Da assessoria/LD
ImprimirA UFGD estimula que seus professores (as) a participem de eventos, cursos, visitas técnicas e até de intercâmbios de mestrado ou doutorado no exterior. Isso porque os benefícios dessas atividades internacionais se estendem a toda comunidade acadêmica, especialmente para os estudantes dos cursos de graduação.
Afinal, os acadêmicos da UFGD recebem uma formação diferenciada quando estão em sala de aula com um professor que teve a oportunidade de conhecer outras culturas, diferentes formas de conhecimento e linhas de pensamento, e as novidades tecnológicas desenvolvidas por pesquisadores estrangeiros.
Entrevistamos alguns dos docentes que participaram de atividades internacionais no último bimestre, para exemplificar os benefícios do avanço da internacionalização da UFGD. Estudiosos de diferentes temas - como química industrial, produção de algodão, e direito internacional - ressaltam como a participação em ações internacionais tem impacto positivo na formação dos alunos da UFGD.
Tecnologia em produção de vidros
Em junho, os professores José Ezequiel Souza e Seila Rojas de Souza estiveram nos Estados Unidos para participar do evento International Congress on Glass 2019, e visitar a Universidade de Iowa onde ambos realizaram pesquisas de pós-doutorado em 2017 e 2018. Eles pesquisam materiais e metodologias avançadas na produção de vidros, buscando produzir lentes e outros instrumentos vítreos utilizados em laboratórios e fábricas de alta tecnologia.
No evento, Seila apresentou trabalhos desenvolvidos por alunos de doutorado e mestrado dos programas de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental e em Química. O professor José Ezequiel apresentou resultados da pesquisa desenvolvida no pós-doutorado de ambos. Este trabalho de ambos professores foi selecionado para uma edição especial na revista International Journal of Applied Glass Science e já está sob revisão dos referees.
A professora Seila ressalta que ao participar de um evento internacional, o pesquisador não está buscando um reconhecimento pessoal, mas está representando toda a equipe de pesquisadores envolvidos, como alunos de pós-graduação, estudantes da graduação e técnicos da universidade. "A participação em eventos científicos internacionais é uma oportunidade ímpar de divulgar o trabalho que estamos desenvolvendo na nossa instituição a renomados pesquisadores da área. Esse contato permite o estreitamento das colaborações, contribuindo enormemente com o avanço científico e tecnológico da pesquisa nacional. O fato de nossos trabalhos estarem entre os selecionados para apresentações no evento demonstra a qualidade e o potencial da pesquisa brasileira", afirma Seila.
As colaborações internacionais contribuem com o desenvolvimento de novas técnicas ou metodologias a partir da troca de conhecimentos entre os diferentes pesquisadores. “Hoje podemos contar com a colaboração de pesquisadores da Iowa State University (ISU) em trabalhos desenvolvidos na UFGD, além de podermos contribuir com as pesquisas desenvolvidas na ISU, devido ao estreitamento das relações de pesquisa após um estágio pós-doutoral que realizamos entre 2017 a 2018. Um ano de trabalho no exterior já nos rendeu um depósito de patente nos USA, bem como artigos científicos já publicados, além de outros que estão por vir. Esse é só o início de uma colaboração efetiva que estamos dispostos a manter e fortalecer para o desenvolvimento da pesquisa e formação nos âmbitos de graduação e pós-graduação da UFGD”, conta a docente.
Direito internacional
Também em junho deste ano, o professor Matheus de Carvalho Hernandez, da Faculdade de Direito e Relações Internacionais (FADIR) participou de evento, do tipo workshop reservado, sobre mudanças informais das normas do direito internacional, organizado pelo Instituto de Altos Estudos de Genebra (The Graduate Institute of Geneva). Ele apresentou um paper redigido em parceria com Adriana Abdenur, do Instituto Igarapé, a respeito de mudanças de normas no sistema interamericano de direitos humanos.
Apesar de já ter participado de diversos eventos em outros países e ter realizado estágio de pós-doutorado nos Estados Unidos, Matheus enfatiza que ainda é um jovem pesquisador com menos experiência em apresentação de pesquisas em nível internacional do que muitos outros pesquisadores da UFGD.
As oportunidades de participar de eventos internacionais trouxeram, para ele, vários benefícios como a fluência no inglês e aprimoramento da aptidão em expor suas ideias não só em português, mas em outras línguas. “A habilidade de oratória é algo que se espera de um professor, de um pesquisador, de uma pesquisadora. Mas, desenvolver isso em outra língua, que muitas vezes é o inglês, te torna mais capaz de disseminar o trabalho que é produzido na UFGD”, afirma o professor.
Matheus explica que o inglês é a língua franca da ciência atualmente, e que a Pró-reitoria de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPP/UFGD) oferece apoio financeiro para traduzir artigos em língua estrangeira. Após apresentar vários trabalhos em inglês, Matheus já não precisa mais apoio para tradução. Essa é outra vantagem de participar de eventos estrangeiros. “Ser fluente em outra língua facilita a publicação em periódicos internacionais. E o nível de publicação internacional é um fator de avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação, então é um esforço dos docentes e que tem impacto positivo para a instituição”, dia Matheus.
