Folha/PCS
ImprimirInstitutos que pagam aposentadorias a servidores municipais e estaduais aplicaram R$ 1,8 bilhão em letras financeiras do Banco Master sem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) entre outubro de 2023 e dezembro de 2024.
O valor fica em risco após a liquidação do banco, decretada nesta terça-feira (18) pelo Banco Central.

Pessoas vestindo roupas formais saem da entrada principal do Banco Master, localizada em um prédio com colunas brancas e fachada de vidro escuro. O letreiro do banco está visível acima da porta.
Dos 18 institutos municipais e estaduais que investiram em letras do Master, destacam-se a Rioprevidência, do estado do Rio de Janeiro, com R$ 970 milhões investidos, a Amprev (estado do Amapá), com R$ 400 milhões, e o Iprev de Maceió, com R$ 97 milhões.
Além destas, o instituto de previdência de São Roque, no interior de São Paulo, com 79 mil habitantes, aplicou R$ 93 milhões em letras financeiras não garantidas pelo FGC. Os dados são do Ministério da Previdência Social.
Ao contrário dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário), as letras financeiras emitidas pelo Banco Master não têm cobertura do FGC. Por isso, os aportes de quase R$ 2 bilhões feitos pelas previdências dos estados e municípios serão contabilizados como dívida durante o processo de liquidação do banco, tornando a recuperação dos valores incerta.
Nesta terça-feira, o Banco Central decretou a liquidação do Banco Master e colocou o Master Múltiplo, instituição que integra o conglomerado, sob regime de administração especial temporária por até 120 dias.
O banqueiro Daniel Vorcaro, dono da instituição, foi preso pela Polícia Federal na noite desta segunda-feira (17), em São Paulo, enquanto tentava embarcar para fora do país.
Em nota, a Rioprevidência, que paga aposentadorias a servidores estaduais do Rio de Janeiro, afirmou que o pagamento dos benefícios está garantido e que negocia a substituição das letras por precatórios federais.
A Amprev, do estado do Amapá, diz acompanhar o caso junto às autoridades reguladoras e afirmou que as aplicações realizadas no Banco Master seguiram integralmente normas do Sistema Financeiro Nacional e a Política de Investimentos do Regime Próprio da Previdência Social (RPPS).
O Iprev de Maceió afirmou que os investimentos representam menos de 10% do patrimônio total do Instituto, hoje em R$ 1,4 bilhão. A entidade também afirma que, à época das aplicações, o Master estava habilitado no Banco Central, e contava com grau de investimento atribuído por agência de classificação de risco.
O São Roque Prev diz monitorar a liquidação extrajudicial do Banco Master e afirma ter adquirido os títulos seguindo os ritos legais e técnicos, com pareceres de assessoria de investimentos, aprovação do comitê de investimentos, ciência e homologação dos conselhos fiscal e deliberativo.