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Ciência e Saúde
18/03/2013 07:34:03
Alcoolismo atinge cerca de 5,8 milhões de pessoas no País
Histórico de consumo abusivo de álcool, síndrome de abstinência e manutenção do uso, mesmo com problemas físicos e sociais relacionados, é o tripé que caracteriza a dependência em álcool

Terra/PCS

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Histórico de consumo abusivo de álcool, síndrome de \n abstinência e manutenção do uso, mesmo com problemas físicos e sociais \n relacionados, é o tripé que caracteriza a dependência em álcool, segundo\n a psiquiatra Ana Cecília Marques, professora da Universidade Federal de\n São Paulo (Unifesp).\n \n O tratamento da doença, que atinge cerca de 5,8 milhões \n de pessoas no País, segundo o Levantamento Domiciliar sobre o Uso de \n Drogas Psicotrópicas no Brasil, de 2005, não é fácil: dura pelo menos um\n ano e meio em sua fase mais intensiva e tem índice de recaída de cerca \n de 50% nos primeiros 12 meses.\n \n "Ele precisa preencher os três critérios. Um só não \n basta para se considerar dependente", destaca a psiquiatra. Ela explica \n que o consumo contínuo e abusivo leva a uma tolerância cada vez maior do\n usuário à bebida. "O corpo acostuma-se com o (álcool). Ele resiste mais\n e, para obter o efeito que tinha no começo com uma lata de cerveja, \n precisará tomar cinco". A falta do álcool provoca uma série de sintomas \n graves, como elevação da pressão arterial, tremores, enjoo, vômito e, em\n alguns pacientes, até mesmo convulsão. Esse é o quadro da síndrome de \n abstinência.\n \n O terceiro critério para caracterização da dependência \n alcoólica está ligado aos problemas de relacionamento e de saúde \n provocados pelo consumo abusivo. "O indivíduo tem problemas no trabalho \n por causa da bebida. Ele perde o dia de trabalho mas, mesmo assim, bebe \n de novo". A professora destaca que, além da questão profissional, devem \n ser considerados diversos aspectos da vida do paciente, como problemas \n familiares, afetivos, econômicos, entre outros.\n \n Em relação às outras drogas, a psiquiatra informou que o\n tratamento da dependência de álcool se diferencia principalmente na \n primeira fase, que dura em média dois meses. "Cada substância tem uma \n forma de atuar no cérebro, portanto, vai exigir, principalmente na \n primeira fase do tratamento, diferentes procedimentos farmacológicos \n para que a gente consiga promover a estabilização do paciente", explica.\n \n De acordo com a médica, o álcool se enquadra na \n categoria de substâncias psicotrópicas depressoras, juntamente com os \n inalantes, o clorofórmio, o éter e os calmantes. Há também as drogas \n estimulantes, como a cocaína, a cafeína e a nicotina, e as perturbadoras\n do sistema nervoso central, como a maconha e o LSD.\n \n "Na segunda e terceira fases, o tratamento entra em uma \n etapa mais semelhante, que é quando você vai se aprofundar no \n diagnóstico e preparar o individuo para não ter recaída", acrescenta.\n \n A segunda fase do tratamento, a chamada estabilização, \n quando se trabalha a prevenção da recaída, dura, em média, de oito a dez\n meses. Nessa etapa, são percebidas e tratadas as doenças correlatas \n adquiridas pelo consumo do álcool e, então, o paciente é preparado para \n readquirir o controle sobre droga. "A dependência é a doença da perda do\n controle sobre o consumo de determinada substância. [É feito um \n trabalho] para que ele volte a se controlar, a entender esse processo e \n readquirir a autonomia. Não é mais a droga que manda nele".\n \n A psiquiatra destaca que, nesse processo, a recaída é \n entendida como algo normal e que não invalida o tratamento. "Ele pode \n ter uma recaída e não é que o tratamento não esteja no caminho certo ou \n que ele não queira se tratar. Faz parte da doença, é um episódio de \n agudização dessa doença crônica que é a dependência do álcool. Faz parte\n recair", esclarece.\n \n Na terceira etapa, que dura cerca de seis meses, ocorre o\n "desmame da tutela do tratamento". "Ele está manejando essa nova \n autonomia. Ele volta para as avaliações com menos frequência". Por fim, o\n paciente passa a ir ao médico com maiores intervalos entre as \n consultas. "Ele segue em tratamento como qualquer indivíduo que tem \n doença crônica. Pelo menos uma vez por ano, ele passa pelo médico. A bem\n da verdade, (no tratamento dessas) doenças crônicas, a gente não dá \n alta".\n \n Levantamento feito em 2005 pelo Centro Brasileiro de \n Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp, e pela \n Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), mostra que o uso do álcool \n prevalece entre os homens em todas as faixas etárias. Mais de 80% deles \n declararam fazer uso de álcool. Entre as mulheres, o percentual cai para\n 68,3%.\n \n No que diz respeito à dependência, eles também estão na \n frente. O índice de dependentes do sexo masculino (19,5%) é quase três \n vezes o do sexo feminino (6,9%). A faixa etária de 18 a 24 anos, por sua\n vez, apresenta os maiores índices, com 27,4% de dependentes entre os \n homens e 12,1% entre as mulheres.\n \n \n
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