Com a atividade econômica desacelerando no fim de 2013,\n fator que pode conter pressões inflacionárias, a maior parte dos economistas do\n mercado financeiro manteve a aposta de que os juros básicos da economia\n brasileira deverão subir menos na reunião do Comitê de Política Monetária\n (Copom) do Banco Central de fevereiro – que termina nesta quarta-feira (26). O\n resultado será divulgado após as 18h.\n \n A expectativa da maior parte dos analistas ouvidos pelo Banco Central na\n semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, é que o\n BC deverá elevar a taxa Selic hoje em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para\n 10,75% ao ano. Nos seis últimos encontros do Copom (colegiado do BC que define\n a taxa básica da economia), os juros avançaram 0,5 ponto percentual. As apostas\n dos bancos no mercado futuro, majoritariamente, também "embutem" uma\n alta menor dos juros nesta quarta-feira.\n \n "A recessão bate à porta, ocasionada pelo impacto da produção em baixa\n e da previsão de crescimento do PIB [de 2014] em torno de 1,8%. A situação só\n não é pior porque ainda temos um bom índice de empregabilidade. O aumento [dos\n juros] deve ser menor para que não haja restrição de crédito e maiores\n prejuízos para as empresas endividadas”, avaliou o coordenador do curso de\n Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reginaldo Gonçalves.\n \n A mesma opinião é compartilhada pelo professor de economia da Universidade\n Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian. Segundo ele, o BC deverá\n reduzir o ritmo de alta, para 0,25 ponto percentual, fixando a taxa em 10,75%\n ao ano, porque o ciclo de elevação dos juros, iniciado em abril do ano passado,\n ainda não "impactou de forma integral os preços da economia". "É\n mais provável que o BC reduza a intensidade do ciclo de alta que deverá ser\n interrompido até meados do ano, com a Selic fechando 2014 em torno de 11%”,\n avalia ele.\n \n Alta para 11% ao ano
\n Entretanto, alguns analistas dos bancos ainda acreditam que o BC manterá o\n ritmo de alta adotado nas seis últimas reuniões do Copom e elevar a taxa básica\n da economia brasileira de 10,50% para 11% ao ano – um crescimento de 0,5 ponto\n percentual.\n \n "O foco do BC tem sido a inflação, que não desacelerou. Vem se mantendo\n muito próxima de 6% [em 12 meses]. Não faz sentido [reduzir o ritmo de alta].\n Seria um erro muito grande. Não vejo um ano fácil. Se o BC esmorecer agora,\n corre um grande risco de passar algum calafrio para cumprir essa meta [inflação\n de até 6,5% em 2014]", avaliou o economista-chefe da Austin Rating, Alex\n Agostini. Segundo ele, os preços administrados (como energia elétrica), além de\n alimentos e dos serviços, tendem a continuar pressionando os índices de\n inflação neste ano.\n \n O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, também acredita\n que o BC manterá o ritmo e subirá os juros básicos em 0,50 ponto percentual nesta\n quarta-feira, para 11% ao ano. "O IPC da Fipe veio abaixo do piso das\n estimativas. Apesar do resultado baixo, este não é ainda tão expressivo que\n possa ser comemorado de maneira indiscriminada pela equipe econômica. Para o\n mesmo período, em anos anteriores, a alta ainda é relevante e inspira\n cuidados", avaliou ele.\n \n Perfeito acrescentou que "parte do mercado simplesmente não acredita\n mais no Banco Central", pois, mesmo confiando em uma alta menor agora,\n segue prevendo novas elevações em 2015. "O BC tem uma chance de ouro para\n restabelecer a credibilidade arranhada e para isso basta fazer o que disse que\n iria fazer, a saber, subir em 50 pontos base [0,50 ponto percentual] dando\n continuidade ao ajuste das condições monetárias e sinalizando na sequência o fim\n do ajuste", acrescentou.