Correio do Estado/LD
ImprimirO técnico Dunga evitou confirmar a escalação do time titular que enfrenta a França nesta quinta-feira (26), em Paris, no Stade de France.
"O colete é uma mera distribuição de posições. Não tem nada confirmado ainda", afirmou sobre a sinalização em um treino de que Roberto Firmino, do Hoffenheim, da Alemanha, deve começar o jogo no ataque ao lado de Neymar.
Nem mesmo o goleiro foi confirmado pelo treinador --a dúvida continua entre Jefferson e Diego Alves.
Dunga deu uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (25), antes do último treino, fechado à imprensa.
O treinador disse já ter uma boa base para a Copa América, no Chile, entre junho e julho. Os amistosos contra a França em Paris e o Chile no domingo (29), em Londres, devem tirar as últimas dúvidas sobre o grupo que vai à competição.
"Todos os jogos são fundamentais. Temos uma base até para dar sustentação para outros jogadores que vêm sendo convocados. Precisamos criar opções", afirmou.
"Se tivermos uma base, podemos inserir um ou dois para se sentir mais seguro. Queremos uma equipe moderna, que seja compacta e que tenha agressividade, mas sem perder a essência do futebol brasileiro", disse o treinador.
"É nossa responsabilidade observar jogos, eu falo para os jogadores não se preocupar com assessor para botar notinha no jornal. Quem está dentro não deve se sentir seguro, quem está fora não pode se sentir fora, depende de uma série de fatores", ressaltou.
Um jornalista francês questionou o treinador sobre o comportamento emotivo de Thiago Silva, que retorna pela primeira vez como titular da seleção desde a Copa do Mundo do ano passado.
"Todos nós somos emotivos, principalmente nós, latinos. O importante é encontrar o equilíbrio, tanto para o bem como para o mal, nos momentos de maior pressão", respondeu Dunga.
Ele também destacou a satisfação com o desempenho do lateral Danilo, do Porto, que começa o amistoso contra a França como titular. "O treinador gosta de quem resolve seu problema. O Danilo foi bem nas primeiras convocações", disse.
A Copa de 98
O treinador retorna nesta quinta ao palco da final da Copa de 98, quando a seleção brasileira, da qual era capitão, perdeu para a França por 3 a 0. "Quando se perde, a gente fala dos erros, mas também tem que enaltecer com quem se jogou, e a França era uma grande seleção naquela final", disse.
Para ele, o trauma da eliminação da Copa de 90, na Itália, é maior do que a derrota na França.
"A Copa do Mundo de 90 doeu mais porque toda responsabilidade foi colocada no meu nome, direto, até hoje colocam. Ganhar eu quero, mas ser campeão do mundo é muito complicado, é muito difícil, é para poucos, tanto é verdade que a França tem tantos talentos e só foi uma vez campeã do mundo", afirmou.
Capitães
O dia 12 de julho de 1998 reserva um capítulo especial na carreira dos treinadores Dunga e Didier Deschamps. Naquela tarde, no Stade de France, os dois estavam em lados opostos, com a braçadeira de capitão, em um duelo do qual sairia ou um pentacampeão ou um campeão mundial, em título inédito para a França.
Um dos dois levantaria a taça. Deschamps levou a melhor e repetiu o gesto que Dunga fizera quatro anos antes, ao erguer a taça de tetracampeão do mundo, em 1994, nos Estados Unidos.
Passados 17 anos, eles voltam a se enfrentar, agora à margem do gramado, como os comandantes das suas seleções. Nesta quarta-feira, depois do treino do Brasil e antes do dos franceses, Dunga e Deschamps se encontraram para um rápido bate-papo em que o respeito mútuo era evidente.
- O Deschamps era um jogador determinado, vencedor, e por isso ajudou, e muito, a França a ganhar o título naquele dia. E conseguiu ser um técnico com o mesmo estilo de montar um time que busca a vitória. Merece todo o meu respeito.
Da parte do francês, o sentimento certamente é idêntico. O encontro desta quarta foi uma prévia do duelo de amanhã.