Na disputa com outros oito candidatos, o grande vencedor do concurso Mister Diversidade MS 2015, foi Giovani Piancelli, de 29 anos. Representando a cidade de Três Lagoas, Giovani nasceu em Ladário e se mudou aos 8 anos para a Espanha, onde viveu por 12 em Barcelona. O sotaque de Giovani ainda é bastante marcado devido ao tempo em que viveu fora do país. No retorno ao Brasil, ele se mudou para a cidade de Três Lagoas, onde mora até hoje.
De hábitos saudáveis, o rapaz disse que não precisou adotar nenhum outro tipo de dieta diferente dos alimentos já consumidos por ele. De acordo com Giovani, o único capricho intensificado, foram os treinos de academia, passarela e palco. O novo Mister já fez poucos trabalhos como modelo, entre os 15 e 16 anos, até decidir parar.
O convite para participar foi feito por um dos próprios membros da Rede, o atual presidente da Rede David Andrade, e só foi aceito depois de umas três tentativas. O que o fez mudar de ideia, foi quando notou que o trabalho da Rede Apolo é um trabalho sério e que existe profissionalismo e responsabilidade do concurso.
"Quero representar esse título e consequentemente a causa LGBT com muita humildade. É um concurso de beleza, mas que tem um propósito", comentou Giovani. Segundo ele, uma das coisas mais valiosas que conquistou durante os últimos 15 dias, desde a confirmação da inscrição, até as primeiras sessões de foto, vídeo e ensaios, sem dúvida foi a relação estabelecida entre os Mister candidatos.
Junto de Giovani, mais oito candidatos disputavam o título de Mister Diversidade 2015. Eram eles Alex Ferreira, 23 anos de Dourados; Allyson Antunes, 21 anos, de Ponta Porã; Allan Rodrigues, 25 anos, de Campo Grande; Douglas Rodrigues, 22 anos, Maracajú; Estevão Falco, 27 anos, Bonito; Lucas Lima, 19 anos, Rio Verde; Murilo Zambrana, 25 anos, Ribas do Rio Pardo e Ricardo Bassani, 32 anos, Jardim. No segundo lugar ficou Allan Rodrigues, em terceiro Estêvão Falco e Allyson Antunes e Douglas Rodrigues como Mister Popularidade e Mister Simpatia, respectivamente.
“Não me senti em nenhum momento em uma competição. Criamos instantaneamente um laço de amizade, de carinho e respeito uns pelos outros. Brincamos juntos, nos divertimos muito e choramos juntos e estes laços de amizade são pra vida toda”, descreve.
Giovani ainda agradeceu ao empenho de toda Rede Apolo e organização do concurso, pelo carinho e paciência. “Me senti em casa”, completou.
O novo Mister se diz ansioso com a possibilidade da etapa nacional do concurso, ainda sem data definida. Caso ocorra, ele se diz preparado, mas entende que os cuidados tanto com o corpo como com a mente, tem de ser redobrados. Importante ressaltar que o Mister Diversidade MS anterior, Carlos Gabriel, depois de eleito aqui também foi ganhou o título etapa nacional.
“O Mister tem esse papel de militância e ativismo em relação as questões LGBT e eu me sinto preparado para isso”, resume Giovani.
Na noite da premiação de Giovani, a programação da II Semana Cultural Apolo | MS Sem Homofobia - Direito Nosso, Dever do Estado, promovida pela Rede Apolo, rede de homens gays e bissexuais de Mato Grosso do Sul, contou também com o desfile “Diversidade em Moda”, onde foram apresentadas cinco coleções de roupas produzidas pelos acadêmicos de moda da Universidade Anhaguera/Uniderp. Dentre elas estiveram “Encantamento Eterno”, com peças em estilo barroco inspirado no Drácula de BramStoker, Estilo Disco e até peças feitas a base de Algodão Cru e Juta.
Em média, foram 15 alunos que desfilaram, mas no backstage até mesmo acadêmicos que não produziram peças, auxiliaram no trabalho da vestimenta dos modelos. A prioridade do desfile era para que tanto quem produzisse as peças ou ao menos os que desfilassem, fossem LGBTS.
Karina Bôer é estilista formada pela instituição e eram dela as cinco peças da séria "Encantamento Eterno", produzidas como trabalho de conclusão de curso na faculdade. Para ela, o que de mais válido foi tirado do evento, foi a oportunidade de que os acadêmicos mostrassem o seu trabalho, além de tê-lo valorizado em um evento de tamanha dimensão. “Adorei ter participado. Além da divulgação e valorização de nossos trabalhos, de certa forma também nos sentimos abraçando esta causa”, comentou Karina, sobre o fato de que todos os modelos que desfilaram, terem sido LGBTs.
Na passarela este ano, tiveram até o desfile de três drag queens, além de lésbicas e homens gays, em vestidos de algodão cru e boots de aventura. A grife de roupas Capela Fachion, também expôs suas roupas da coleção Esprit Collection, que mais uma vez surgiu com a proposta de deixar de lado as questões de gênero, colocando homens usando saias, capuzes e sobreposições de alfaiataria
Neste mesmo sentido, foram feitas as roupas que comporão a coleção “Disco”, também obras de conclusão do curso do figurinista e estilista, Marcus Cristaldo, de 28 anos, que com suas roupas inspiradas na noite dos anos 80, foram utilizados para compor todo figurino do curta “Vampiros”, lançado em Março. Em uma de suas roupas, foram usados cerca de 1000 paetês.
Destaque do desfile, também foi a primeira modelo a desfilar. Em um macacão todo preto, com algemas amarradas entre as mãos e o pescoço, a Miss Transex 2013, Emanuelle Fernandes, abriu o desfile com uma asa negra sobre as costas, em alusão a um Anjo Negro. Toda a edição dos desfiles, seja dos acadêmicos quanto dos misters, foi feita pelo editor Luiz Gugliatto.
A programação ainda continua neste domingo, a partir das 17h no MIS - Museu da Imagem e do Som, na Fenando Correa da Costa, 559, com a peça Subcutâneo - O que te define, está por debaixo da Pele e em seguida apresentação do curta metragem "Os Sapatos de Aristeu", com entrada franca.