Ciência e Saúde
14/05/2014 09:00:00
Especialista alerta para o papel da mãe na proteção contra o câncer do colo do útero
Neste ano, o Brasil avançou na prevenção da doença, por meio da vacinação gratuita oferecida pelo Governo para meninas entre 11 e 13 anos.
Da assessoria/LD
Imprimir
A proteção contra o câncer do colo do útero, um dos mais letais da atualidade, deve fazer parte da rotina de uma família. Neste ano, o Brasil avançou na prevenção da doença, por meio da vacinação gratuita oferecida pelo Governo para meninas entre 11 e 13 anos. Mais do que orientar e preservar a saúde das filhas, as mães precisam estar atentas para a própria proteção contra o problema. Isso porque as mulheres mais velhas, independentemente da idade e do estado civil, desde que tenham vida sexual ativa, também podem e devem se imunizar contra o câncer do colo do útero, que, segundo o Inca, registra 18 mil casos novos por ano no Brasil. A ginecologista Nilma Neves, presidente da Comissão de Vacinas da Febrasgo, alerta sobre as principais dúvidas que envolvem o câncer do colo do útero: 1)nbsp;nbsp;nbsp; Qual é a importância da mãe para a vacinação dos filhos, especialmente das meninas no caso do câncer do colo do útero? Nilma Neves Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a vacinação é um dos mecanismos mais eficazes para se evitar doenças impactantes em todas as fases da vida. No caso do câncer do colo do útero, a mãe tem um papel especial. Ela é uma das responsáveis por levantar a questão, orientar e incentivar a filha sobre a importância da imunização. Mais do que isso, a mãe também pode e deve dar o exemplo prático, buscando a própria vacinação contra o câncer do colo do útero, mesmo que não tenha o feito na infância. O Brasil oferece, desde junho do ano passado, por meio da rede privada, imunização para as mulheres acima dos 26 anos, sem limite de idade. 2)nbsp;nbsp;nbsp; Por que a vacina para prevenção do câncer do colo do útero é importante?nbsp; NN - A vacina é a principal ferramenta de prevenção da doença, que é um dos poucos tipos de câncer que efetivamente pode ser prevenido. Um número alarmante desperta nossa atenção: a cada dois minutos, uma mulher morre de câncer do colo do útero no mundo. No Brasil, estimativas do Inca apontam que pelo menos, 18 mil novas mulheres desenvolvem a doença todos os anos. Destas, quase cinco mil morrem em decorrência da enfermidade. Além disso, 90% dos cânceres causados por HPV em mulheres são de câncer do colo do útero, que já é a quarta causa de morte entre mulheres e o segundo tipo de câncer mais prevalente entre as brasileiras, atrás apenas do de mama. Estudos clínicos em todo o mundo, demonstram que os HPVs de alto risconbsp; são duas vezes mais frequentes que os de baixo risco e que mulheres infectadas com osnbsp; tipos 18, 31, 33 possuem risco 50 vezes maior de desenvolverem lesões malignas, enquanto que nos casos da infecção pelo tipo 16, este número sobe para 100 vezes mais. 3)nbsp; nbsp;Quem já foi infectada pelo HPV uma vez pode se infectar novamente? NN - Sim, pois há mais de 100 diferentes tipos de HPV. Destes, porém, somente 15 aproximadamente são considerados de alto risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.nbsp; A vacina protegerá dos tipos específicos da sua indicação e os de proteção ampliada, quando houver, mas não aos demais. Por isso, é importante fazer uso do preservativo em todas as relações sexuais e realizar os exames preventivos como Papanicolaou e a Colposcopia. 4)nbsp;nbsp;nbsp; Todas as mulheres infectadas por HPV irão desenvolver câncer do colo do útero? NN - Não. Toda mulher que tem câncer do colo do útero tem HPV, mas nem toda mulher que tem HPV tem câncer. Em cerca de 80% dos casos, a infecção regride espontaneamente, sem evoluir para infecção persistente. Porém, quando não ocorre esta regressão e o diagnóstico não acontece de forma precoce, a infecção persistente pode levar ao câncer.nbsp; 5)nbsp; nbsp;Qual é o tempo de eficácia da vacina?nbsp; NN - Estudos comprovam eficácia de oito a nove anos da vacina. Há novas pesquisas em andamento avaliando a ampliação para até 12 anos. Contudo, é preciso mais tempo para se chegar a esta confirmação.nbsp; 6)nbsp;nbsp;nbsp; A vacina auxilia no tratamento da lesão ou câncer do colo do útero? NN - Não, a vacina é apenas uma medida de prevenção de novas infecções e, consequentemente no desenvolvimento de lesões que levam ao câncer do colo do útero. 7)nbsp;nbsp;nbsp; Existe algum risco para quem já se infectou com HPV ou já foi tratado por lesões no colo do útero ser vacinado? NN - Não. Existem algumas evidências científicas, inclusive, que apontam pequeno benefício em vacinar mulheres previamente tratadas, que poderiam apresentar menos recidivas. A decisão deve ser tomada individualmente com o médico da paciente. 8)nbsp;nbsp;nbsp; A vacina contra HPV pode levar ao câncer do colo do útero?nbsp; NN - Não, a vacina que protege contra o câncer do colo do útero é a chamada recombinante. Isso significa que ela não possui um vírus vivo e, por isso, não é infecciosa. 9)nbsp;nbsp;nbsp;nbsp; Além do HPV o câncer do colo do útero tem outras causas? Neste caso, a vacina tem eficácia? NN - O HPV está relacionado com praticamente 100% dos casos de câncer do colo do útero. Por isso, a vacina se torna tão importante em sua prevenção. Outros fatores de risco também são importantes para o desenvolvimento da doença: tabagismo, sistema imunológico baixo, ter muitos filhos, precocidade da idade materna no primeiro parto, uso em longo prazo de contraceptivos hormonais, fatores relacionados à dieta e ainda a associação de outras infecções de transmissão sexual sendo a Chlamydia Trachomatis e o vírus herpes simplex as mais citadas.
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias