UOL/PCS
ImprimirO anúncio da federação formada por União Brasil e PP, a provável fusão do PSDB com o Podemos e a busca do MDB por um parceiro para federação são movimentos desses partidos para manterem o acesso ao fundo eleitoral, na opinião de especialistas consultados pelo UOL.
O que aconteceu
"Os partidos já estão de olho em 2026". De acordo com Cristiano Noronha, vice-presidente da consultoria Arko Advice, as fusões entre as legendas e a formação de federações visam a eleição de bancadas grandes o suficiente para driblar a cláusula de barreira e manter o acesso das siglas ao fundo eleitoral.
Cláusula de barreira cria condições para acesso de partidos a fundo eleitoral. As legendas precisam eleger em 9 estados diferentes, pelo menos, 11 deputados federais ou obter, no mínimo, 2% de votos válidos para manter direito ao dinheiro. Caso contrário, elas podem continuar existindo, mas sem acesso à verba.
Federação de União e Progressistas aumenta poder de barganha dos partidos. Para especialistas, a influência das legendas cresce com o comando unificado. Isso deve se refletir tanto nas negociações para eleição de 2026 quanto na escolha para presidências de comissões, que leva em conta o tamanho das siglas.
O propósito de formar federação é menos a intenção de lançar uma candidatura nacional do que articular essas elites locais para que elas possam ter mais acesso a recursos do Fundo Partidário Eleitoral e aumentar o poder de barganha por emendas, porque a capacidade de obstrução dessa federação vai ser maior Mayra Goulart, cientista política da UFRJ
Apesar de vantagens, também há desafios. "Esses partidos são formados por grupos que não são necessariamente convergentes", afirma Mayra. Para ela, essas divergências precisarão ser resolvidas. Já o cientista político Fernando Limongi crê que a nova federação fará contraponto ao PSD, partido de centro que ganhou força após 2024.
No caso de União e Progressistas, o problema é falta de lideranças capazes de sair a presidente. Eles vão ter que se associar a uma das duas candidaturas fortes, a do Lula ou a do Bolsonaro/Tarcisio e o PSD está mais forte para fazer esse pêndulo. Dependendo do lado que o PSD escolher, esse partido vai para o outro, ou pelo menos, poderá negociar com uma bancada grande na mão Fernando Limongi, cientista político
Integrar ou desaparecer
Para PSDB e Podemos, fusão é vista como questão de sobrevivência. Noronha lembra que os tucanos perderam muitos quadros para PSD e que, com movimento, podem manter número de parlamentares que garanta acesso ao fundo. Mayra diz que, com a fusão, as chances do Podemos superar a cláusula de barreira também crescem.