Sexta-Feira, 2 de Maio de 2025
Coxim
19/03/2013 06:58:45
Moradores de Coxim falam a verdade sobre o Taquari
Moradores de Coxim falam a verdade sobre o Taquari.

Da redação/PCS

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Foto: Divulgação
\n Cansados de servirem como bode-expiatório para lobistas ligados a políticos corruptos, empreiteiras ávidas por lucros exorbitantes, fazendeiros oportunistas, ambientalistas-mercenários e mídias inescrupulosas, moradores da cidade de Coxim, à cerca de 242 quilômetros da capital do estado, entre eles vários pescadores, professores, profissionais liberais, acadêmicos e empresários, soltaram uma nota na noite desta última segunda, 18, abordando diversos aspectos da suposta situação de desastre ambiental na qual o rio Taquari vem sendo enquadrado desde início dos anos 90. O motivo do manifesto Fazendeiros de Corumbá, mais especificamente da região do Caronal, localidade no início do leque aluvial do Taquari, há anos fecham as bocas de diversas baías na região com a justificativa de protegerem suas terras contra a invasão das mesmas pelas águas do referido rio. Segundo eles, e com amparo de laudos supostamente técnicos e científicos da EMBRAPA Pantanal (em Corumbá), o Taquari começou a “invadir” suas terras com o início da massificação das atividades agrícolas nas regiões de planalto na década de 70 que, segundo eles, fez com que milhões de toneladas de sedimentos (areia) entupissem o leito do rio, obrigando-o, assim, a migrar para as áreas mais baixas, ocupando suas pastagens e prejudicando a economia local, tornando-se, desta forma, um dos maiores desastres ambientais já conhecidos no mundo. Acontece que, com o fechamento dessas baías, entre vários outros problemas, está a mortandade de milhares de toneladas de peixes a cada ano por conta da desoxigenação da água, da interrupção das vias migratórias e de todo ciclo reprodutivo dos peixes do pantanal, quebrando assim toda cadeia alimentar que afeta também a aves, répteis e mamíferos, entre outros, ocasionando também, desta forma, um desastre ambiental silencioso, mas de proporções apocalípticas. E, com o escasseamento do pescado, comunidades ribeirinhas do pantanal, principalmente na região de Coxim, que dependem dos cardumes que saem dessas baías para subirem o rio Taquari, ficam seriamente prejudicadas. O agravamento do problema Durante muitos anos acreditou-se na justificativa dos fazendeiros, mas, depois da análise de documentos antigos, livros raros, mapeamentos e pesquisas diversas sobre a referida localidade, incluindo-se aqui os relatos monçoeiros do início do século XVIII, o diário de viagem da expedição do Dr. Francisco José de Lacerda e Almeida do fim do século XVIII, o diário de bordo da Expedição Langsdorff do início do século XIX, centenas de mapas, gravuras e documentos antigos constantes nestas e várias outras referências, descobriu-se que, o Taquari, desde sempre, já apresentava características idênticas às encontradas nos dias de hoje, ou mesmo da década de 70, 80 e assim por diante. Nos referidos relatos, por exemplo, as descrições referentes à arenosidade do terreno, os inúmeros bancos de areia, as diversas praias e ilhas, a rasura das águas, a altura das barrancas, etc, em muito se identificam com a situação atual do rio. A variação das águas, as áreas alagadas, as baías, as vazantes, os atalhos de abreviação das viagens em épocas de cheias, etc, efetivamente, comprovam que a situação de desastre ambiental colocada nos dias de hoje não é nada mais do que uma invenção de pessoas má intencionadas com finalidades escusas e dispostas a atos inescrupulosos para manterem-se saqueando os cofres-públicos às custas de sensacionalismo ambiental, pois mostram que o rio já enfrentava esta mesma realidade há pelo menos 300 anos. Em Coxim, profissionais ligados a diversas áreas sugerem o estudo sério e responsável da hidrodinâmica do Taquari com enfoque na sua função hidrossedimentológica natural. Para eles o termo “assoreamento” é chulo, ridículo, oportunista e, acima de tudo, amador. “Foi inventado pelos marqueteiros do mal”, afirmam eles dizendo também: “querem macular o papel ecológico do rio, que é justamente o de carrear sedimentos e matéria orgânica para o pantanal, fertilizando-o, renovando-lhe a vida de tempos em tempos, e os relatos antigos já comprovaram isso”. Uma explicação plausível para os fazendeiros Como