\n \n O\n plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) elegeu na tarde desta quarta-feira (10)\n o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, como novo\n presidente para um mandato de dois anos.\n \n Barbosa\n será o primeiro negro a ocupar o comando do tribunal e assumirá a vaga que será\n deixada por Ayres Britto, que se aposenta em novembro.\n \n O\n vice-presidente da corte será o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do\n processo do mensalão.\n \n O\n resultado já era esperado, uma vez que a sucessão do comando segue a ordem da\n antiguidade – os ministros escolhem o mais antigo integrante do tribunal e o\n segundo mais antigo passa a ser o vice.\n \n O\n critério faz com que o atual vice sempre seja o próximo presidente. Aquele que\n termina o mandato vai para o fim da fila, para possibilitar a alternância.\n \n O\n mandato de Britto terminaria somente em 2014, mas a eleição teve de acontecer\n agora porque o atual presidente se aposentará compulsoriamente em novembro,\n quando completará 70 anos. Ainda não há data exata para a posse de Joaquim\n Barbosa.\n \n O\n resultado foi proferido por Rosa Weber, ministra com menos tempo de tribunal.\n Joaquim Barbosa recebeu nove votos para o cargo de presidente e Ricardo\n Lewandowski, um.\n \n Para\n a função de vice, Lewandowski recebeu nove votos e Cármen Lúcia, um. A eleição\n foi rápida e ocorreu antes do início da sessão para o julgamento do processo do\n mensalão.\n \n Barbosa\n se disse honrado com a escolha de seu nome. "Gostaria de agradecer a todos\n os colegas pela confiança em eleger-me ao cargo de presidente da corte e também\n dizer da minha elevada honra em ser eleito e futuramente exercer a presidência\n da casa,” afirmou.\n \n O\n presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou que Lewandowski e Barbosa\n formarão uma “dupla à altura” da história do tribunal. “Eminente ministro\n Lewandowski formará com Joaquim Barbosa uma dupla de dirigentes à altura das\n melhores tradições do Supremo Tribunal Federal em sua larga história de\n serviços prestados", disse Britto.\n \n Relator\n do mensalão, Barbosa protagonizou várias discussões com Lewandowski, revisor do\n processo, ao longo do julgamento.\n \n Após\n ser eleito vice-presidente do Supremo, Lewandowski afirmou que assumirá papel\n "coadjuvante".\n \n "O\n papel de vice-presidente da corte não é papel de protagonista, mas é papel de\n coadjuvante e colaborador. Barbosa poderá ter a certeza e convicção de que tudo\n farei para que sua excelência tenha uma administração plena de êxito como merece\n e o Brasil espera", disse Lewandowski.\n \n Ministro\n com mais tempo de Supremo, Celso de Mello discursou em homenagem a Joaquim\n Barbosa. Ele disse estar certo de que o presidente eleito agirá com “prudência”\n na chefia do Judiciário.\n \n “Desejo\n todo o sucesso no desempenho das funções. Tenho certeza de que saberá, agindo\n com sabedoria, com prudência e com segurança enfrentar e superar os obstáculos\n que são tão comuns ao exercício da Suprema Corte do Brasil.”\n \n O\n procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a palavra para falar sobre\n a eleição de Joaquim Barbosa. Ele lembrou que Barbosa foi integrante do\n Ministério Público. “É motivo de orgulho e de honra. Desejamos todo o sucesso à\n frente da Suprema Corte”, afirmou.\n \n O\n tricampeão brasileiro de Fórmula 1 Nelson Piquet veio acompanhar a eleição do\n ministro Joaquim Barbosa para a presidência do Supremo. O ex-piloto é amigo do\n relator do processo do mensalão. Piquet se sentou na primeira fileira de\n poltronas reservadas às defesas dos réus.\n \n Ao\n falar em nome dos advogados, Roberto Caldas disse que o país está em “júbilo”\n com a eleição de Barbosa para a presidência do STF.\n \n “A\n nação encontra-se em júbilo com a eleição do ministro Joaquim Barbosa. Ao\n manter a tradição de eleição do mais antigo da corte, o Supremo Tribunal\n Federal terá no próximo presidente a sabedoria da condução do tribunal, pelos\n desígnios e desejos que a nossa nação espera do Supremo Tribunal Federal.”\n \n Primeiro\n negro a comandar STF
\n Barbosa, atualmente com 58 anos, será o primeiro negro a presidir o Supremo.\n Ministro do STF desde 2003, nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da\n Silva, atuou quase 20 anos como procurador do Ministério Público Federal.\n \n Nascido\n em Paracatu, noroeste de Minas Gerais, Barbosa tem origem pobre. O pai, já\n falecido, era pedreiro e a mãe é dona de casa. Em Brasília, morou de favor na\n casa de parentes e estudou em escola pública. Trabalhou como faxineiro e como\n compositor gráfico no Senado Federal.
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\n Manteve intensa vida acadêmica ao longo da carreira. É doutor e mestre em\n direito público pela Universidade de Paris. Também terminou mestrado em direito\n e estado na Universidade de Brasília (UnB).\n \n É\n professor licenciado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de\n Janeiro. Barbosa fala quatro idiomas: francês, inglês, alemão e italiano.
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\n Como ministro do STF, ganhou notoriedade depois de ser sorteado o relator do\n mais complexo processo penal que já passou pela corte, o do mensalão, e é\n conhecido pelos embates acalorados com colegas de plenário.
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\n Polêmicas
\n Em abril de 2009, Barbosa protagonizou uma discussão com o ministro Gilmar\n Mendes. Disse que o colega tinha "capangas" no Mato Grosso.\n \n Recentemente,\n criticou o colega Marco Aurélio Mello, sugerindo que ele foi indicado para o\n STF em razão do parentesco com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, de\n quem é primo.\n \n Também\n acusou o revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, de fazer\n "vista grossa" para as provas dos autos.
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\n Ao contrário de outros magistrados, Joaquim Barbosa não costuma receber\n advogados dos processos nos quais atua.\n \n Nos\n últimos anos, passou a ter problemas em razão de uma inflamação na base da\n coluna e chegou a tirar diversas licenças. Durante os julgamentos, costuma levantar\n e se ausentar do plenário para sessões de fisioterapia.\n \n \n \n \n