Folha Press/LD
ImprimirA Fifa anunciou nesta sexta-feira (26) a decisão de banir do futebol a participação de fundos de investimentos na compra de jogadores.
Ou seja, só clubes poderão ser donos dos direitos econômicos dos atletas.
O anúncio foi feito pelo presidente Joseph Blatter em entrevista coletiva em Zurique, após reunião do comitê executivo da entidade.
"O comitê decidiu que a terceira parte [fundos de investimento] deve ser banida e haverá um grupo de trabalho para uma transição. Um prazo será dado para isso", afirmou Blatter, sem dar, por enquanto, mais detalhes.
A medida atende a uma pressão da Uefa, sobretudo dos clubes ingleses, para acabar com a participação de fundos de investimento na transação de atletas.
A mudança deve ter um impacto nos clubes brasileiros que contam com jogadores ligados a fundos de investimentos, como o DIS, que ajudou o São Paulo a tirar Ganso do Santos, e a Traffic, que já teve o Palmeiras como parceiro.
O São Paulo, por exemplo, tem só 32% dos direitos de Ganso. Ou seja, em caso de uma transferência de R$ 10 milhões para o exterior, o clube ficaria com R$ 3,2 milhões, e o DIS, com o restante do valor.
Defensor dessa regulamentação, o presidente da Uefa, Michel Platini, tem sido pressionado pelos clubes da Premier League (liga inglesa), que protestam contra os pagamentos fatiados a grupos de investimentos donos de passe de atletas.
Como o uso de investidores terceiros (que não sejam donos de clubes) é proibido na Inglaterra, os gigantes da Premier League precisam adquirir a íntegra dos jogadores quando o compram de outros mercados e têm de fatiar o pagamento entre vendedores.
Além de Espanha e Portugal, países do leste europeu e da América do Sul são os que mais utilizam recursos desses grupos de investimento para negociar jogadores. O dinheiro colocado no passe dos atletas já estaria em torno de 1 bilhão de euros (R$ 3 bilhões).
Segundo a mídia britânica, o português Jorge Mendes, apontado como o agente mais poderoso na Europa, estaria usando empresas em paraíso fiscal para comprar jogadores de Espanha e Portugal, entres eles o argentino Dí Maria, que trocou o Real Madrid pelo Manchester United nesta temporada, e o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa, recém-transferido do Atlético de Madri para o Chelsea.
A questão é que dirigentes da Conmebol argumentam que a estrutura econômica de clubes sul-americano é muito inferior à dos ingleses, alguns deles, como Manchester City e Chelsea, com um único e bilionário dono.
Ou seja, grupos de investimentos seriam fundamentais para manter jogadores no Brasil ou em qualquer outro país neste contexto, alegam.