Participar de eventos internacionais oportuniza conhecer revistas científicas onde são publicadas as novidades e tendências na área, bem como é possível fazer contatos pessoais com editores desses periódicos. Estes são alguns passos importantes para começar desenvolver pesquisas e escrever artigos que podem ter destaque internacional.
“No caso de um pesquisador de Relações Internacionais como eu, além da interação com universidades e pesquisadores e pesquisadoras internacionais, esses eventos em outros países proporcionam interação com organismos internacionais. A ONU, por exemplo, realiza muitos eventos que ficam na ‘fronteira’ entre o institucional e o acadêmico. É a chance que o pesquisador tem de interagir com a alta burocracia da ONU, o que é vital na nossa área, para que se comece a produzir pesquisas e resultados do tipo ‘police oriented’. Essa expressão em inglês seria para designar pesquisas orientadas para resolução para problemas específicos, para mudar uma realidade, não apenas um artigo que reflete uma reflexão distanciada. E esse tipo de pesquisa ainda é pouco desenvolvida no Brasil”, relata Matheus.
Produção de algodão
No mês de julho, o professor Paulo Degrande foi convidado pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão a participar da "Missão Técnica Israel 2019". Na ocasião, teve a oportunidade de conhecer na integralidade o sistema de produção de algodão de Israel através de visitas técnicas, demonstrações práticas e palestras. Estas atividades ocorreram na semana de 21 a 26 de julho de 2019 nas seguintes instituições: The Hebrew University of Jerusalem, Kibbutz Nir Oz, TerraVerde Agriculture Ltd., Southern Region Grower Co-Op, Rivulis Irrigation Co., AYA Aviation Ag-Solutions, Hazera Seed Co., The Israel Cotton Production and Marketing Board (ICB), TAMA, NaanDanJain Co., Masmia Co-Op., e ARO- Agricultural Research Organization (Israel Ministry of Agriculture).
De acordo com o professor Paulo, todas estas atividades têm relação direta com atividades acadêmicas na temática relacionada a cultura do algodão, na qual atua desde 1985. “A Missão Técnica Israel 2019 foi composta por agentes do Governo do Brasil, produtores rurais, engenheiros agrônomos de assistência técnica, gestores de fazendas de algodão e pesquisadores ligados à Cotonicultura; o objetivo foi obter novos conhecimentos, aprendizado e incorporação de novas tecnologias no processo de produção, beneficiamento, armazenagem e comercialização de algodão do Brasil, já que Israel é um grande polo de desenvolvimento científico e tecnológico na atualidade, com elevado desenvolvimento social e econômico”, explica o professor Paulo.
Ele ressalta que os benefícios de atividades internacionais se estendem aos alunos da UFGD, que – por meio dos professores – podem tomar contato com tecnologias e conhecimentos que estão sendo difundidos no exterior. “Indubitavelmente, as instituições de Ensino Superior que colocam seus docentes para estudar mais tornam-os capazes de ensinar melhor. Num mundo onde estão acontecendo progressos como automação, inteligência artificial, blockchain, agricultura 4.0, cidades e casas inteligentes, veículos autônomos, Internet 5G (IOT), criptomoedas, acessibilidade, saúde digital, novos entretenimentos, impressão 3D, inteligência artificial, robótica, sustentabilidade, drones, dentre outros avanços, os docentes não podem ficar apenas com o conhecimento adquirido durante sua formação escolar ou baseado em discussões ultrapassadas e muitas vezes ideologizadas”, reflete o professor Paulo.
Pesquisa no combate a doenças
A professora Herintha Coeto Neitzke Abreu desenvolve várias pesquisas a respeito da doença leishmaniose. Ela explica que a leishmaniose é uma doença causada por protozoários, animais microscópicos, transmitida pela picada de uma espécie de inseto e ocasionalmente atinge o ser humano, podendo causar lesões na pele ou atingir órgãos internos como o fígado, baço e linfonodos. "O Estado de Mato Grosso do Sul é uma região com muitos casos de leishmaniose e necessita de mais estudos que justifique o alto número de casos. As leishmanioses são transmitidas por fêmeas de insetos chamados flebotomíneos porém, casos de transmissão via transfusão de sangue já foram relatados. Nos bancos de sangue no Brasil não há medidas de controle para as leishmanioses nas bolsas de sangue. Além de diversos estudos com os vetores (flebotomíneos), humanos e animais, eu desenvolvo pesquisas com Leishmania, por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR), também em doadores de sangue, no Hemocentro de Dourados-MS”, diz a professora.
Na última semana de julho, Herintha esteve em Galápagos, no Equador, para apresentar trabalho desenvolvido por seu grupo de pesquisa.”Na minha opinião, a participação de professores do ensino superior em eventos científicos é de extrema importância, a fim de adquirir novos conhecimentos e interação com demais profissionais de diferentes localidades e países. Ainda, vejo como uma oportunidade ímpar para a busca de novas parcerias em pesquisa visando oportunizar a interação internacional também de alunos de graduação e pós-graduação”, argumenta Herintha.