Sexta-Feira, 2 de Maio de 2025
Cidades
10/10/2013 09:00:00
Etanol substitui álcool no bife na chapa e mantém tragédias no churrasco
No mês passado pelo menos cinco pessoas, em Campo Grande, sofreram queimaduras de 2º e 3º grau durante o manuseio do combustível.

CGNews/AB

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Muito usado para acender churrasqueira e\n a chapa utilizada para fazer bife, o álcool liquido, que teve a venda \n proibida, foi substituído pelo etanol. No mês passado pelo menos cinco \n pessoas, em Campo Grande, sofreram queimaduras de 2º e 3º grau durante o\n manuseio do combustível.Internado há mais de um mês na Santa \n Casa, Édipo da Silva Chaves, 25 anos, queimou 50% do corpo, quando \n participava de uma festa com os amigos no dia 8 de setembro, no conjunto\n Rancho Alegre. Na ocasião, quatro pessoas ficaram feridas, duas já \n tiveram alta.Édipo, que trabalha como marceneiro, queimou os \n braços e o tronco, mas foram as pernas mais atingidas. Ele vai precisar \n fazer enxerto, procedimento cirúrgico para tratamento de sequelas de \n queimaduras, e não tem prazo para sair do hospital.O paciente, \n que estava junto com a esposa, conta que era a primeira vez que \n participava de um bife na chapa com os amigos. “A gente já tinha feito a\n primeira rodada, quando o colega resolveu colocar mais álcool no \n recipiente”, diz.Bastou jogar uma tampa de etanol na chapa para \n provocar a explosão. O fogo atingiu o galão de combustível, que estava \n ao lado. “Após o acidente, quem estava próximo ficou com o corpo em \n chamas”, relembra Édipo, acrescentando que na hora foi um desespero \n total das pessoas, que não haviam sido atingidas, tentando apagar o \n fogo.A mesma coisa aconteceu com Leonardo Campos de Almeida, 18 \n anos, que também foi acender o bife na chapa com etanol. O jovem \n comemorava o aniversário no dia 20 de setembro, em casa na Vila Popular,\n quando despejou o liquido do galão no recipiente e houve a explosão.Acostumado\n a mexer na chapa, Leonardo conta que comprou o combustível em um galão \n por R$ 5 no posto de gasolina. Ele havia acendido o recipiente, quando \n apagou o fogo para cumprimentar os amigos.Ao\n voltar para acender, Leonardo não viu que ainda tinha fogo na chapa. \n “Foi questão de segundos. Bastou colocar o liquido para acontecer a \n explosão”, relembra, dizendo que com o impacto foi lançado a 15 metros \n da onde estava.O jovem afirma que \n ficou com trauma e no dia do acidente relembra das pessoas colocando \n pano molhado em seu corpo para apagar as chamas. “Nos primeiros minutos \n não doeu, mas depois a dor é terrível”, diz Leonardo, que teve \n queimaduras de 2º e 3º grau nos braços e na barriga.A\n cirurgiã plástica Renata Ferro, que trabalha no ala de queimados da \n Santa Casa, explica que a recuperação de uma pessoa vítima de queimadura\n é lenta, além da sequela estética, tem danos psicológicos.Segundo\n a assessoria de imprensa do hospital, desde o dia 1º de janeiro até \n hoje, foram atendidos no hospital 301 pessoas, entre crianças e adultos,\n vítimas de algum tipo de queimadura, e na maioria, acidentes que \n poderiam ter sido evitados.A médica \n conta depois que o álcool foi proibido, o pessoal começou a usar o \n etanol para acender churrasqueiras e chapas. “Teve um tempo que de 10 \n pacientes que davam entrada no pronto socorro, 8 eram vítimas de \n acidente com a chapa”, destaca.O \n acidente ocorre por conta do uso do combustível, colocado em um \n recipiente embaixo da chapa, para manter o fogo aceso. O Corpo de \n Bombeiros alerta que nenhum tipo de líquido inflamável deve ser usado \n para acender fogo. O indicado é umedecer uma bola de papel com óleo de \n cozinha.Ainda na lista dos acidentes\n mais frequentes, também estão o manuseio de líquidos quentes, \n queimaduras por eletricidade e fogos de artifício. "O acidente ocorre em\n questão de segundos, no entanto o tratamento pode durar para a vida \n toda, acrescenta a médica. Renata cita o exemplo de um paciente, que \n teve várias queimaduras quando tinha 9 meses. Hoje, a criança com 8 \n anos, ainda precisa passar por cirurgia de reparação.nbsp;Proibido -nbsp;Em\n fevereiro deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância \n Sanitária) proibiu a fabricação, distribuição e venda, de álcool líquido\n de alta graduação. Pela norma o álcool com graduação maior que 54º GL é\n vendido na forma de gel.
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