Quinta-Feira, 1 de Maio de 2025
Meio Ambiente
16/08/2013 09:00:00
Artigo: O tigre e a harpa paraguaia
(*) Por Gilson Cavalcanti Ricci é advogado.

Por Gilson Cavalcanti Ricci

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\n \n No\n próximo dia 25 de agosto comemoramos o Dia do Soldado, em homenagem ao\n nascimento de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, patrono do\n Exército Brasileiro.\n \n A\n efeméride atinge não somente os militares, mas a todos nós brasileiros\n indistintamente, pelo exemplo digno de soldado e cidadão daquele que foi em\n vida o vencedor impávido dos inimigos do Brasil, contra os quais lutou nos\n campos de batalha.\n \n Com\n sua genial têmpera guerreira, assombrou os próprios inimigos ao atravessar seu\n exército sobre a colossal defesa inimiga na ponte do Itororó, na Guerra do\n Paraguai.\n \n Era\n já velho quando realizou a épica passagem - tinha 65 anos de idade -. Solano\n Lopez, antes do entrevero, teve o cuidado de reunir o grosso de seus exércitos\n ao longo do Itororó, tornando-o praticamente intransponível ao colocar centenas\n de canhões postados estrategicamente na retaguarda da infantaria constituída de\n fortes contingentes de fuzileiros prontos para o ataque, conseguindo assim\n formar um formidável e extenso baluarte de defesa até à frente de Lomas\n Valentinas, onde estava seu quartel general.\n \n Ao\n adentrarem na ponte, os brasileiros foram envolvidos de surpresa pelo fogo de\n pesada artilharia e intensa fuzilaria, obrigando-os a recuar desordenadamente,\n pressionados pelo fogo devastador dos canhões, e da bem sincronizada fuzilaria\n paraguaia. Um general e um coronel, comandantes de importantes unidades de\n combate, são mortos na luta, o que provocou confusão aos comandados de Caxias,\n que recuavam em grande tumulto, por não conseguirem furar a resistência\n paraguaia.\n \n Prevendo\n a iminente derrota, num gesto rápido e brusco Caxias golpeia seu cavalo,\n arremetendo-se violentamente contra os paraguaios, enquanto brandia a espada a\n conclamar em altos brados seus soldados à luta: “Sigam-me os brasileiros!”.\n \n A\n tropa foi tomada pelo ímpeto eletrizante do bravo comandante, seguindo-o\n freneticamente num repentino e fulminante contra-ataque sobre os inimigos até\n ultrapassarem totalmente a ponte, indo atacar os paraguaios em terra firme. A\n partir daí brasileiros e paraguaios engalfinharam-se num violento\n corpo-a-corpo, com cenas de grande crueldade e terror de corpos de homens e\n cavalos esparramando-se além da ponte fatídica, a tingir de sangue as águas do\n Avaí, numa visão apocalíptica devastadora, que só terminou com a queda de Lomas\n Valentinas.\n \n Em\n 1º de janeiro de 1869, Caxias ocupou Assunção, dando a guerra por encerrada. Em\n ação de graças mandou celebrar missa na Catedral de Assunção, posto que a\n partir dali a perseguição a Solano Lopez seria mera caçada policial. No dia da\n missa, o templo estava lotado de oficiais e soldados brasileiros.\n \n A\n igreja pobre e sem instrumental apropriado, levou Frei Palácios rezar a missa\n acompanhado pela harpa executada por um velho paraguaio, que trazia no corpo as\n marcas da guerra - uma comoção forte àquela platéia repleta de combatentes. O\n coração de Caxias sofre repentino abalo, sendo o valente cabo de guerra levado\n às pressas para o hospital de campanha.\n \n O\n Tigre de Itororó venceu a guerra cruenta, mas sucumbiu ante os acordes maviosos\n da harpa paraguaia.\n \n (*)\n Por Gilson Cavalcanti Ricci é advogado.\n \n \n \n \n
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