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Brasil
24/07/2014 10:00:34
Noivo com câncer realiza sonho e se casa três dias antes de morrer
A união simbólica foi o último desejo do noivo, que morreu três dias depois, vítima de câncer em múltiplos órgãos.

G1/AB

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Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves
Buquê, alianças, noivos, família, amigos e amor. O casamento de Michele\n Alves de Oliveira e João Marcos da Silva teve todos os ingredientes de uma\n cerimônia tradicional, não fosse pelo lugar onde aconteceu: dentro de um\n hospital de Botucatu (SP). A união simbólica foi o último desejo do noivo, que\n morreu três dias depois, vítima de câncer em múltiplos órgãos.
\n \n O noivo descobriu há quatro anos que tinha câncer no abdômen. Após a primeira\n cirurgia para tentar conter o avanço do tumor, ele pediu Michele em\n casamento.nbsp;No entanto, a doença continuou evoluindo e os planos do casal\n foram adiados até o dia 30 de junho, quando a união aconteceu com direito a\n vestido branco, música e muita emoção.\n \n No corredor, a noiva usava um vestido branco curto e foi guiada até o altar\n improvisado onde o noivo a esperava. Um painel foi fechado no corredor para\n restringir um pouco mais a cerimônia. nbsp;João estava internado no hospital\n há três semanas quando ficou sabendo pelos médicos que teria só mais alguns dias\n de vida. Ele resolveu, então, realizar o sonho de se casar com Michele, com\n quem namorava há cinco anos.\n \n O jovem passou por vários tratamentos e internações desde que descobriu a\n doença. Na última passagem pelo hospital, em junho, os médicos avisaram que ele\n precisaria passar por uma nova cirurgia, que João não aceitou. “A equipe médica\n alertou que ele não teria muito tempo de vida, mas quando conversamos, ele me\n disse que só tinha um sonho para realizar antes de morrer, que era se casar\n comigo", conta Michele.\n \n A tão esperada união teve ajuda da equipe médica. “Ela saiu triste da sala\n perguntando se seria possível casar dentro do hospital. Sabíamos que não era\n fácil, nem comum, mas agimos com o coração”, lembra a técnica em enfermagem Kelly Cristina\n da Silva, de 23 anos. Na sequência, os funcionários fizeram uma\n "vaquinha", organizaram a festa que ficou pronta em dois dias, com\n direito a bolo e salgadinhos, além da presença de um pastor.\n \n Cerimônia
\n Apesar de não ter tido tempo de planejar o casamento como a maioria das noivas\n sonha, Michele conta que o resultado no hospital foi marcante. “Foi tudo muito\n delicado, simples e bonito. Ele dizia que estava muito feliz e que eu estava\n linda”, lembra emocionada a noiva que cantava e segurava as lágrimas durante a\n celebração.\n \n Por conhecer o hospital e acompanhar a rotina os pacientes,\n Kelly lembra que o cuidado e amor que a jovem tinha com o noivo surpreendeu os\n profissionais. “Ela não saía de lá por nada, ficava até mais que a mãe",\n afirma a enfermeira, que diz não estar acostumada a ver provas de amor como\n esta. “Quando uma das duas pessoas está doente, o relacionamento costuma não\n durar. Não é nem porque não existe amor, mas muitos namoros e casamentos\n terminam porque aquele companheiro não quer que o outro veja seu sofrimento",\n afirma.nbsp;\n \n \n \n Convidada “por acaso”
\n Entre médicos, enfermeiras, parentes e amigos próximos do casal, uma das\n pessoas que acompanhava a cerimônia estava lá por um acaso. Uma funcionária\n administrativa do hospital passava pelo quarto do noivo, quando descobriu o que\n estava acontecendo e se tornou fotógrafa oficial da cerimônia.\n \n “Achei que já tinha visto de tudo dentro de um hospital, e de repente, vejo\n essa história bonita de amor acontecer e se realizar. Lindo demais",\n afirma a funcionária, que prefere não ser identificada.\n \n A "fotógrafa" até postou em uma rede social sobre o quanto estava\n emocionada em participar daquele momento por acaso. “É impossível descrever a\n sensação que eu senti e sinto ainda ao pensar em tudo que passei ali naqueles\n 40 minutos. Deus sabe o quanto eu me segurei para não cair em lágrimas.”\n \n Anos de namoro e dias de casamento
\n João morreu três dias depois da cerimônia que comoveu o hospital. Para a noiva\n Michele, o que fica são as lembranças dos bons momentos de anos de namoro e dos\n poucos dias de casamento. “Nunca o vi reclamando. Ele era divertido,\n extrovertido, animado, sempre brincalhão e tinha muita fé em Deus. É isso que\n eu vou guardar do meu noivo.”\n \n Durante o tempo em que acompanhou João no tratamento, Michele conta ainda\n que muitas pessoas diziam que ela mantinha o relacionamento com ele por pena.\n No entranto, ela faz questão de afirmar que permaneceu com o namorado/noivo por\n amor e companherismo.\n \n "Mesmo enfrentando tudo isso, ele conseguia me fazer sentir a mulher\n mais feliz do mundo", comenta.nbsp;Apesar do triste fim da história de\n amor, a noiva faz questão de contar a sua trajetória para sirva de inspiração\n para as pessoas.\n \n “Não podemos desistir nunca. O joão falava para ter fé até o último dia e\n nada de se abater ou desanimar diante de um sonho. Claro que eu queria que ele\n estivesse aqui e a gente estivesse comemorando a cura dele, mas acho que o\n casamento foi um conforto em meio à dor”, conclui Michele.
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