Segunda-Feira, 6 de Maio de 2024
Política
16/03/2015 17:23:00
MPF denuncia João Vaccari e Duque por corrupção e lavagem de dinheiro
Além deles, outras 25 pessoas foram denunciadas pelo MPF. 10ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta segunda (16).

G1/PCS

Imprimir
tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 27 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre elas, o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviço da Petrobras Renato de Souza Duque. Esta é a primeira denúncia contra os dois referente à Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).

A informação foi divulgada pelo MPF na tarde desta segunda-feira (16), dia em que a 10ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada.

O doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o engenheiro Pedro José Barusco Filho, que era gerente-executivo de Serviços e Engenharia da Petrobras e braço direito do diretor da área Renato Duque, também foram denunciados

A Operação Lava Jato começou em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

Os 27 denunciados são: -Adir Assad -Agenor Franklin Magalhães Medeiros -Alberto Elísio Vilaça Gomes -Alberto Youssef -Ângelo Alves Mendes -Augusto Ribeiro de Mendonça Neto -Dario Teixeira Alves Júnior -Francisco Claudio Santos Perdigão -João Vaccari Neto -José Aldemário Pinheiro Filho -José Américo Diniz -José Humberto Cruvinel Resende -Julio Gerin de Almeida Camargo -Lucélio Roberto Von Lehsten Góes -Luiz Ricardo Sampaio de Almeida -Mario Frederico Mendonça Góes -Marcus Vinícius Holanda Teixeira -Mateus Coutinho de Sá Oliveira -Paulo Roberto Costa -Pedro José Barusco Filho -Renato de Souza Duque -Renato Vinícios de Siqueira -Rogério Cinha de Oliveira -Sérgio Cunha Mendes -Sonia Mariza Branco -Vicente Ribeiro de Carvalho -Waldomiro de Oliveira

Quinze denunciados são de empreiteiras, cinco são operadores, quatro são ligados aos operadores, dois ex-diretores da Petrobras e um ex-gerente. De acordo com a denúncia, Vaccari participava de reuniões com Duque para tratar de pagamentos de propina, que era paga por meio de doações oficiais ao PT. Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita, mas eram oriundas de propina.

O MPF aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,260 milhões.

O tesoureiro do PT indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina, segundo o MPF. "Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina", afirmou o procurador do MPF Deltan Dallagnol durante entrevista coletiva nesta tarde, em Curitiba.

Além de Dallagnol, participam da coletiva o procurador do MPF Roberson Henrique Pozzobon, o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula e Roberto Leonel, da Receita Federal. Nesta 10ª fase da Operação Lava Jato, o ex-diretor de Serviço da Petrobras Renato de Souza Duque foi preso novamente. Ele é suspeito de participar do esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro dentro da estatal.

Outros presos

O empresário paulista Adir Assad também foi preso. De acordo com o procurador Bozzobon, Assad aparece como um novo operador do esquema de propina, atuando junto às empresas prestadoras de serviço à Petrobras.

Assad é engenheiro civil e promove shows e eventos no Brasil. Ele trouxe a banda U2, a cantora Amy Winehouse e Beyonce para o país. Ele também era dono das empresas JMS Terraplanagem Ltda., S Terraplanagem Ltda. e Rock Star Merketing.

Adir também já foi alvo em outros escândalos e foi investigado pela CPI do bicheiro Carlos Cachoeira, no Congresso Nacional, como suposto intermediário de propinas envolvendo a empreiteira Delta com o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit).

Também foi preso Lucélio Góes, filho de Mário Góes, apontado pela Polícia Federal como um dos operadores do esquema e que está detido desde fevereiro deste ano. De acordo com Bozzobon, o pedido de prisão contra Adir Assad foi estruturado após a apreensão de notas fiscais na casa de Mário Góes.

As prisões de Duque, Assad e Góes são preventivas, ou seja, sem prazo para acabar, dependendo de decisão judicial.

Outras duas pessoas foram presas temporariamente. Sônia Marisa Branco e Dario Teixeira Alves eram, conforme a investigação, "laranjas" do esquema. A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período.

Um mandado de prisão temporária contra Sueli Maria Branco chegou a ser expedido. A suspeita, porém, segundo a Polícia Federal, já faleceu.

"Essas pessoas mantinham contato com os corruptores e eram peças fundamentais dentro da organização criminosa investigada pela Lava Jato”, explicou o procurador.

De acordo com Bozzobon, obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e da Refinaria de Paulínia, no interior de São Paulo, foram usadas para o desvio de dinheiro.

“Essas pessoas presas hoje estavam relacionadas aos subnúcleos de operadores financeiros que tinham relações em comum. Eles comungavam de depósitos em contas idênticas no exterior e também participavam mediante realização de contratos ideologicamente falsos”, disse o procurador.

Todos os presos irão se juntar às outras 16 pessoas consideradas suspeitas de participação no esquema da Lava Jato que estão presas na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

Também foram apreendidos com os investigados documentos, como notas fiscais, e outras mídias que, conforme o Ministério Público Federal, serão analisados posteriormente.

10ª fase Todos os mandados expedidos nesta 10ª fase foram cumpridos, conforme a Polícia Federal. São eles: três mandados de prisão preventiva, três mandados de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão.

A nova etapa foi batizada de "Que país é esse".

De acordo com os policiais, o nome faz referência a uma frase dita por Duque quando foi preso pela primeira vez, em novembro de 2014.

O novo pedido de prisão contra Duque foi motivado pela movimentação financeira feita por ele no exterior, já com a investigação em curso.

Ao despachar favorável ao mandado de prisão, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, afirmou que o ex-diretor de Serviços da Petrobras "esvaziou" contas na Suíça e enviou € 20 milhões para contas secretas no principado de Mônaco. O dinheiro, que não havia sido declarado à Receita Federal, acabou bloqueado pelas autoridades do país europeu.

“Autoridades estrangeiras comprovaram que Duque recentemente movimentou seus recursos de contas na Suíça titularizados por ele para contas de outros países na Europa. Notadamente, o principado de Mônaco, ao qual recebeu ainda no segundo semestre de 2014 quantia que superava R$ 5 milhões”, disse o procurador.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias