Brasil
25/12/2013 10:23:22
Número de idosos que moram sozinhos triplica em 20 anos
Aos 89 anos, o militar aposentado Augusto Sonesso esbanja saúde. Vai ao clube diariamente, faz musculação, nada e joga bilhar com os amigos. Viúvo há três anos, tem filho, nora e netos, mas prefere morar sozinho.
UOL/PCS
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Aos\n 89 anos, o militar aposentado Augusto Sonesso esbanja saúde. Vai ao \n clube diariamente, faz musculação, nada e joga bilhar com os amigos. \n Viúvo há três anos, tem filho, nora e netos, mas prefere morar sozinho. \n Ele faz parte de um contingente que cresce no país: o de idosos vivendo sós. \n Entre 1992 e 2012, o número deles triplicou, passando de 1,1 milhão para\n 3,7 milhões-um aumento de 215%, segundo as PNADs (Pesquisa Nacional por\n Amostra de Domicílio), do IBGE.\n No mesmo período, a população de idosos acima de 60 anos passou de 11,4 \n milhões para 24,8 milhões, um crescimento de 117%.\n Há várias hipóteses para explicar a tendência, entre elas a feminização \n do envelhecimento. Entre os idosos hoje morando sozinhos, 65% são \n mulheres. \n "Em geral, elas já criaram os filhos, estão viúvas ou separadas e querem\n manter autonomia", diz Alexandre Kalache, que já dirigiu o programa de \n envelhecimento da Organização Mundial da Saúde e preside o Centro \n Internacional de Longevidade. \n Mas mesmo entre os homens, há sinais de uma maior independência. O \n percentual dos que vivem sozinhos passou de 31% para 35% nas últimas \n duas décadas. \n Segundo Kalache, outra explicação é o fato de que hoje existe uma maior \n dispersão e fragmentação das famílias, com muitos filhos não morando na \n cidade dos pais. \n Essas mudanças, associadas ao aumento da longevidade, têm levado as \n pessoas a ver com mais naturalidade a decisão de um idoso morar sozinho,\n de acordo com Marília Berzins, doutora em saúde pública pela USP e \n presidente do Observatório da Longevidade. \n "O que antes era tido como sinal de abandono, agora é visto como autonomia." \n \n SUPORTE\n De olho nesse filão, empresas estão investindo em produtos que dão suporte aos idosos que vivem sós. \n É a chamada teleassistência, por meio da qual centrais que funcionam 24 \n horas monitoram o idoso dentro e fora de casa (veja texto ao lado). \n Augusto Sonesso é um dos usuários dessas tecnologias. Tem uma pulseira \n com identificação e alarme e já precisou de ajuda duas vezes, quando \n sofreu queda de pressão e desmaiou. "Isso me deixa mais mais seguro de \n viver sozinho", diz ele. \n O filho, Eduardo, e a nora, Maria Teresa, moram na Granja Viana, a 20 km\n do apartamento onde Sonesso vive, no Paraíso (zona sul). \n "Em uma emergência, não dá tempo de chegar. Ficamos mais tranquilos \n sabendo que, se acontecer algo, a empresa nos avisa imediatamente e \n providencia socorro rápido", afirma Maria Teresa. \n SERVIÇOS PÚBLICOS\n Mas, segundo os especialistas, há muitos idosos vivendo sozinhos, sem \n amparo da família e sem condições de bancar assistência privada. \n Alguns municípios começam a se organizar para oferecer serviços públicos\n de teleassistência. A cidade de Joinville (SC), por exemplo, já \n implantou um e Santos desenvolve um projeto piloto. \n "Com o envelhecimento da população, esse tipo de assistência será \n fundamental. O poder público precisa se organizar para isso, como já \n fizeram países como Portugal e Inglaterra", diz Kalache. \n Em São Paulo, há um projeto da prefeitura de oferecer teleassistência a \n 10 mil residências onde moraram idosos sozinhos ou que ficam muito tempo\n a sós porque os filhos trabalham fora. \n A proposta, segundo Marília Berzins, autora do projeto, é priorizar \n idosos acima de 70 anos, com pelo menos três doenças crônicas, como \n diabetes e cardiopatias. \n Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde, há um\n processo de abertura de licitação em andamento para a contratação do \n serviço em 2014.
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