Sexta-Feira, 1 de Agosto de 2025
Esportes
20/07/2025 05:52:00
'Calote' de Estevão Petrallas afunda ainda mais o futebol de Mato Grosso do Sul
Ministério Público exige a suspensão de repasses públicos à Federação de Futebol. Com isso, o Operário, que neste sábado foi eliminado da Série D, fica sem patrocínio da Sanesul

CE/PCS

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Uma prestação de contas fajuta apresentada pelo presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Estevão Antônio Petrallas, ainda em 2016, está deixando o já combalido futebol local ainda mais debilitado. Isso por que o presidente da federação é considerado “caloteiro” e por conta disso a entidade não pode mais receber patrocínio público.

Até mesmo os repasses da Sanesul para ajudar a bancar a participação do Operário na Série D tiveram de ser suspensos. As informações constam de um Procedimento Preparatório publicado pelo Ministério Público na edição desta segunda-feira (21) do diário oficial da instituição.

Conforme esta investigação, aberta depois de uma denúncia do advogado Kleber Rogério Furtado Coelho, a ação judicial que condenou Petrallas a devolver R$ 117,7 mil aos cofres estaduais transitou em julgado (não cabe mais recurso). Porém, ele não pagou a dívida e por conta disso seu nome foi parar em uma espécie de lista suja.

E, conforme a legislação, organizações sociais que tenham entre seus diretores algum integrante da lista de caloteiros estão impedidas de receber repasses públicos. Por conta disso, o MPMS distribui documento em uma série de instituições orientando para que os repasses fossem suspensos e que possíveis novos convênios fossem barrados.

O mais significativo deles é uma parceria assinada no dia 18 de maio entre a Federação de Futebol e a Sanesul para o repasse de R$ 200 mil para ajudar nas despesas do Operário na Série D. Quem assinou, pela Federação de Futebol, foi Estevão Petrallas.

Neste sábado, o Operário venceu sua partida por 2 a 1 contra o Monte Azul, em São Paulo, mas mesmo assim está eliminado da competição. Resta somente uma partida e ele está quatro pontos atrás do quarto colocado.

CORTE

A Fundesporte já garantiu ao MP que suspendeu imediatamento os repasses que foram intermediados por Petrallas e se apressou em garantir que não tinha conhecimento de que o nome dele estava na lista dos inadimplentes.

Petrallas foi eleito presidente da Federação no dia 8 de abril, depois de ocupar o cargo como interventor, já que o até então “xerifão”, Francisco Cesário, fora destituído durante operação do Gaeco e da Polícia. Ele disputou com seis candidatos e foi eleito com 48 votos. A previsão é de que fique no cargo até 2027.

O convênio dos R$ 200 mil foi um dos primeiros que ele assinou, mas por estar na chamada “lista suja”, o Governo do Estado, que no último campeonato estadual liberou em torno de R$ 1,2 milhão, não poderá fazer nenhum repasse.

CARNÍVORO

A dívida é relativa a um repasse da Fundesporte de R$ 51,6 mil no começo de R$ 2016 para que o Operário participasse do Estadual de Futebol. O convênio foi assinado pela Liga de Futebol Profissional de Mato Grosso do Sul, presidida por Petrallas. Ele também já foi presidente do Operário.

Porém, quando ele foi prestar contas dos gastos, seus documentos não foram aceitos por conta de uma série de fraudes explícitas, conforme entenderam os técnicos à época.. Uma delas, segundo o Ministério Público, é que ele apresentou uma série de orçamentos suspeitos relativas a despesas com alimentos, hospedagem e confecção de uniformes.

Ocorre que em todos os orçamentos apresentados como se fossem de empresas ou fornecedores diferentes, estava escrito erroneamente a palavra MAÇO, sendo que o correto seria maRço. Esta coincidência indicou que os orçamentos eram forjados e por conta disso, recusados.

Mas, o mais grave, segundo o MP, é que ele gastou R$ 27,13 mil em diferentes tipos de carne. Comprou, conforme as notas apresentadas por Petrallas, 1,050 quilos. A quantidade, segundo ele alegou, teria sido consumida por 30 pessoas durante 23 dias. Isso equivale a 1,52 quilo por pessoa a cada dia. Isso, segundo o MP, é praticamente impossível. Seria com o se uma família com cinco pessoas consumisse 7,5 quilos de carne por dia.

O QUE DIZ PETRALLAS

Em sua defesa, Petrallas alegou ao MP que no dia 6 de junho fez um acordo judicial assumindo e parcelando a dívida. Informou, ainda, que já quitou a primeira parcela, de R$ 12,8 mil. Além disso, informou que está disposto a firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a pagar as parcelas em em dia e assim retomar os repasses de dinheiro público ao futebol de Mato Grosso do Sul.

Dinheiro para isso possivelmente ele tenha, pois, segundo reportagem da Revista Piauí publicada em abril, a Confederação Brasileira de Futebol (SBF) paga em torno de R$ 215 mil mensais a cada um dos presidentes estaduais de federação. Ou seja, a dívida corresponte a pouco mais da metada do vencimento mensal do novo "dono da bola" de MS.

A promotoria, contudo, entende que o simples parcelamento da dívida e a quitação da primeira parcela não dá à Federação de Futebol o direito legal de voltar a receber patrocínio público e por conta disso está preparando os termos de um acordo para colocar fim à pendência.

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