Ciência e Saúde
25/06/2013 09:18:54
Reajuste para planos de saúde coletivos chega a 538%
O trabalho, feito por meio da análise de ações interpostas na Justiça entre 2005 e 2013, identificou um aumento médio de anuidades e taxas de sinistralidade de 81,21%.
Agência Estado/AB
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\n \n Pesquisa inédita feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor\n (Idec) mostra que operadoras de saúde chegam a pedir um reajuste de até 538%\n para usuários de planos coletivos. O trabalho, feito por meio da análise de\n ações interpostas na Justiça entre 2005 e 2013, identificou um aumento médio de\n anuidades e taxas de sinistralidade de 81,21%. \n \n "O abuso é evidente", afirma a advogada do Idec e autora\n da pesquisa, Joana Cruz. Planos coletivos hoje respondem pela maioria do mercado\n (77%). A mudança é fruto de um esforço adotado pelas operadoras de saúde. Para\n escapar das regras da lei que regulamenta o setor, de 1998, os planos passaram\n a impor uma série de entraves para que usuários façam contratos individuais. Em\n vez disso, ofertam para interessados planos coletivos - que não estão sujeitos\n à lei de planos. \n \n O recurso mais frequente é aumentar de forma expressiva as\n primeiras mensalidades dos planos individuais novos. Valores muito superiores,\n quando comparados às primeiras mensalidades dos planos coletivos. Algumas\n empresas, mais diretas, simplesmente retiraram os planos individuais do\n cardápio ofertado para população. "Sem dúvida, é muito mais rentável,\n muito mais vantajoso", comenta o presidente da Associação Brasileira de\n Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo Almeida. \n \n Falsos coletivos \n \n Diante das dificuldades apresentadas, usuários passam a optar\n pelos planos "falsos coletivos". Pessoas de uma mesma família ou até\n vizinhos se reúnem e ingressam em um plano como se todos integrassem uma\n empresa. "E pouco tempo depois acabam tendo problemas, como os\n identificados pelo Idec", observa Joana. \n \n A advogada especializada na área de planos de saúde, Renata\n Vilhena, relata que nos últimos anos aumentou de forma expressiva a procura em\n seus escritório para ações relacionadas a contratos coletivos. "A demanda\n era tanta que decidimos, neste ano, abrir um departamento apenas para atender\n esse tipo de questionamento", comenta. \n \n A maior queixa, afirma Renata, é o aumento abusivo de mensalidades\n e a cobrança por sinistralidade - uma espécie de "multa" paga quando\n o plano é usado. Nos planos individuais, o reajuste da anuidade é estabelecido\n pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Nos planos coletivos, a negociação é\n feita entre as partes. No caso dos "falsos coletivos", o poder de\n barganha do grupo, formado geralmente por um pequeno número de pessoas, é muito\n reduzido. "As empresas cobravam o que queriam", constata Joana. \n \n A pesquisa do Idec analisou 118 casos, julgados no Superior\n Tribunal de Justiça (STJ)e nos Tribunais de Justiça de nove Estados e Distrito\n Federal. Em 82% dos casos, a Justiça não aceitou o porcentual de ajuste cobrado\n pelas operadoras. O menor identificado foi de 11,78% e o maior, de 583%. \n \n Alternativas \n \n A ANS vem preparando resoluções para interromper essa\n "migração" para os falsos coletivos. A última entrou em vigor em maio. Operadoras\n terão de fazer um pool dos planos com menos de 30 pessoas e aplicar um valor\n médio para anuidade. Os reajustes dos planos coletivos com essas características\n já têm de seguir essas regras. "Não sabemos ainda como isso vai funcionar,\n se o sistema será transparente. A melhor estratégia, para quem puder, é optar\n ainda agora por um plano individual", afirma Renata Vilhena. As\n informações são do jornal O Estado de S. Paulo. \n \n \n \n \n
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