Brasil
14/04/2014 06:42:50
Documentos mostram comissão que ex-diretor da Petrobras receberia
Fantástico teve acessos a planilhas apreendidas pela PF. Documento mostra comissão de até 50% para contratos fechados.
G1/PCS
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Novos documentos apreendidos pela Polícia Federal e exibidos pelo Fantástico\n mostram detalhes dos negócios feitos pela consultoria do ex-diretor da\n Petrobras Paulo Roberto Costa e empresas que tinham contratos com a Petrobras.\n \n A PF apreendeu na casa de Costa, no Rio de Janeiro, planilhas onde o\n ex-diretor da Petrobras listava as empresas que contrataram os serviços da\n Costa Global, consultoria criada depois que ele saiu da Petrobras em 2012.\n \n O ex-diretor da Petrobras mantinha um controle detalhado de todas operações\n que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. É\n justamente essa riqueza de informações que está ajudando a Polícia Federal a\n descobrir as ligações dele e o tamanho da rede que ele operava.\n \n Numa das planilhas obtidas pelo Fantástico, aparece ao lado do nome das\n empresas a porcentagem que o ex-diretor da Petrobras receberia caso conseguisse\n contratos para elas. Em muitos casos, a comissão é de 50%.\n \n Costa e o doleiro Alberto Youssef, suspeito de chefiar suposto esquema de\n lavagem de dinheiro e evasão de divisas, foram presos pela operação Lava Jato.\n Segundo as investigações, o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 10\n bilhões.\n \n Operação Lava Jato
\n A operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março. Na ocasião, a PF executou\n mandados em Curitiba e outras 16 cidades do Paraná, além de cidades de outros\n seis estados.\n \n Na sexta-feira (11), foram cumpridos 16 mandados de busca, quatro de\n condução coercitiva (quando o suspeito é levado para depor) e um de prisão\n temporária nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Macaé e Niterói.\n Os documentos recolhidos e os R$ 70 mil apreendidos nesta segunda fase da\n operação Lava Jato foram levados para a Superintendência da Polícia Federal\n (PF) no Paraná, em Curitiba.\n \n CONFIRA A SEGUIR A ÍNTEGRA DA REPORTAGEM DO FANTÁSTICO:\n \n O Fantástico teve acesso com exclusividade a novos documentos apreendidos na\n casa do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele foi preso pela\n Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Paulo Roberto e o doleiro Alberto\n Youssef são suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que\n pode ter movimentado R$ 10 bilhões.\n \n Esses novos documentos mostram detalhes de negócios feitos entre a\n consultoria de Paulo Roberto e empresas que tinham contratos com a Petrobras. A\n reportagem é de Fernando Parracho e James Alberti.\n \n A Polícia Federal apreendeu na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto\n Costa documentos e planilhas onde ele listava as empresas que contrataram os\n serviços da Costa Global, a consultoria que ele criou depois que saiu da\n Petrobras, em 2012.\n \n Paulo Roberto mantinha um controle detalhado de todas as operações que ele\n intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. É justamente essa\n riqueza de detalhes que está ajudando a Polícia Federal a descobrir as conexões\n de Paulo Roberto Costa e o tamanho da rede que ele operava.\n \n Em uma planilha, a que o Fantástico teve acesso, Paulo Roberto anotava ao\n lado do nome das empresas, a porcentagem que ele receberia, caso conseguisse\n contratos para elas.\n \n Chama a atenção que em muitos casos, a comissão do ex-diretor da Petrobras é\n de 50%. Uma das empresas é a Astromarítima Navegação S.A., que funciona no\n bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Em outubro do ano passado, a\n Astromarítima assinou com a Petrobras seis contratos de serviço de fretamento\n de embarcações. No total, aproximadamente R$ 490 milhões, em valores\n convertidos no câmbio deste domingo (13).\n \n A empresa assinou ainda um outro contrato com a Petrobras em janeiro de\n 2014, no valor de mais de R$ 69 milhões, pelo câmbio deste domingo.\n \n Em 28 de novembro de 2013, um mês após a assinatura do primeiro contrato da\n Astromaritima com a Petrobras, Paulo Roberto Costa menciona a empresa em uma\n planilha.\n \n Na coluna referente ao Success Fee, a comissão que a Costa Global receberá\n da Astromarítima, caso tivesse sucesso no negócio, seria de 5% do valor bruto,\n mais 50% não especificados.\n \n Mas, este acerto aparece detalhado em outro documento aprendido pela Polícia\n Federal. É uma espécie de contabilidade feita por Paulo Roberto dos negócios da\n Costa Global.