Sexta-Feira, 2 de Maio de 2025
Brasil
09/09/2013 07:53:51
Contratação de estrangeiros para Mais Médicos preocupa países vizinhos
O plano do governo brasileiro de contratar médicos estrangeiros causou preocupação em alguns países vizinhos, onde se teme que possa aumentar o déficit de profissionais nas regiões rurais e fronteiriças, um problema comum em toda a América Latina.

R7/LD

Imprimir
\n \n O\n plano do governo brasileiro de contratar médicos estrangeiros causou\n preocupação em alguns países vizinhos, onde se teme que possa aumentar o\n déficit de profissionais nas regiões rurais e fronteiriças, um problema comum\n em toda a América Latina.\n \n O\n programa Mais Médicos, que prevê incentivos para levar profissionais de saúde a\n regiões mais distantes do país, atraiu em sua primeira convocação 282\n estrangeiros, a maioria vindos de Espanha, Argentina, Portugal e Uruguai, e já\n iniciou uma segunda fase, na qual se inscreveram 1.165 médicos de 65 países. As\n vagas também foram oferecidas para brasileiros e, paralelamente, houve a\n contratação direta de quatro mil médicos cubanos, por meio do acordo de\n cooperação travado com Cuba pela OPS (Organização Pan-Americana de Saúde).\n \n Para\n não fomentar a emigração de países com problemas mais graves de recursos\n humanos, o governo da presidente Dilma Rousseff exige que o profissional venha\n de países com mais médicos per capita que o Brasil, onde a taxa está atualmente\n em 1,8 médicos para cada mil habitantes. Os únicos países latino-americanos que\n cumprem esse requisito são Cuba (6,7), Uruguai (3,7) Argentina (3,2), México\n (2) e Venezuela (1,9), segundo números da Organização Mundial da Saúde (OMS).\n \n O\n Brasil também aceita profissionais vindos de países com grave déficit de\n médicos, como Peru e El Salvador, se exercem a profissão em um terceiro país\n com boas taxas, explicou à Agência Efe um porta-voz do Ministério da Saúde.\n Apesar da cautela, o programa provocou queixas de autoridades de países\n vizinhos, iradas no caso da província argentina de Misiones, cujo responsável\n de Saúde, Oscar Herrera Ahuad, qualificou o programa brasileiro de\n "atentado" aos seus recursos humanos.\n \n O\n presidente do Uruguai, José Mujica, foi mais comedido e minimizou a importância\n do caso, mas ressaltou que seu país, apesar da boa média global, ainda carece\n de profissionais de saúde nas zonas rurais. "Acontece o mesmo que no\n Brasil: os médicos não querem ir aos povoados", resumiu o presidente\n uruguaio em declarações a jornalistas na última quinta-feira.\n \n O\n médico e pesquisador brasileiro Mario Dal Poz, ex-coordenador de Recursos\n Humanos em Saúde da OMS, disse à Efe que o impacto do Mais Médicos na Argentina\n e no Uruguai deveria ser "anedótico" já que esses países formam\n profissionais suficientes.\n \n —\n Se o movimento é muito intenso, pode haver uma crise no país que está perdendo\n médicos.\n \n Um\n recente estudo da OPS sobre a região andina contabilizou que 565 médicos\n emigraram da Colômbia entre 2008 e 2010, enquanto outros 588 saíram do Peru\n entre 1994 e 2008.\n \n "Não\n são números exagerados, mas para um país como o Peru (com uma taxa de somente\n um médico por mil habitantes) perder quase 600 médicos em dez anos é\n muito", comentou. No caso do Brasil, o acadêmico considerou que o Mais\n Médicos tem "muitos méritos", mas também "buracos", o\n principal, não oferecer de soluções a médio prazo para garantir sua\n sustentabilidade.\n \n Segundo\n Dal Poz, desde os anos 60 pelo menos outros quatro programas para levar médicos\n às regiões remotas do país foram lançados e "todos funcionaram\n inicialmente", mas depois fracassaram por não ter uma estratégia\n sustentável.\n \n O\n resultado é que certas regiões pobres do Brasil contam com algumas das taxas\n mais baixas do mundo, como o Maranhão, com 0,58 médicos por mil habitantes, ou\n as regiões amazônicas do Amapá (0,76) e do Pará (0,77).\n \n —\n A tendência é que as pessoas busquem os empregos que oferecem melhores\n condições financeiras, de trabalho e de conforto. Isso não é uma característica\n só do Brasil. Há estudos que mostram que é um problema global. Para ter\n profissionais em áreas de difícil acesso tem que oferecer incentivos.\n \n \n \n \n
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias