\n \n Enio Roberto Bornholdt, um empresário do ramo de distribuição de\n produtos e logística, foi contratado pela Salute Distribuidora de Alimentos\n para fazer a entrega dos gêneros alimentícios para duas secretarias da\n prefeitura de Campo Grande – a SAS (Assistência Social) e a Semed (Educação).\n \n O dono da Bornholdt explicou, em detalhes, a sua participação no\n negócio, bem como a criação da Salute, nascida de uma conversa dele com um dos\n sócios da microempresa, Aldoir Luis Czizeski. "A Salute eu comecei a olhar\n o contrato, aí, deve ser maio ou abril, não lembro, mas eu conheço um dos\n sócios, o Aldoir, que me vendia frangos desde 1994", relata.\n \n Segundo ele, o sócio da empresa, alvo de suspeitas por parte da\n CPI do Calote, teria pedido orientação para montar o esquema. "E ele me\n pediu na época (começo deste ano): Ó,\n se nós montar, vai ter condições de fazer? Eu faço”, revela o\n empresário.\n \n Emnbsp;entrevista gravada no depósito onde parte dos alimentos da\n merenda pública de Campo Grande estão guardados, ao lado da rodoviária nova,\n Bornholdt revelou que as compras da Salute são realizadas diretamente no\n comércio atacadista de Campo Grande. É como se a Prefeitura pagasse alguém\n apenas para intermediar o pagamento a outra pessoa.\n \n Além disso, os produtos chegaram ao depósito apenas com nota\n fiscal do atacadista. “Estou recebendo mercadoria do Atacadão, que vem com nota\n do Atacadão, aqui eu vou fazer a separação e vou entregar a partir de amanhã”,\n diz ele.\n \n Segundo Bornholt, a Salute foi contratada de duas formas, como\n Midiamax havia revelado: em uma licitação, e a única que aparece documentada é\n a 033/2013, por R$, 1,5 milhão, e a com ‘dispensa de licitação’, emergencial,\n assinada pelo próprio prefeito Alcides Bernal em final de junho por R$ 4,3\n milhões. O empresário esclareceu que só entrega produtos relacionados à\n licitação. Ou então, há mais licitações não reveladas.\n \n “Toda licitação é por aqui, licitação! Licitação é uma coisa, que\n eu sei. Eu fui contratado para fazer a entrega da licitação que eles ganharam,\n dos itens que eles ganharam, só isso”.
\n Questionado sobre como foi feita a entrega anterior, o empresário surpreende.\n “A anterior eu não sei porque eu não fiz. A anterior entrou em ‘emergencial’.\n Aí, provavelmente não houve distribuição, houve entrega”, garante.\n \n Ou seja, pelo que diz o empresário, a Salute fez a compra e a\n entrega foi realizada diretamente nas duas secretarias pelo atacadista, fato\n que levanta, outra vez, o questionamento sobre anbsp;necessidadede um\n intermediário nas transações.\n \n Bornholdt esclareceu que até esta segunda-feira (5) não entregou\n nada da Salute, e que a distribuição começaria hoje, terça (6), se ele for\n informado onde realizar as entregas. “Como eu não fiz nenhuma entrega ainda, eu\n tenho que receber os documentos para entregar porque eu vou fazer a entrega\n amanhã (6). Então vai vir documento que vem da...deve vir da Salute, da\n prefeitura, o que for, aonde eu vou entregar. Nem sei aonde eu vou entregar\n amanhã cedo”, completou Bornholdt.\n \n A desinformação do empresário poderia ter a ver com a pequena\n estrutura da microempresa Salute, criada em abril deste ano, com capital de\n apenas R$ 50 mil, em uma saleta do centro de Campo Grande. Toda terceirizada, a\n também terceirizada Salute deve ter sido contratada, até aqui, ao menos por R$\n 5,8 milhões, porque certeza só têm o prefeito e os secretários da área.\n \n Nem mesmo a “CPI do Calote”, que investiga o caso, sabe que a\n Salute tem outro contrato por licitação, porque só recebeu da prefeitura\n documentos da compra ‘emergencial’ de R$ 4,3 milhões.
\n O contrato misterioso, cercado de desinformação, é confuso, como se nota na\n entrevista de Roberto Bornholdt, gravada em vídeo:\n \n Reportagem - Quando começou a sua relação com a Salute?\n \n Roberto Bornholdt - A Salute eu comecei a olhar o contrato, aí,\n deve ser maio ou abril, não lembro, mas eu conheço um dos sócios, o Aldoir, que\n ele me vendia frangos desde 1994. E ele me pediu na época (começo deste ano)\n “ó, se nós montar, vai ter condições de fazer?”“Eu faço” (...)
\n “Toda licitação é por aqui, licitação! Licitação é uma coisa, que eu sei. Eu\n fui contratado para fazer a entrega da licitação que eles ganharam, dos itens\n que eles ganharam, só isso. Não houve ainda nenhuma entrega de licitação. A\n primeira está sendo agora, essa é a primeira.\n \n Reportagem - E a anterior foi feita como?\n \n Roberto Bornholdt - A anterior eu não sei porque eu não fiz. A\n anterior entrou em emergencial e eu não sei como é feito isso.nbsp; \n \n Reportagem - O senhor me falou agora que foi comprado no\n Atacadão...\n \n Roberto Bornholdt - Não, eles compram porque eu até indiquei essas\n lojas grande que é um lugar mais barato, até eu compro lá.\n \n Reportagem - E aí quem distribuiu foi a prefeitura...\n \n Roberto Bornholdt - Aí provavelmente não houve distribuição, houve\n entrega.\n \n Reportagem - E o quê o senhor tem de mercadoria deles (Salute),\n aqui?\n \n Roberto Bornholdt - Eu estou recebendo, hoje já, do mix de\n entrega, recebi 50%. Os outros mandei buscar agora. E amanhã eu começo a fazer\n a entrega. Como eu não fiz nenhuma entrega ainda, eu tenho que receber os\n documentos para entregar, porque eu vou fazer a entrega amanhã (essa\n terça-feira). Então vai vir documento que vem da...deve vir da Salute, da\n prefeitura, o que for, aonde eu vou entregar. Nem sei aonde eu vou entregar\n amanhã cedo.
\n nbsp;(...) Estou recebendo mercadoria do Atacadão, que vem com nota do\n Atacadão, aqui eu vou fazer a separação e vou entregar a partir de amanhã.\n \n Reportagem - O senhor pode mostrar uma nota dessas?\n \n Bornholdt - Posso...\n \n Reportagem - Essas notas são do quê?\n \n Bornholdt - É nota do Atacadão, que eu recebo aqui pra classificar\n mercadoria e entregar. Parece que vai vir do Assai também. Os donos da Salute,\n Érico Chezini Barreto e Aldoir Luis Czizeski, foram convocados pela ‘CPI do\n Calote’ para depor na próxima quinta-feira, dia 8.\n \n \n