\n \n No trecho em que se refere aos contratos em andamento, o documento confirma\n que a Astromarítima Navegações S.A. pagaria comissão de 5% do valor bruto, até\n o limite de R$ 110 milhões, e mais 50% sobre o montante que ultrapassasse este\n valor.\n \n Essas anotações se referem a contratos obtidos pela empresa do Paulo\n Roberto, declarados e legais e que, nesse caso, se refere a tentativa de\n investimento ou venda desta empresa. Nenhuma relação com a Petrobras, afirma\n Fernando Augusto Fernantes, advogado do Paulo Roberto Costa.\n \n O doleiro Alberto Youssef, que foi preso com Paulo Roberto Costa, pela\n Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato, no mês passado, também aparece\n nestas planilhas.\n \n Em um balanço contábil de negócios feitos entre novembro de 2012 e junho de\n 2013, Paulo Roberto registrou entradas de R$ 1 milhão e 60 mil, parte em euros,\n parte em dólares. E atribuiu a origem deste dinheiro, a uma pessoa que ele\n chama de "primo".\n \n A investigação da Polícia Federal aponta que "primo" é o apelido\n de Alberto Youssef, algumas vezes também chamado de "Beto". Ele e\n Paulo Roberto teriam operado o esquema de lavagem de dinheiro que movimentou\n US$ 10 bilhões em quatro anos.\n \n Balcão de negócios
\n O deputado Fernando Franceschini, do Solidariedade, membro da comissão externa\n criada pela Câmara Federal para investigar os contratos da Petrobras com a\n empresa holandesa SBM, quer que a comissão investigue também os contratos\n suspeitos de terem sido intermediados pelo ex-diretor de abastecimento da\n Petrobras, Paulo Roberto Costa.\n \n Para o deputado, Paulo Roberto usou a Petrobras para levantar uma quantia\n milionária.\n \n As denúncias são gravíssimas novamente. Mostram que o senhor Paulo Roberto,\n diretor da Petrobras à época, montou um balcão de negócios dentro da sua\n atividade. Dividindo lucro de negócios escusos, usando o doleiro Alberto\n Youssef para lavar esse dinheiro, que muitas vezes ia parar nas campanhas\n políticas, destaca Fernando Francischini, deputado federal do Solidariedade /\n PR.\n \n O advogado de Paulo Roberto Costa, Fernando Fernandes, disse que o cliente\n dele não responde a manifestações políticas de pessoas que, segundo ele, estão\n se aproveitando do momento eleitoral. Quanto aos 50% de comissão que estão\n destacados na planilha apreendida pela Polícia Federal, ele diz que se referem\n à metade de 5%, o que daria um total de 7,5% de comissão sobre o contrato\n fechado.\n \n A produção do Fantástico conseguiu localizar um dos sócios da Astromarítima.\n Alcir Bourbon Cabral informou, por telefone, que o único contato que a empresa\n teve com a Costa Global, de Paulo Roberto Costa, foi na busca de novos\n investidores. Mas não deu certo, e nenhum contrato foi fechado com a\n intermediação dele.\n \n Segundo Alcir Cabral, os contratos que a Astromarítima tem com a Petrobras\n foram submetidos às concorrências previstas por lei.\n \n A Petrobras confirmou que tem contratos com a Astromarítima desde a década\n de 1980. Mas disse que, neste domingo (13), não conseguiria dar mais detalhes.\n \n nbsp;
\n A operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março. Na ocasião, a PF executou\n mandados em Curitiba e outras 16 cidades do Paraná, além de cidades de outros\n seis estados.\n \n Na sexta-feira (11), foram cumpridos 16 mandados de busca, quatro de\n condução coercitiva (quando o suspeito é levado para depor) e um de prisão\n temporária nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Macaé e Niterói.\n Os documentos recolhidos e os R$ 70 mil apreendidos nesta segunda fase da\n operação Lava Jato foram levados para a Superintendência da Polícia Federal\n (PF) no Paraná, em Curitiba.\n \n CONFIRA A SEGUIR A ÍNTEGRA DA REPORTAGEM DO FANTÁSTICO:\n \n O Fantástico teve acesso com exclusividade a novos documentos apreendidos na\n casa do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele foi preso pela\n Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Paulo Roberto e o doleiro Alberto\n Youssef são suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que\n pode ter movimentado R$ 10 bilhões.\n \n Esses novos documentos mostram detalhes de negócios feitos entre a\n consultoria de Paulo Roberto e empresas que tinham contratos com a Petrobras. A\n reportagem é de Fernando Parracho e James Alberti.\n \n A Polícia Federal apreendeu na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto\n Costa documentos e planilhas onde ele listava as empresas que contrataram os\n serviços da Costa Global, a consultoria que ele criou depois que saiu da\n Petrobras, em 2012.