Globo Esporte/LD
ImprimirA campanha com apenas uma medalha conquistada no Mundial de Baku, encerrado nesta quinta-feira com as competições por equipes mistas, ligou o alerta para o complemento do ciclo olímpico rumo aos Jogos de Tóquio, em 2020. É essa a opinião de ex-judocas com medalhas olímpicas, mundiais e em outros torneios internacionais relevantes.
Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, Flávio Canto classificou a campanha brasileira no Azerbaijão como "ruim" e abaixo do que tradicionalmente o judô nacional obtém nos torneios.
- É um resultado ruim. Tivemos também alguns quintos lugares, mas é um resultado bem aquém do que o judô brasileiro tem representado nos últimos tempos - afirmou Canto.
A única medalha do país no Mundial foi o bronze obtido por Érika Miranda na categoria meio-leve (até 52kg). Favoritos a pódio como Mayra Aguiar, David Moura, Rafael Silva e Rafaela Silva tiveram eliminações precoces e ficaram distantes da briga por medalhas. A participação em Baku foi a menos prolífica desde o Mundial de 2009, em Roterdã, quando o país não teve medalhas. No Mundial de 2017, em Budapeste, por exemplo, o país havia ganhado cinco láureas.
- É um alarme relativo que a gente vive, mas é um alarme. Não pode se acostumar com esse número. No Mundial do ano que vem precisamos de três a quatro medalhas e voltar a esse grupo onde a gente tradicionalmente acabou se mantendo - complementou.
Outro dado apontado pelo ex-judoca da seleção é o crescimento do Japão, país que sediará os Jogos de 2020 e principal potência da modalidade. Os japoneses ganharam 16 medalhas em Baku, quatro a mais em relação ao Mundial passado.
- É para abrir o olho com o Japão, com a Olimpíada lá, tem investido pesado e dispensado muita energia para ficar ainda mais hegemônico - concluiu.
A ex-judoca Daniela Polzin endossou o coro de alerta e disse que uma "luz vermelha" foi acesa. Para ela, porém, houve o surgimento de bons nomes da nova safra, como Daniel Cargnin, que ficou em quinto lugar no peso meio-leve (até 66kg).
- Foi um dos piores Mundiais para o Brasil desde 2009. Mas, de maneira geral, analisando luta a luta, há alguns pontos de atenção que acendem a luz vermelha, só que não existe uma disparidade tão grande entre brasileiros e o resto do mundo. Muitas lutas foram decididas no detalhe - disse Polzin, que comentou o Mundial para o SporTV.
Medalhista mundial e também comentarista do SporTV, Sebastian Pereira afirmou que a expectativa era de um desempenho melhor e que a participação em Baku firmou uma série de preocupações já existentes em relação às condições da seleção. Entretanto, ele também ressaltou que existe uma renovação em curso, sobretudo no masculino, que podem render frutos até os Jogos de Tóquio.
- Na minha visão, os resultados acendem um luz amarela. Mas também há coisas boas, com vários atletas jovens que tiveram oportunidade de competir em alto nível e têm grande potencial de desenvolvimento. De maneira geral, é possível ver que os atletas brasileiros ainda estão no bolo. O resultado foi ruim, mas não desesperador - comentou.
Veja as campanhas do judô brasileiro em Mundiais desde 2009
Mundial de Roterdã - 2009
Nenhuma medalha
Mundial de Tóquio - 2010
Mayra Aguiar (até 78kg/prata)
Leandro Guilheiro (até 81kg/prata)
Leandro Cunha (até 66kg/prata)
Sarah Menezes (até 48kg/bronze)
Mundial de Paris - 2011
Leandro Cunha (até 66kg/prata)
Rafaela Silva (até 57kg/prata)
Sarah Menezes (até 48kg/bronze)
Leandro Guilheiro (até 81kg/bronze)
Mayra Aguiar (até 78kg/bronze)
Mundial do Rio - 2013
Rafaela Silva (até 57kg/ouro)
Érika Miranda (até 52kg/prata)
Maria Suelen Altheman (acima de 78kg/prata)
Rafael Silva (acima de 100kg/prata)
Sarah Menezes (até 48kg/bronze)
Mayra Aguiar (até 78kg/bronze)
Mundial de Chelyabinsk - 2014
Mayra Aguiar (até 78kg/ouro)
Maria Suelen Altheman (acima de 78kg/prata)
Erika Miranda (até 52kg/bronze)
Rafael Silva (acima de 100kg/bronze)
Mundial de Astana - 2015
Érika Miranda (até 52kg/bronze)
Victor Penalber (até 81kg/bronze)
Mundial de Budapeste - 2017
Érika Miranda (até 52kg/bronze)
Mayra Aguiar (até 78kg/ouro)
David Moura (acima de 100kg/prata)
Rafael Silva (acima de 100kg/bronze)
Equipe mista (prata)