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Brasil
10/03/2013 09:23:12
SUS recebe duas mulheres por hora vítimas de abuso
A falta de estatísticas integradas sobre abusos sexuais na esfera da segurança pública é uma das principais críticas da ONU ao Brasil na questão do combate à violência contra a mulher.

BBC/AB

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\n \n A constatação ocorre no momento em que a comunidade\n internacional discute na ONU a violência contra a mulher. O debate ocorre sob\n um clima de comoção após brutais estupros coletivos de jovens na Índia e na\n África do Sul desencadearem ondas de revolta social.\n \n
A maioria delas (cerca de 75%), de acordo com a\n pasta, eram crianças, adolescentes e idosas.No Brasil, segundo o Sistema de\n Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) do Ministério da Saúde, um total de\n 18.007 mulheres deram entrada no sistema público de saúde em 2012 apresentando\n indícios de terem sofrido violência sexual.\n \n
O sistema Viva começou a ser implantado em 2006 em\n algumas unidades de referência do SUS. Em 2011, a notificação de casos\n suspeitos passou a ser universalizada para todas as unidades.\n \n
No ano passado, as estatísticas foram fornecidas\n por 8.425 unidades do SUS.\n \n Essas estatísticas funcionam apenas como um\n indicador, pois não englobam casos de violência nos quais a mulher não procurou\n atendimento médico ou se dirigiu a uma unidade de saúde privada.\n \n
A falta de estatísticas integradas sobre abusos\n sexuais na esfera da segurança pública é uma das principais críticas da ONU ao\n Brasil na questão do combate à violência contra a mulher.\n \n
"Não há dados oficiais disponíveis sobre o\n número de estupros de mulheres no Brasil", afirmou à BBC Brasil Rebeca\n Reichmann Tavares, diretora regional para o Brasil e Cone Sul da ONU Mulheres\n (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das\n Mulheres).\n \n
"Algumas secretarias de segurança tomam a\n iniciativa de fazer este levantamento, assim como alguns hospitais, mas não\n existe uma unificação ou cruzamento de dados", disse.\n \n nbsp;\n \n Estupro\n \n Um\n dos fatores que coloca o governo brasileiro em alerta é que na maioria dos\n casos de violência sexual o criminoso é uma pessoa próxima à vítima.\n \n "O\n agressor não é desconhecido em 60% ou 65% dos casos. Ele é conhecido, é o\n padrasto, o pai, o namorado, o amante, o vizinho o avô. Isso nos preocupa\n muito", disse à BBC Brasil a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de\n Políticas para as Mulheres da Presidência da República.\n \n
Segundo\n ela, a lei possibilita o atendimento das vítimas em um sistema de saúde\n especializado e permite que uma eventual gravidez seja interrompida, de acordo\n com a vontade da mulher.\n \n
"Estamos\n readequando esse serviço. Agora o estupro também acontece na rua, mas ele\n acontece dentro de casa na maioria dos casos", disse a ministra.\n "Incentivamos muito a mulher a denunciar."\n \n
Segundo\n dados da secretaria, o número de relatos de abuso sexual contra mulheres pelo\n serviço Ligue 180 passou de 320 em 2006 para 1.686 em 2012.\n \n
Dilma\n Rousseff\n \n A\n comunidade internacional discute a situação das mulheres no mundo na Comissão\n sobre o Status da Mulher, que acontece nesta semana e na próxima na sede da ONU\n em Nova York.\n \n
Um\n dos objetivos do evento, segundo afirmou nesta semana a diretora da ONU\n Mulheres, Michelle Bachelet, é que os governos apresentem estratégias para\n reduzir a violência de gênero no mundo.\n \n Tavares,\n a representante brasileira do órgão, elogiou a Lei Maria da Penha – que desde\n 2006 endureceu as punições para quem pratica violência contra a mulher. Porém,\n disse que para a ONU a violência contra a mulher no Brasil "chega a níveis\n alarmantes".\n \n
"Com\n a Lei Maria da Penha, o governo brasileiro deu um importante passo, mas o\n sistema de Justiça brasileiro reconhece de forma irregular a gravidade da\n violência doméstica e familiar", disse.\n \n "Por\n isso precisamos trabalhar continuamente para conscientizar a sociedade sobre a\n importância de erradicar a violência contra as mulheres", afirmou.\n \n
\n \n Ela\n também apontou pontos positivos da política do governo Dilma Rousseff em\n relação ao tema da mulher.\n \n Na\n área política, a representante da ONU Mulheres elogiou a nomeação de mulheres\n para altos cargos do governo, entre eles dez ministérios.\n \n
"A\n presidenta e as ministras tornam-se modelos a seguir, representando exemplos\n reais de que é possível ter uma participação política legítima (da mulher) na\n sociedade brasileira", disse Tavares.\n \n
No\n campo diplomático, ela citou os esforços de Dilma para realizar a "Cúpula\n de Mulheres Chefes de Estado pelo Futuro que as Mulheres Querem", durante\n a Rio +20 e do governo brasileiro para ratificar a Convenção sobre o Trabalho\n Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos.\n \n
A\n diplomata elogiou ainda o trabalho do Ligue 180 e as campanhas do governo\n federal junto aos órgãos do judiciário para a implantação da Lei Maria da\n Penha.\n \n
A\n farmacêutica Maria da Penha Fernandes, que ficou paraplégica ao ser baleada\n pelo marido e emprestou seu nome à lei, também elogiou o governo Dilma.\n \n
"A\n Dilma tem apoiado as ações das instituições que desenvolvem projetos a esse\n respeito e as parcerias com entidades internacionais. Tem colocado verbas para\n determinadas pesquisas para dar um basta a essa violência", disse.\n \n
Maria\n da Penha afirmou, porém, que a implementação total da lei depende de gestores\n estaduais. Segundo ela, a erradicação da violência contra a mulher no período\n de um governo "é uma utopia".\n \n nbsp;\n \n \n \n \n
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