BBC BRASIL.com/AB
ImprimirIvanaldo Gomes Alves, de 43 anos, conversava com os amigos durante o trabalho no posto da Polícia Federal Rodoviária em Nova Olinda, no Maranhão. No meio da tarde do último dia 30 de setembro, uma sexta-feira, ele decidiu fazer uma pausa para fumar um cigarro.
O policial separou uma unidade do maço e a colocou em cima do balcão. Em seguida, foi à cozinha do posto.
Quando Alves voltou, seu cigarro estava no chão. Ele se abaixou imediatamente para pegá-lo.
E não se levantou mais.
"Foi um tiro só", relataram os dois policiais que estavam ao lado de Alves quando sua pistola Taurus PT 100 caiu do coldre preso ao seu colete e disparou sozinha. A bala atingiu a cabeça do policial, entre seus olhos. Ele morreu na hora, deixando dois filhos e sua mulher.
Alves é um dos 55 casos de policiais brasileiros atingidos por disparos acidentais de pistolas e metralhadoras em todo o país reunidos no site Vítimas da Taurus.
A intenção dos criadores do portal, que também estão entre as vítimas, é pressionar o Exército - regulador da produção no país - a proibir definitivamente a fabricação e o uso das armas feitas pela empresa.
Eles também pressionam pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, exigem que a Taurus indenize as vítimas e pedem que o governo abra o mercado para que seja possível a importação de outras marcas.
A Taurus, por sua vez, negou à BBC Brasil que seja culpada pelos incidentes e afirmou ser vítima de uma "campanha" contra sua reputação.
Ao ser questionada sobre o número de acidentes, a empresa disse que os policiais tinham muita dificuldade de lidar com armas modernas de pronto emprego, como as pistolas da Taurus - a empresa diz acreditar que parte dos acidentes tenha sido causada por falhas dos próprios policiais.
Por outro lado, o governo estadual paulista decidiu proibir a compra de novas Taurus durante dois anos.