pronunciar. No local de trabalho dela, a comoção pela morte também foi a única resposta.
A polícia pretende ouvir os familiares da mulher, incluindo marido e filhos, assim que terminar o período de luto. A intenção é esclarecer se Raquel tinha histórico de problemas cardíacos. O sigilo telefônico dos envolvidos também será requisitado para apurar o teor de possíveis conversas entre eles.