Globo Esporte/LD
ImprimirPottker manteve a serenidade durante toda a novela envolvendo ele, Ponte Preta e Corinthians. Parecia inabalável. Até essa sexta-feira, quando abriu o coração em entrevista coletiva no Majestoso. Depois de passar por um turbilhão de emoções nos últimos dias, sem saber onde jogaria depois do Campeonato Paulista, ele chorou ao falar da família, sua principal razão para manter o foco e valorizar cada momento da carreira.
- Eu dependo muito disso, não vou dizer que mais que os outros, mas sei do que eu preciso. É... (pausa) Eu sou a salvação da minha família. Então não tem porque eu deixar de correr, trabalhar. Minha família depende de mim... Eu vejo vocês falando da minha determinação... Não era para eu estar chorando, os caras vão me zoar depois (risos). Mas eu vejo vocês falando da minha determinação... (longa pausa) Me emociona. Minha família depende muito de mim. Eu jamais vou deixar de correr. Pode faltar parte técnica, como já faltou, pode faltar qualquer outra coisa, mas espírito de luta, vontade de querer fazer o melhor, isso nunca (vai faltar) - disse, sem segurar as lágrimas em diversos trechos da resposta, arrancando aplausos dos jornalistas presentes.
Quase todas as declarações de Pottker falavam sobre a importância do futebol para a vida dele. Primogênito de oito irmãos, ele carrega a responsabilidade de sustentar a família. Foi por isso que saiu de casa aos 11 anos de idade. Hoje, aos 23, já conseguiu destaque, vive o auge da carreira, mas sem esquecer o motivo pela qual começou. Cada menção do atacante aos familiares explica o comprometimento que ele encara a profissão.
- Nada vai me atrapalhar. Como vai atrapalhar um cara que precisa ajudar sete irmãos? Já passei por coisas piores, mas jamais tirei o foco do futebol. É a única coisa que eu sei fazer. Se me passar uma conta, não sei fazer. Saí de casa com 11 anos, querendo ajudar minha família. Hoje estou representando um grande clube, que é a Ponte, e minha mãe fica de barriga para cima, assistindo televisão. Então sei que tenho de continuar fazendo meu trabalho da melhor maneira possível.
Pottker estava acertado com o Corinthians para depois do estadual até a última quarta-feira, quando a Ponte resolveu escalá-lo na Copa do Brasil, causando a desistência corintiana. A entrevista coletiva desta sexta serviu também para o jogador colocar um ponto final no caso. E também fez crescer ainda mais o respeito e a admiração dos pontepretanos por ele.
Veja outros trechos da entrevista coletiva de Pottker:
Relacionamento com a torcida
- Eu mexo com paixão e tenho de saber lidar com isso da melhor maneira possível. Tenho o carinho deles. Então, quando falaram que eu ia embora, eles sentiram também, assim como muita gente sentiu. É respeitar o que eles sentem e procurar honrar dentro de campo. É o mínimo que eu posso fazer.
Sobre o futuro
- Hoje dei um ponto final nesse assunto. Claro que vão aparecer outras coisas. Quero deixar bem claro que, se um dia eu vier a sair, vai ser para o bem de ambas as partes. Que o torcedor não fique chateado. Se o Pottker mostrar bom resultado, vão vir coisas boas também para o escudo da Ponte, que é o mais importante. Vou dar sempre o meu melhor, pois dependo disso.
Interesse do Internacional
- Temo que vire uma nova novela, falando em termos de imprensa. Para mim não chegou nada. Só sei que cheguei no clube hoje e falaram do Internacional. Particularmente eu não sabia. Se vier outro clube, que venha e defina o mais rápido possível. É ruim para a Ponte, para o torcedor, para mim, para a imprensa ficar nesse impasse. Se vier alguém com interesse no Pottker, que venha para resolver de uma vez por todas. Isso é muito chato.
Determinação
- Não tenho porque o Pottker tirar o pé. Dependo disso, muitas pessoas precisam disso. Seria uma sacanagem muito grande comigo, com a minha família, com a Ponte, com o torcedor. Então o Pottker é isso aí. Não querendo aparecer, mas Pottker é vontade de fazer o melhor.