\n \n A\n última semana foi marcada pelos protestos contra o aumento das passagens de\n ônibus pelo país; parece que a manifestação originada em São Paulo está\n escrevendo um capítulo da história. \n \n Mas\n será que nossa passagem de ônibus é tão cara? Pesquisamos o preço das passagens\n de ônibus em dez cidades ao redor do mundo e os comparamos com Rio e São Paulo,\n onde os protestos foram mais intensos. \n \n Muitas\n análises pesquisam o preço na moeda local e os transforma em dólar. Esses\n resultados chegam à mesma conclusão: o Brasil está longe de ser o local com\n passagens mais caras -São Paulo e Rio são mais baratas, pela ordem, do que\n Londres, Tóquio, Ottawa (Canadá), Nova York, Lisboa, Paris e Madri. \n \n Esse\n tipo de análise é superficial, pois não considera o salário médio; ou seja, um\n dólar num país ser mais fácil de ganhar do que outro. \n \n Mais\n realista é levar em conta o preço das passagens em minutos trabalhados,\n considerando, portanto, a renda média e as horas trabalhadas em cada cidade. \n \n Ao\n classificar os preços pelos salários, São Paulo e Rio têm as passagens mais\n caras. \n \n O\n paulistano tem que trabalhar 14 minutos para pagar uma passagem. Para o morador\n do Rio, são 13 minutos. \n \n São\n superiores aos quatro minutos dos chineses. \n \n Talvez\n as manifestações não sejam contra o aumento de R$ 0,20 na passagem, mas contra\n um transporte que não apresenta os serviços encontrados ao redor do mundo. \n \n Como\n diria o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, "a cidade avançada não é\n aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam\n transporte público". O que está acontecendo aqui parece ser o oposto.\n \n \n