Economia
16/07/2014 06:36:56
Mesmo com inflação acima da meta, BC deve manter juro nesta 4ª
Inflação passou de 6,5% no acumulado em 12 meses até junho. BC aposta no nível fraco de atividade e nas altas de juros já feitas.
G1/PCS
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Com o\n baixo ritmo de crescimento da economia, o Banco Central deve manter a taxa\n básica de juros da economia brasileira (a Selic) estável em 11% ao ano nesta\n quarta-feira (16), segundo a previsão da maior parte dos analistas do mercado\n financeiro, mesmo com a inflação\n oficial acima da\n meta do governo.\n \n No\n acumulado em 12 meses até junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor\n Amplo (IPCA) usado pelo governo para balizar a meta de inflação chegou a\n 6,52%. O teto da meta do governo é de 6,5%. O governo considera que a meta foi\n cumprida ou não apenas com base no acumulado em 12 meses até dezembro. Assim,\n oficialmente, a meta não foi descumprida.\n \n O Banco\n Central usa a Selic para controlar o aumento de preços. Com taxas maiores, a\n instituição busca reduzir o crédito disponível e, assim, o dinheiro em\n circulação. Dessa forma, é possível diminuir a quantidade de pessoas e empresas\n dispostas a consumir bens e serviços, e os preços tendem a cair ou parar de\n subir.\n \n Estabilidade\n para avaliação\n \n Os juros\n estão em 11% desde o final de maio, quando o Banco Central interrompeu o ciclo\n de elevação que vinha desde abril de 2013, e a expectativa dos economistas das\n instituições financeiras é de que a taxa permaneça neste nível pelo menos até o\n final deste ano.\n \n De acordo\n com o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, o BC está\n dando uma parada para avaliar o cenário atual da economia. "Depois que faz\n um ciclo de alta, precisa parar e esperar, para ver os tais dos efeitos\n defasados, cumulativos do aumento de juros. Não vejo a perspectiva de que a inflação\n esteja fora de controle", declarou.\n \n Para o\n professor do MBA Finanças do Ibmec/DF, José Kobori, o BC deve manter os juros\n para ver o impacto das elevações já feitas. Segundo ele, a instituição demorou\n para começar a subir os juros no ano passado. "É como se fosse um tiro ao\n alvo, mas a um alvo móvel, como um disco. Se mirar exatamente onde está, não\n acerta. Tem de mirar prevendo qual vai ser a trajetória dele. O que o mercado\n está criticando é que o BC esperou a inflação pegar velocidade e atirou atrasado",\n disse.\n \n Meta de\n inflação e previsões\n \n Ao mesmo\n tempo em que vê os juros estáveis no restante deste ano, o mercado também eleva\n sua estimativa para inflação oficial, medida pelo IPCA, e, com isso, também\n cresce a chance de estouro do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro em\n 2014.\n \n Para 2014, 2015 e 2016, a meta central para o aumento dos\n preços é de 4,5%, mas o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja\n formalmente descumprida. Em 12 meses até junho, o IPCA somou 6,52%, e a\n previsão dos economistas dos bancos, captada em pesquisa com mais de 100\n instituições financeiras na semana passada, subiu para 6,48% para todo ano de\n 2014.\n \n Os bancos\n classificados como "top 5" pelo Banco Central, isto é, com maior\n índice de acerto em suas previsões para a inflação, já preveem um IPCA de 6,58%\n para este ano. O próprio BC admite que a chance de estouro do teto de 6,5% neste ano está próxima de 50%.\n \n Para José\n Francisco Lima Gonçalves, do banco Fator, o IPCA tende a ficar um pouco acima\n do teto de 6,5% do sistema de metas neste ano, ao mesmo tempo em que o Produto\n Interno Bruto (PIB) a soma de tudo o que é produzido no país registrará\n retração no segundo trimestre e terminará este ano com expansão menor do que\n 1%.\n \n Na\n avaliação de José Kobori, do Ibmec/DF, a inflação deve terminar este ano\n exatamente em 6,5%, ainda dentro do limite do sistema de metas, mas o PIB, com\n um crescimento próximo de 1% em 2014, deve ser novamente "um fiasco".\n "E isso tem custo político", acrescentou.\n \n A\n previsão para o crescimento do PIB teve nova queda nesta semana. Os economistas\n dos bancos já esperam que a economia\n cresça apenas 1,05% este ano.\n \n Expectativas\n do BC\n \n Questionado\n pelo G1 no fim de junho se restava ao BC somente "rezar" para\n a inflação ficar abaixo do teto de 6,5% neste ano, uma vez que já interrompeu o\n processo de alta dos juros básicos da economia, o diretor de Política Econômica\n da instituição, Carlos Hamilton, disse que "todas as evidências apontam\n que esse impulso monetário [alta de juros de 7,25% para 11% ao ano] continua se\n propagando normalmente na economia, como o esperado".\n \n O BC\n argumenta que parte do aumento dos juros ainda não teve feito na inflação, uma\n vez que as decisões sobre a taxa básica da economia demoram alguns meses para\n terem efeito pleno na inflação. "O aumento de taxa de juros primeiro\n alcança a atividade e depois alcança a inflação. Acreditamos que, ao final\n deste ano e ano que vem, esse aumento de taxa de juros vai continuar alcançando\n a inflação", acrescentou o diretor.\n \n Administrados\n pressionam e Copa não ajuda\n \n Para este\n ano, a expectativa é de uma pressão inflacionária maior dos chamados preços\n administrados, como telefonia, água, energia e combustíveis. A previsão tanto\n do Banco Central quanto do mercado financeiro é de que os preços administrados\n registrem uma alta de 5% em 2014, contra uma elevação de somente 1,5% no ano\n passado. Para 2015, o BC prevê uma expansão de 6% nos preços administrados,\n enquanto os economistas dos bancos estimam que o aumento será maior ainda: de\n 7%.\n \n Entre as\n medidas que contiveram o aumento dos administrados em 2013 estão a desoneração\n das tarifas de energia elétrica, anunciadas pelo governo federal, a ausência de\n um repasse mais forte das cotações internacionais do petróleo para os preços\n domésticos da gasolina, o que causou impacto no fluxo de caixa da Petrobras, além do não reajuste de tarifas de ônibus em\n algumas capitais, por conta das repetidas manifestações que aconteceram no país\n em junho do ano passado, entre outras.\n \n Ao mesmo\n tempo, a Copa do Mundo de 2014, que aumentou o turismo no Brasil e a procura\n por produtos e serviços de hotelaria, transportes, bares e restaurantes, também\n não ajuda o controle da inflação, pois gera impacto nos preços. Em junho de\n 2014, a inflação somou 0,4%, bem acima da média dos últimos 10 anos (0,23%) e\n também dos últimos 5 anos (0,17%). A expectativa dos economistas é de que, em\n julho, o IPCA fique novamente acima da média histórica.\n \n \n
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