A história é simples, sem maiores \n dramas, mas surpreende pelos personagens envolvidos e a dedicação à \n honestidade. De um lado, um senhor humilde, analfabeto, catador de \n latinhas e guardador de motos no Centro de Campo Grande. Do outro, um \n produtor rural de 88 anos.O mais rico perdeu um cheque, no valor \n de R$ 1.395,00. O mais pobre encontrou o papel no chão, na movimentada \n rua Marechal Rondon. O valor era o pagamento do salário de um peão de \n fazenda, que logo deu conta da perda e o cheque acabou sustado pelo \n patrão.Sem saber das providências, o catador de latinhas não \n sossegou até encontrar o dono do dinheiro. Pediu ajuda a um funcionário \n do Banco do Brasil, na agência onde costuma trabalhar também como \n guardador de motos no período da manhã.Naelcio Tribianne, de 29 \n anos, resolveu colaborar e depois de algumas ligações chegou ao número \n do telefone do pecuarista Evangelino Ladislau da Silva. Por fim, o \n bancário garantiu o encontro dos dois e o cheque acabou nas mãos do \n dono.“Eu tinha sustado o cheque, nem me importava. Mas fiz \n questão de ir até lá, porque o senhor que encontrou merecia um \n agradecimento. Ele poderia ter trocado, ter feito negócio com ele. Não \n tem mais gente assim no mundo”, comenta Evangelino.Infelizmente, a\n história não tem o personagem principal. O catador costuma rodar a \n cidade procurando material reciclável e não foi encontrado pelo Lado B.Mas\n o pecuarista fala um pouco da impressão que teve ao conversar com o \n homem. “Parecia que ele não queria ficar com alguma coisa que não era \n dele. Poderia ser até uma coisa sem valor, mas era de outra pessoa, por \n isso ele sentia que tinha de devolver”.O bancário que participou \n da busca pelo dono do cheque também ficou surpreso com o interesse do \n guardador de motos. “Ele é humilde, mas não desistiu. O mais \n interessante é que depois o dono deu uma recompensa para ele de R$ 50,00\n e ele me procurou para dar R$ 25,00 para mim, por ter ajudado”, conta.Naelcio\n diz que o “mais engraçado” foi que a gratificação surgiu em um momento \n de extrema necessidade. “Acordei pensando que precisava de dinheiro hoje\n para pagar um livro da faculdade. Não tinha de onde tirar. E foi \n justamente os R$ 25,00 que recebi do senhorzinho. Pedi muito a Deus e \n ele atendeu”, comenta.