\n \n Paulo Roberto mantinha um controle detalhado de todas as operações que ele\n intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. É justamente essa\n riqueza de detalhes que está ajudando a Polícia Federal a descobrir as conexões\n de Paulo Roberto Costa e o tamanho da rede que ele operava.\n \n Em uma planilha, a que o Fantástico teve acesso, Paulo Roberto anotava ao\n lado do nome das empresas, a porcentagem que ele receberia, caso conseguisse\n contratos para elas.\n \n Chama a atenção que em muitos casos, a comissão do ex-diretor da Petrobras é\n de 50%. Uma das empresas é a Astromarítima Navegação S.A., que funciona no\n bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Em outubro do ano passado, a\n Astromarítima assinou com a Petrobras seis contratos de serviço de fretamento\n de embarcações. No total, aproximadamente R$ 490 milhões, em valores\n convertidos no câmbio deste domingo (13).\n \n A empresa assinou ainda um outro contrato com a Petrobras em janeiro de\n 2014, no valor de mais de R$ 69 milhões, pelo câmbio deste domingo.\n \n Em 28 de novembro de 2013, um mês após a assinatura do primeiro contrato da\n Astromaritima com a Petrobras, Paulo Roberto Costa menciona a empresa em uma\n planilha.\n \n Na coluna referente ao Success Fee, a comissão que a Costa Global receberá\n da Astromarítima, caso tivesse sucesso no negócio, seria de 5% do valor bruto,\n mais 50% não especificados.\n \n Mas, este acerto aparece detalhado em outro documento aprendido pela Polícia\n Federal. É uma espécie de contabilidade feita por Paulo Roberto dos negócios da\n Costa Global.\n \n No trecho em que se refere aos contratos em andamento, o documento confirma\n que a Astromarítima Navegações S.A. pagaria comissão de 5% do valor bruto, até\n o limite de R$ 110 milhões, e mais 50% sobre o montante que ultrapassasse este\n valor.\n \n Essas anotações se referem a contratos obtidos pela empresa do Paulo\n Roberto, declarados e legais e que, nesse caso, se refere a tentativa de\n investimento ou venda desta empresa. Nenhuma relação com a Petrobras, afirma\n Fernando Augusto Fernantes, advogado do Paulo Roberto Costa.\n \n O doleiro Alberto Youssef, que foi preso com Paulo Roberto Costa, pela\n Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato, no mês passado, também aparece\n nestas planilhas.\n \n Em um balanço contábil de negócios feitos entre novembro de 2012 e junho de\n 2013, Paulo Roberto registrou entradas de R$ 1 milhão e 60 mil, parte em euros,\n parte em dólares. E atribuiu a origem deste dinheiro, a uma pessoa que ele\n chama de "primo".\n \n A investigação da Polícia Federal aponta que "primo" é o apelido\n de Alberto Youssef, algumas vezes também chamado de "Beto". Ele e\n Paulo Roberto teriam operado o esquema de lavagem de dinheiro que movimentou\n US$ 10 bilhões em quatro anos.\n \n Balcão de negócios
\n O deputado Fernando Franceschini, do Solidariedade, membro da comissão externa\n criada pela Câmara Federal para investigar os contratos da Petrobras com a\n empresa holandesa SBM, quer que a comissão investigue também os contratos\n suspeitos de terem sido intermediados pelo ex-diretor de abastecimento da\n Petrobras, Paulo Roberto Costa.\n \n Para o deputado, Paulo Roberto usou a Petrobras para levantar uma quantia\n milionária.\n \n As denúncias são gravíssimas novamente. Mostram que o senhor Paulo Roberto,\n diretor da Petrobras à época, montou um balcão de negócios dentro da sua\n atividade. Dividindo lucro de negócios escusos, usando o doleiro Alberto\n Youssef para lavar esse dinheiro, que muitas vezes ia parar nas campanhas\n políticas, destaca Fernando Francischini, deputado federal do Solidariedade /\n PR.\n \n O advogado de Paulo Roberto Costa, Fernando Fernandes, disse que o cliente\n dele não responde a manifestações políticas de pessoas que, segundo ele, estão\n se aproveitando do momento eleitoral. Quanto aos 50% de comissão que estão\n destacados na planilha apreendida pela Polícia Federal, ele diz que se referem\n à metade de 5%, o que daria um total de 7,5% de comissão sobre o contrato\n fechado.\n \n A produção do Fantástico conseguiu localizar um dos sócios da Astromarítima.\n Alcir Bourbon Cabral informou, por telefone, que o único contato que a empresa\n teve com a Costa Global, de Paulo Roberto Costa, foi na busca de novos\n investidores. Mas não deu certo, e nenhum contrato foi fechado com a\n intermediação dele.\n \n Segundo Alcir Cabral, os contratos que a Astromarítima tem com a Petrobras\n foram submetidos às concorrências previstas por lei.\n \n A Petrobras confirmou que tem contratos com a Astromarítima desde a década\n de 1980. Mas disse que, neste domingo (13), não conseguiria dar mais detalhes.\n \n nbsp;
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