Globo Esporte/AB
ImprimirA possível naturalização do argentino Lucas Pratto agitou os bastidores do Atlético-MG e do futebol brasileiro nesta semana. A possibilidade de ajudar a Amarelinha ainda nas Eliminatórias para a Copa do Mundo 2018 foi levantada, mas isso não é possível.
De acordo com o regulamento da Fifa, mesmo conseguindo a cidadania brasileira, o atacante não poderia defender a seleção brasileira antes de 2020, quando completaria cinco anos no futebol brasileiro. Isso porque não tem pai ou mãe biológicos brasileiros, avós nascidos no Brasil, e nem jogou continuamente por pelo menos cinco anos no país.
No entanto, o processo de naturalização para se tornar brasileiro, que já está sendo encaminhado pelo empresário e advogado do argentino, pode ser iniciado já a partir do ano que vem. A legislação brasileira prevê um prazo mínimo de quatro anos de residência no país antes da obtenção da cidadania, mas de acordo com o artigo 113, da lei 6815, de 1980, este período pode ser reduzido, limitando a apenas um ano a permanência no Brasil. Como Pratto chegou ao Atlético-MG em janeiro de 2015, completaria este prazo inicial.
No entanto, essa naturalização com menos de quatro anos no Brasil não é algo fácil e bem raro de acontecer.
- Essa questão tem requisitos que valem para todas as pessoas. Tem uma lei sobre o assunto e alguns requisitos. Um deles é morar no Brasil há algum tempo, quatro anos, mas é possível reduzir para até um ano. Essa análise é feita pelo Ministério da Justiça, e tem que comprovar bom procedimento ou relevantes serviços à pátria. Ficaria subjetivo à decisão do Ministério da Justiça. Menos de um ano é impossível. Após um ano, é algo bem raro - explica o advogado Carlos Eduardo Ambiel, especializado em direito desportivo.
Lucas Pratto tem interesse em conseguir a naturalização para facilitar a sua vida no Brasil, mas não desconsidera a hipótese de defender a seleção brasileira, pois vê o espaço fechado na Argentina enquanto estiver jogando no Brasil.
- Vou ser sempre argentino. Obviamente, quando você ouve que é querido e tem a possibilidade de jogar na Seleção, aí você começa a pensar. Foram só comentários. Mas, para facilitar as minhas coisas aqui dentro, o advogado começou a pensar em naturalização. É mais para minha vida pessoal, nem tanto para meu futuro na Seleção. A minha família pode conseguir um passaporte. A gente sempre quer jogar na nossa seleção, mas é muito difícil o técnico da Argentina olhar para o Brasil. Agora, é muito cedo, e eu só penso no Atlético - esclareceu Lucas Pratto.
Nem mesmo a dupla cidadania colocaria Lucas Pratto apto para defender a seleção brasileira. Procurado pelo GloboEsporte.com, o advogado Marcos Motta, que atua na área esportiva, frisou que a legislação da Fifa impede que o argentino defenda o Brasil antes de completar cinco anos no futebol brasileiro. Não existe uma brecha ou possibilidade de pedido por parte da CBF para autorizar o argentino a jogar pelo Brasil.
Segundo Marcos Motta, a legislação da Fifa foi modificada no início da última década para evitar que algumas seleções fossem montadas com jogadores de outra nacionalidades.
- Essa regra da Fifa vem do início de 2002, porque alguns países do Oriente Médio começaram a dar nacionalidade para superastros, para formar grandes seleções nacionais - esclareceu Marcos Motta.
Enquanto não se define a situação, Lucas Pratto aproveita o bom momento. Artilheiro do Atlético-MG no Campeonato Brasileiro, o argentino lançou uma academia na última quinta-feira e está com a delegação no Recife, onde o Galo encara o Sport no domingo, às 18h30 (de Brasília).