Sábado, 3 de Maio de 2025
Brasil
09/04/2013 09:00:00
Diretor de Federação de Médicos critica polícia e mídia no caso do Hospital Evangélico
"São questões que demandam uma perícia superespecializada em UTIs, em bioética. Uma auditoria apenas analítica, documental, pode gerar interpretações não fidedignas. É preciso tomar muito cuidado", afirmou.

UOL/PCS

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Foto: Andre Rodrigues
\n \n O diretor\n financeiro da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), o paranaense Mario\n Antonio Ferrari, questionou aspectos da investigação que acusa a médica\n Virginia Helena Soares de Souza por homicídio duplamente qualificado de sete\n pacientes internados na UTI (unidade de terapia intensiva) geral do Hospital\n Evangélico, em Curitiba. \n \n "O MPE\n (Ministério Público Estadual) merece todo o nosso crédito. Mas pode ter\n acontecido do trabalho que antecedeu as intervenções ter "apoio em pés de\n barro" em aspectos técnicos", disse nesta terça-feira (9) em entrevista. \n \n "São questões\n que demandam uma perícia superespecializada em UTIs, em bioética. Uma auditoria\n apenas analítica, documental, pode gerar interpretações não fidedignas. É\n preciso tomar muito cuidado", afirmou. \n \n O inquérito\n policial que gerou a denúncia contra Virginia, outros três médicos, três\n enfermeiros e uma fisioterapeuta, durou cerca de um ano e foi questionado\n também pela defesa da médica, que logo no início do caso o qualificou de\n "maior erro investigativo e midiático da nossa história".\n \n No último sábado\n (6), Ferrari e outros integrantes da cúpula da Fenam --entidade que reúne todos\n os sindicatos de médicos do país-- estiveram em Curitiba. Na cidade,\n reuniram-se com Virginia no escritório do advogado dela, no Juvevê, bairro da\n região norte. \n \n "Fomos lá sem\n adotar qualquer posicionamento ou juízo de valor quanto aos fatos. A denúncia\n já foi oferecida pelo MPE. Agora, quem se pronuncia é o Judiciário, de quem\n esperamos uma manifestação dentro da lei. Mas há um princípio constitucional,\n da presunção da inocência, que deve ser garantido a todo cidadão brasileiro.\n [No caso do Hospital Evangélico] Ele foi desconsiderado, com todas as\n letras", justificou. \n \n "Da maneira\n como fatos estão sendo colocados, nem é preciso mais haver julgamento. As\n manchetes já praticamente a colocam [como culpada], mesmo sem ouvir pessoal\n especializado no assunto. Os atos realizados numa UTI são assunto eminentemente\n técnico. Mas vemos reportagens em que um técnico de enfermagem estabelece\n juízos de valor em relação a procedimentos médicos", criticou. \n \n Além da mídia,\n Ferrari não poupou críticas a polícia havia cinegrafistas e fotógrafos\n esperando pela saída de Virginia, presa, do Hospital Evangélico, em 19 de\n fevereiro, apesar do inquérito até então ser sigiloso. "Se o processo\n corria em segredo, como é possível que os holofotes estavam preparados\n justamente na hora da prisão? O sensacionalismo foi permitido pelos órgãos que\n deveriam manter o sigilo de Justiça", falou. \n \n O diretor da Fenam\n disse ter ouvido de Virginia que os policiais que fizeram a prisão sequer lhe\n teriam dado tempo de transmitir aos demais plantonistas informações sobre o\n estado dos pacientes internados na UTI naquele dia. "É uma informação\n preocupante, que mostra uma interferência clara na prerrogativa médica",\n argumentou.
O Simepar (Sindicato dos Médicos do Paraná), filiado à Fenam,\n pleiteia junto à Justiça o direito de acompanhar o processo penal.\n "Participar de processos que envolvam médicos é uma atribuição\n constitucional da entidade", disse Ferrari.\n \n \n \n \n
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