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ImprimirO Supremo Tribunal Federal retomou nesta segunda-feira (19) o julgamento do processo por tentativa de golpe de Estado que inclui entre os réus o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre as testemunhas ouvidas estava o ex-comandante do Exército.
O general Marco Antônio Freire Gomes confirmou ter participado de reuniões em que o ex-presidente discutiu alternativas para tentar impedir a posse de Lula.
A nova fase do julgamento começou com as testemunhas de acusação do núcleo considerado "central" pelo Ministério Público. Para o órgão, os sete denunciados sabiam dos supostos planos para impedir a posse do presidente Lula, e ainda articularam o que a Procuradoria-geral da República (PGR) definiu como "um ataque direto à democracia e às instituições da República".
Foram ouvidos o ex-comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, que conforme a Polícia Federal, foi pressionado a aderir à trama golpista e se recusou. Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de análise da Polícia Rodoviária Federal, que teria sido chamado para acompanhar o deslocamento de eleitores de Lula no primeiro turno.
Clebson Ferreira de Paula Vieira, ex-analista de inteligência do Ministério da Justiça, que teria elaborado planilhas com dados sobre onde o PT teve 75% ou mais de votos. E o empresário Éder Lindsay Magalhães Balbino, que teria ajudado a montar um dossiê falso sobre as urnas eletrônicas.
A audiência foi conduzida via teleconferência pelo ministro relator Alexandre de Moraes. A gravação de imagens e áudio foi proibida. Réus da ação, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto assistiram à audiência no STF.
O ex-comandante do Exército confirmou reuniões em que Jair Bolsonaro apresentou documentos para decretar estado de sítio, defesa ou garantia da lei e da ordem, para impedir a posse de Lula e prender autoridades, como Alexandre de Moraes.
O militar afirmou que Bolsonaro estava "estudando" essas possibilidades, e que o Exército e o comando da Aeronáutica disseram que não participariam dessas ações.
Sobre o comandante da Marinha, Freire Gomes primeiro disse que não "estava focado na resposta do almirante Almir Garnier". Mas depois confirmou que Garnier teria declarado que "estava com o presidente Bolsonaro".
Serão ouvidas 82 testemunhas de defesa e acusação até 2 de junho. Somente depois disso é que os réus vão começar a depor. A expectativa é que Bolsonaro seja chamado no máximo até o início de julho.