o pantanal é regido por ciclos de cheias e secas, e não raramente as chuvas são escassas durante vários anos de uma mesma década, ou mesmo décadas, e, às vezes, por chuvas em demasia por anos a fio de um mesmo período também, conclui-se que, possivelmente, quando as referidas áreas (fazendas) foram abertas e ocupadas, o pantanal, e também sua depressão peripantaneira e região planaltina, por sua vez, viviam justamente um grande ciclo, um longo período, de chuvas escassas, de grande seca, fazendo com que essas terras estivessem “provisoriamente”, “temporariamente”, secas, porém aguardando só até o início de período semelhante, porém oposto, com fortes chuvas durante vários anos seguintes. Entretanto, uma coisa já se sabe, que as áreas alagadas de hoje já eram as de ontem, contudo de uma sazonalidade variável e peculiaridades desconhecidas da maioria das pessoas, inclusive das que moram lá. Desta forma muitos fazendeiros podem ter sido pegos de surpresa pela inundação de suas terras por simples e mero desconhecimento da hidrodinâmica do rio Taquari e, hoje, choram pelo leite derramado. A realidade sobre o Taquari e sua polêmica Segundo os coxinenses, o Taquari, com cerca de 800 quilômetros de extensão desde a nascente até a foz, ainda é um rio limpo, piscoso e exuberante, sendo responsável não só pelo sustento de muitas famílias locais como também pelo lazer de boa parte de população coxinense, apesar de ser negativamente afetado há mais de 30 anos pelo fechamento de baías pelos fazendeiros do Caronal, escasseando o pescado de forma significativa se comparado ao período anterior aos fechamentos. Segundo informações do grupo, o Taquari é fonte de renda para cerca de 5 mil pessoas através do mercado pesqueiro e de ecoturismo na região. Para eles, o estado de desastre ambiental que normalmente é atribuído ao rio não passa de sensacionalismo ambiental para legitimar projetos mirabolantes de salvamento do rio. Para um empresário local que prefere ficar anônimo, “é necessário que salvemos o rio dos espertalhões que criaram uma falsa situação de desastre ambiental para angariarem fundos às custas da manipulação da opinião pública que acredita no que é ventilado pelos diversos canais de imprensa-marrom que há décadas assolam nosso estado. E nessa onda tem até senador famoso”. Para alguns, há fortes suspeitas de que o Sindicato Rural de Corumbá, a ONG SOS Taquari e até a EMBRAPA Pantanal façam parte do esquema que consiste na criação de demandas de estudos por parte dos fazendeiros, no atendimento dessas demandas por parte da EMBRAPA, na sensacionalização do pseudo-problemanbsp; por parte da ONG, no aporte de recursos através do Sindicato Rural de Corumbá que, por sua vez, através de grandes latifundiários, supostamente financiam campanhas de deputados e senadores de seu interesse, normalmente ligados às famílias tradicionais do pantanal de Corumbá. Então o grupo, através de sua representatividade política e articulação interinstitucional, forja laudos-técnicos, relatórios e estudos na referida localidade a fim de legitimarem intervenções obscuras na referida área. Por sua vez, deputados e senadores, através do orçamento da união, emendas parlamentares e uma série de estratégias sacramentam a sangria aos cofres-públicos. “É a Indústria do Assoreamento do Taquari”, comentam os coxinenses, numa alusão ao termo “Indústria das Secas”, utilizado para designar a estratégia de certos segmentos das classes dominantes, inclusive de parlamentares, que se beneficiam indevidamente de subsídios e vantagens oferecidos pelo governo a partir do discurso político da seca.nbsp; O termo começou a ser usado na década de 60 pornbsp;Antônio Callado, que denunciava nonbsp;Correio da Manhãnbsp;os problemas da região do semi-árido brasileiro. Entretanto, no caso do Taquari, o intuito geral é justificar o injustificável: os crimes de fechamento de baías e a viabilização de recursos públicos para a solução de um problema que só existe no papel e na mente do cidadão manipulado pelas mídias. Divulgação. Comitê de Combate à Indústria do Assoreamento do Taquari. nbsp; Notícias relacionadas Ibama multa fazendeiro em R$ 2 milhões por fechamento de baías no Pantanal Após denúncia do EN, Polícia Federal investiga fechamento de baías no Pantanal Comissão pretende combater fechamento de baías no Pantanal\n \n
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